fevereiro 25, 2013

[Resenha] A Batalha do Apocalipse – Eduardo Spohr

Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final. Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo. Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.

Editora: Verus l 586 Páginas l Alta Fantasia l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 4/5

 

Para começo de conversa, tive boas e más impressões desse livro. Meu principal ponto de conflito envolve, sobretudo, o cerne literário abordado. O livro acontece enquanto Deus está supostamente adormecido e os arcanjos controlam o universo. Então, eis o meu conflito: não gosto de livros que usem Deus como um ser fraco ou secundário. Se for falar do Criador, então usem com respeito. Mas irei me aprofundar mais nessa questão.

“Como ousa nivelar-se acima de minha ciência? Você nasceu com a humanidade, e em que se resume a breve existência da espécie mortal? Quinze mil? Vinte mil anos? A historia dos Homens nada mais é do que um piscar de olhos se comparada á vivência do universo, á vivência dos arcanjos, à minha vivência. Fomos criados com a luz divina, na aurora dos tempos, mas vocês… o que são? Pobres animais moldados do barro (…)”

O livro é de autoria tupiniquim. Sim, o brasileiro que o escreveu e criou tal obra é tupiniquim. Posso não ter gostado do desfecho, ou mesmo da história em si. Mas, cara, Eduardo Spohr criou uma fantasia como nunca tinha lido no meu parco conhecimento da literatura nacional. Os elementos fantásticos, quando se fala de seres celestiais, estão presentes nessa obra. Deuses, bruxos, magos, anjos, arcanjos, demônios. Luta do bem contra o mal. Momentos históricos bem definidos e la amour. Entre tais fatores, o elemento que mais gostei foi da amizade colocada a toda prova e a redenção de alguns personagens.

O livro aborda os acontecimentos que levam o mundo ao Apocalipse. Tanto os acontecimentos terrestres quando os espirituais estão interligados, levando ao que o autor nomeia durante todo o livro como final do Sétimo Dia. Para quem está alheio a história da criação do mundo, de acordo com a Bíblia, Deus criou o mundo em seis dias e ao sétimo descansou. O livro usa esse período para afirmar que o Criador adormeceu e deixou os arcanjos Miguel, Rafael, Gabriel, Uziel e Lúcifer no controle do Universo até que finde o sétimo dia e Ele desperte do seu sono.

Bom, houve uma rebelião no céu contra as tiranias empregadas à raça humana sob os mandos e desmandos do arcanjo Miguel. Dezoito anjos foram lançados na terra por defenderem a raça humana e somente o líder sobreviveu a caçada a qual foram submetidos. Esse é nosso personagem principal: Ablon, da casta dos querubins, Primeiro General do exército celeste e único sobrevivente dos dezoitos renegados. Por consequência da rebelião suas asas estão manchadas de sangue, para sempre. Até o momento do desfecho final, que culmina com o Apocalipse, conhecemos mais sobre os ideias e nos envolvemos nas aventuras do Anjo Renegado e, através das suas histórias, que vão desde a queda da Babilônia até o fim do Império Romano, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, lemos sobre as atrocidades cometidas pelos arcanjos em sua ânsia de destruir a raça humana, única merecedora do legado de Yaweh (Deus): a alma e o livre arbítrio.

Até aí tudo bem. É uma fantasia épica que não deixa nada a desejar aos autores best sellers. Mas, e agora esse é meu ponto de vista, podem em chamar de intolerante se quiserem, mas bom, foi o que achei, o livro nega os três atributos de Deus: Onipotência, Onipresença e Onisciência. Mas e daí? Você deve estar se questionando. E daí, que o autor tirou do palco o Deus Amor para deixar a criação nas mãos de anjos revoltados com o Criador. Esse é o absurdo da história. Foi isso que não permitiu que eu embarcasse e vivesse os acontecimentos descritos. O livro subjuga todos os milagres e grandes feitos divinos a ações ciumentas e vingativas de anjos cegos pelo poder. Até Jesus é reduzido a um mero espírito evoluído. Desculpem-me se com essas palavras estou afetando alguém, mas é como me senti ao terminar a leitura: revoltada e encantada. Mais revoltada do que encantada, mas não tiro os créditos do autor que tão bem descreveu um cenário de revolta, brigas, intrigas e magia.

Dou nota quatro, apesar de tudo o que comentei, pois o autor criou uma obra tão fantástica quanto às obras internacionais que vemos por aqui. A nota é para o autor e não para o livro. Parabéns Eduardo Spohr, me tornei sua fã. Apesar de toda revolta, não vejo a hora de ler Os Filhos do Edén. Mas acho que esse é o objetivo de todo autor: não agradar a todos, mas conquistar a muitos.

Outras capas do livro:
  

Beijos!

