agosto 10, 2012

[Fuxico] Romances adultos “para mulheres”, a nova tendência da literatura?

Quando
jovens aprendemos que para fins didáticos a história do mundo foi dividida em
eras:
Pré-História, Idade Antiga, Idade
Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea
, e que a passagem de uma “era”
para a outra foi sempre marcada por um
acontecimento
que modificou a organização social da época. Sendo assim, não seria presunção
minha concluir que a evolução histórica de nossa sociedade está diretamente
ligada a sua capacidade de transformação, ou seja, a sua aptidão em se moldar
as necessidades e anseios da população. Um bom exemplo de tal alteração social é
a
revolução feminina. Em meados do século XIX as mulheres
passaram a almejar sua independência financeira e ansiar pela igualdade social
de forma que para isso lutaram contra o machismo e o preconceito, elementos tão
comuns na época, e como resultado hoje nós temos uma sociedade
parcialmente igualitária, em que a
discriminação por gênero é
quase coisa
do passado.
O ponto que quero alcançar
é: as pessoas mudam, o mundo muda, então porque
isso seria diferente na literatura? 

É obvio
que a literatura muda conforme as preferências e gostos de seus leitores, o
mercado editorial se adéqua ao estilo literário do momento, investindo em obras
que sigam o embalo do sucesso atual, saturando o mercado com livros que possam
se adequar ao estilo “
queridinho da
temporada
”. Quer exemplos? Se
pararmos para refletir, em qual momento a literatura brasileira se difundiu e
consolidou entre o público jovem? Não existem dúvidas de que o primeiro grande “
boom” literário ocorreu com a saga Crepúsculo da autora Stephenie Meyer, que
como uma exímia precursora do gênero sobrenatural jovem abriu espaço para uma
onda literária vampiresca sem tamanhos.
O
sobrenatural caiu no gosto dos leitores jovens e então, além dos vampiros,
novos seres passaram a povoar as páginas dos lançamentos literários:
Anjos, Fadas, Bruxas, Lobos, Fantasmas, Zumbis.
Hoje alguns afirmam que o mercado literário sobrenatural está saturado,
entretanto vire e mexe vemos por aí lançamentos dessa classe literária, e a meu
ver, vamos continuar vendo, afinal a grande questão é que este gênero pode já
não estar mais em alta nas livrarias ou no topo da lista de vendas, mas sua
fase de sucesso criou seguidores assíduos que esperam sempre por novidades
literárias desse estilo.





Após a
fase sobrenatural surgiram outros estilos literários que caíram no gosto dos
jovens leitores, como por exemplo, os livros contemporâneos que falam sobre
Bullying, tema complexo e extremamente
presente em nosso dia a dia e por esse motivo, real o suficiente para agradar
seu publico alvo.

E como
não falar dos livros
distopicos, os
grandes queridinhos do momento?
  Jogos Vorazes, o grande antecessor do
gênero, envolveu, emocionou e cativou o mundo todo com sua forte crítica
social, um tema inteligente, distante ao mesmo tempo substancial. Não demorou
muito para leitores de todo o mundo ficarem loucos por esse tema literário, e
por isso, as editoras iniciaram uma verdadeira
“caça” por possíveis sucessos do gênero. Resultado? Inúmeras obras
distópicas abarrotando as prateleiras de nossas livrarias preferidas.



Sendo assim, não posso deixar de comparar a Suzanne Collins com a 
Stephenie Meyer ambas autoras modificaram o cenário literário do mundo, da mesma forma como a E L James vem fazendo. Perceberam o ponto central dessa matéria? Assim como os marcos históricos que definiram a modificação das eras sociais, vemos diante de nós autoras que foram pioneiras em transformar o gosto literário de inúmeros leitores e que por esse motivo, abriram as portas para outros autores embarcarem nesse gosto literário e principalmente, fizeram as editoras procurarem novas obras para os seus catálogos de lançamentos.

A
questão é, E L James, com seus livros polêmicos, será capaz de inserir o romance
adulto erótico no marco dos gêneros literários queridinhos de leitores de todo
o mundo
? Pode ser que os leitores se cansem logo do gênero, mas é fato
que a corrida editorial voltada para esse estilo literário já começou. No
Brasil eram raras as editoras que buscavam livros mais adultos, que focam no
sexo ou que não se policiam quando esse é o assunto principal da trama, aqui
abro espaço para citar os romances de banca ou até mesmo, os romances
históricos adultos que se enquadram nesse gênero literário, mas que nunca
alcançaram um grande respaldo entre a massa da literatura, contudo, depois de “50 tons de Cinza” não se fala de outro
gênero literário, as editoras estão procurando lançamentos nesse estilo e os
leitores buscam saciar sua curiosidade a respeito de tantos comentários que
surgiram sobre as obras de E L James.
As
polêmicas sobre tal classe literária são inúmeras, o preconceito gigante, mas o
fato é que essa é a grande aposta do
momento
. Eu acredito que o gênero vai fazer muito sucesso por aí,
independente da forma como os machistas de plantão vão rotulá-lo ou do título
de pornô que muitas obras desse estilo vão receber. Sabe por que eu aposto na
classe? Porque já existe um publico formado que gosta desse estilo de leitura,
existem inúmeros romances sobrenaturais, contemporâneos e históricos publicados
por aí que abrangem essa classe literária, agora a massa está a par desse
gênero e o jogo do sucesso depende da aceitação desses leitores, mas o fato é
que assim como os romances juvenis sobrenaturais, sempre teremos leitores que
gostam desse gênero, independente do sucesso mundial que ele virá ou não, a
fazer.  



  
Quem sai ganhando com essa massificação do
romance adulto?
Quem já gostava do gênero e que agora vê uma
explosão de romances desse estilo sendo publicados por aqui. E o que esperamos? Que com o tempo o
preconceito direcionado a esse tipo de literatura acabe, e que assim como os
romances de banca que são por muitos chamados de “romance de mulherzinha” e que de “mulherzinha não tem nada”, os
romances adultos eróticos ou sensuais deixem de ser sinônimo de literatura
pornô ou de narrativas sobre as tendências submissas
e sexuais femininas
, para sem rótulos, serem apenas mais uma classe
literária.

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13 Comentários

  • Laysa Freitas
    29 janeiro, 2015

    Ameeeeeei
    Sua análise esta incrível e me ajudara muuuito
    valeeeu

  • Fátima Menezes
    01 setembro, 2012

    Muito bom! Tinha pensado em fazer um post sobre isso, mas, depois de um texto tão claro e exemplificado como o seu, creio que meu objetivo já foi mais que alcançado. Parabenizo-a pela análise e objetividade na exposição do tema. Um post breve, porém rico em conteúdo. Creio que ganhou uma leitora, rs.

    Beijos!

  • patty p. (@pacupe)
    13 agosto, 2012

    Adorei seu post!!! Muito!!!

  • Linda Ferreira
    12 agosto, 2012

    Querida,como uma fã,o nome dela é Stephanie Meyer! não sophie .

    • Paola Aleksandra
      13 agosto, 2012

      Olá, muito obrigada por avisar, mesmo depois de revisar o post não percebi que havia digitado o nome dela de forma errada, já corrigi para "Stephenie Meyer". Abraços

  • Camila Fernandes
    12 agosto, 2012

    Adorei o post Pah!
    Concordo com você em tudo. Esses dias estava vendo o lançamento de Cinquenta Tons de Cinza e fiquei pensando, esse gênero é o novo BUM do momento. Assim que esse livro foi lançado outros livros desse gênero começaram a dar as caras. E isso é bom para nós. Saímos da mesmice e conhecemos outras formas de literatura.
    Beijinhos!

    Camila.
    loucuradelivros.blogspot.com.br

  • Francielle
    11 agosto, 2012

    São estilos diferentes, e há quem goste e quem não goste.
    Eu li os 2 primeiros capítulos de "50 tons de cinza", então não cheguei a sentir o livro realmente, mas "Beautiful Disaster" é um dos meus livros favoritos. Eu AMO AMO AMO esse livro *-*
    Acho que ainda existe muito preconceito com romances de banca, romance adulto. Pensam que quem lê esse tipo de livros é promíscuo, baixo, depravado e várias outras coisas que já ouvi e lí em críticas. Se você não gosta, não leia. Mas respeite quem lê.

    Adorei o texto!
    Beijos :**
    Francielle
    http://theserialreader.blogspot.com.br/

  • Izabela Cristina
    11 agosto, 2012

    Gosto muito dos romances de banca. Depois dos meus queridos clássicos, foi o gênero que mais gostei de ler. É uma pena mesmo que muita gente ainda tenha preconceito sobre ele, e não se arriscam na história que trazem, que tem sim teor sensual, mas que talvez por isso mesmo traduzam de uma forma mais sensível e próxima do real, dos sentimentos e dos conflitos das suas personagens. Muito bom o texto.

    Beijos, Izabela 🙂

    Caderno de Resenhas

  • Aline T.K.M.
    11 agosto, 2012

    Apesar de não gostar dos livros da saga Crepúsculo, é fato que a saga foi a responsável por um boom na literatura juvenil. Acho que, independentemente da temática utilizada (sobrenatural, distópica,…), o que acaba dando muito certo entre o público juvenil é o fato de que estes livros tratam sobre o universo jovem – e todos os seus temores, seus conflitos, suas alegrias – falando diretamente com eles. Os temas e os personagens contribuem de forma excelente, seus aspectos, figura e caráter espelham todas as questões do jovem.
    Também penso que o romance adulto encontrará muito êxito por causa desse público já existente. Os elementos do romance adulto, que muitas vezes já aparecem nos livros jovens mas de um jeito bem mais ameno, têm tudo para agradar tanto aos jovens quanto aos mais adultos.
    Adorei o post!

    bjs
    escrevendoloucamente.blogspot.com

  • Mônica
    10 agosto, 2012

    Oi Pah, adorei o post, seu texto está muito bom e o tema maravilhoso.
    A literatura é viva, assim como a língua e a vida. e nós mulheres, além de vivas, estamos nos debatendo, kkk
    A Literatura é uma arte de entretenimento que existe desde que o homem inventou a escrita. Antes disso, essas mesmas histórias eram contadas de boca em boca. Quando se estuda a Literatura Clássica, aquela dos tempos da Grécia e de Roma, percebe-se claramente que tudo já havia sido dito, bem antes de ser escrito. E não existia essa de literatura pornô. A Literatura é a imitação da vida, e o sexo é uma manifestação da vida, pela vida. Quer dizer super normal. Depois que estava todo mundo pervertido, kkk surgiu as igrejas, essas que estudamos nas escolas e nos deparamos na vida. Pois ai a hipocrisia tomou conta de tudo!
    A literatura tentou ir driblando tudo isso, você já leu os poemas eróticos de Shakespeare? e de Camões? Existiram muitos poetas eróticos e muitos romances também . Estou me referindo ao mundo acidental, pois no lado oriental não é bem assim, os chineses, japonês, indianos … bem conhecem esse tema. Bem, quando chegou o Romantismo, a dominação da hipocrisia foi total, o idealismo, a religiosidade e mais um monte de obstáculos foram imposto nesse período , e foi denominado de literatura de mulhersinha!
    Só mulher poderia ler aquelas baboseiras todas, kkk . Lembra do Flaubert com Madame Bovary? Você conhece os bastidores desse livro. Ele fez esse livro para ferir os românticos e foi penalizado por isso. Ele colocou Emma como uma viciada em literatura romântica e acabou traindo o marido, influenciada pelos livros que lia. O livro é lindo e a história por trás dele também. No Realismo, bem tentaram acabar com esse mesquinhez de sentimentos, mas não conseguiram e até hoje, os ocidentais continuam com essa mesma proposta. Acredito até que a responsabilidade das religiões envolvidas ainda continuam batendo na mesma tecla. Mas eu não consigo entender, porque aqui no Brasil ainda continuamos com essa omissão. Depois de tudo que já conquistamos, a liberdade sexual é algo que já conquistamos estão ai os GLBT com a bandeira da vitória encravada no meio da sociedade. Se pensam nos menores de idade, não vejo sentido, pois a internet está ai para todos, um mundo aberto a quem quiser.
    Viva a liberdade!
    Bem, já chega, kkkk
    Beijos

  • Aione Simoes
    10 agosto, 2012

    Pah, amei seu post, parabéns!
    Adorei esse paralelo histórico que você fez e as suas reflexões!
    Espero também que esse boom diminua o preconceito com esse gênero literários, apesar de achar difícil que ele se extingua. Há preconceito até hoje com Twillight…

    Beijão!

  • Paty
    10 agosto, 2012

    Eu sou fã desse tipo de romance há muito tempo. Sinceramente não entendo porque 50 tons de cinza se tornou esse fênomeno que é, acredito que seja porque inicialmente foi postado como uma fanfic na internet (e hoje em dia internet é a melhor e mais rápida maneira de divulgação) e por ter sido inspirado em Twilight (queridinho do momento) 50 tons se tornou esse 'boom' literário. Eu li o livro, confesso que esperava mais, porém é um livro ok digamos assim. Acho meio idiota esse rótulo de 'porn mom' que 50 tons leva como se fosse super pornô (coisa que não é. Acho que é um romance sensual e não pornô) e como se fosse o primeiro do gênero. Bom eu sou leitora de romance de banca então pra mim cenas picantes em livros são normais. Como falei no inicio sou super fã desse tipo de literatura e espero que com toda essa polêmica e sucesso de 50 tons de cinza o mercado se abra para mais livros desse gênero e que como você mesma disse o gênero se estabeleça nos proporcionando assim uma variedade de livros com esse tema e que o preconceito fique no passado.
    Bjos.

  • Vitória Rodrigues
    10 agosto, 2012

    Parando para pensar, o post está totalmente certo. E sobre o que "50 Tons de Cinza" vem causando, é algo tão enorme, tão diferenciado, que vou falar, que até mesmo meu gosto – eu lia livros desse gênero antes, mas poucos – foi se expandindo um pouco, a curiosidade aumentando. E as editoras que procuram, não estão erradas, elas estão fazendo o trabalho delas, tentando lucrar e agradar os leitores com as novas ondas.
    Adorei realmente o post, me fez pensar muito.
    Beijos,
    Shake Your World