 

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25 Comentários

  • Alguém
    23 janeiro, 2016

    deus é uma invenção

  • francisco
    14 agosto, 2015

    legal vou ler

  • Anônimo
    16 janeiro, 2015

    Fiquei encantada com o livro, fazia muuuuuuuito tempo que eu não me sentia tão completa lendo um livro. O mundo que Sporh criou é algo fantástico, fico impressionada como ele conseguiu vincular TODAS as religiões, sem excluir qualquer crença, e a criação do mundo tanto do ponto de vista religioso quanto do científico.
    Sem dizer dos personagens que são carismáticos e envolvem, e não apenas os principais, até mesmo Uziel que aparece apenas no começo, ou Rafael que nem sequer aparece são fantásticos.
    Também achei algumas partes enroladas e cansativas (coisa que não ocorre no Filhos de éden), porém acredito que considerei as partes enroladas, pois estava na ânsia se ler a história que se seguia.

    Resumindo, AMEI o livro, dou de presente pra todo mundo , kkkkkkkkkkkkk

  • Gabriela Sumariva
    22 julho, 2014

    oi flor, li este livro a um tempo atras , mas só tive tempo de poder postar a resenha agora. se vc puder dar uma passadinha la pra conhecer meu blog, moradadolivro.blogspot.com
    ja estou participando do seu. muito bom seu blog, grande beijo

  • Anônimo
    21 abril, 2014

    É tudo questão de entendermos o que o autor esta querendo dizer sem deixar que nossos ideias nos contradizam.Sem duvidas,para mim,o melhor autor brasileiro moderno que criou uma fantasia tão boa.O melhor livro que ja li até hoje.Cada um tem sua opnião,mas seria muito bom se os que estão lendo a batalha do apocalipse agora,prestassem mais atenção nos detalhes que compõe esta obra-prima.Uma coisa que achei fascinante foi a forma com que Eduardo descreveu cada cenário e cada personagem sem perder a essencia original!Parbéns ao autor de A Batalha do Apocalipse!

  • caroline
    13 julho, 2013

    Esse livro me agradou e desagradou!
    mas a história até que é bem desenvolvida ainda mais vindo de um autor brasileiro.

  • Anônimo
    07 junho, 2013

    Gostei muito da sua resenha, mas, como o Eduardo disse, é puramente fictício. Gostei da história, fantástica, pois na minha opinião vi nela coisas do Tolkien e até cavaleiros do Zodíaco que eu adoro.

  • Anônimo
    28 maio, 2013

    Prezada,

    Boa crítica, mas acredito que seja subjuga, sem o "L". Acompanhando. Abraço.

  • jayane
    02 março, 2013

    Faz tempo que ouço muita gente falando super bem desse livro,e claro que vou da uma oportunidade para ler o tema me fascina também e tenho quase certeza que vou gostar.

  • Michelle Boyd
    28 fevereiro, 2013

    Eu comecei a ler e abandonei Kamila, fiquei frustada com essa ''falta de respeito'' com o criador também, e me confundi muito entre os personagens, dai como não é meu estilo preferido de leitura achei melhor deixar pra lá!

    Michelle Boyd
    The Little Things

    • Kamila Mendes
      01 março, 2013

      não creio q tenha sido uma falta de respeito, mas o autor ambientou o livro numa "realidade paralela"…e revolta mesmo, mas isso me impulsionou a continuar e hj tenho um autor preferido do gênero fantástico e que me orgulho em dizer q é brasileiro *-*

  • Giulia Ferreira
    26 fevereiro, 2013

    Bom, eu ainda não li o livro. Está já há um bom tempo na minha lista de desejados e, assim que possível, irei lê-lo.
    Mesmo não tendo lido o livro acho que já discordarei de você, acho que você levou tudo para o lado espiritual e religiosa da coisa e não se deixou pensar, por um momento, num ser fora das crenças. Enfim, é apenas a minha opinião, e ela não foi criada simplesmente por eu não acreditar em Deus. Acho que religião não se discute e não vou levar o comentário para esse lado. Prosseguindo. Achei sua resenha muito bem escrita e, apesar das suas conclusões, quero mais ainda ler o livro.
    Desculpe-me se por algum acaso ofendi alguém.
    Que a sorte e a felicidade sigam-na e que você seja protegida contra o infortúnio – palavra de elfa. (Ciclo Herança)

  • Poliana Araújo
    26 fevereiro, 2013

    Oi, tudo bom?
    Obrigada por comentar lá no blog,
    estou retribuindo sua visitinha.
    Ja tá na minha listinha , quer por sinal ta um pouco grande …
    *Curiosa pra ler*
    Beijos*-*
    Território das Garotas
    twitter

  • Melissa
    26 fevereiro, 2013

    Olá !
    Estou com esse livro aqui em casa, a algum tempo tenho muita curiosidade de lê-lo, finalmente consegui meu exemplar e farei isso em breve, a sinopse desse livro sempre me chamou muita atenção.
    Adorei a resenha.
    abraços
    Melissa
    http://decoisasporai.blogspot.com.br/

  • eduardospohr
    26 fevereiro, 2013

    Oi, Kamila. Tudo certo?

    Brigadão pela resenha. Muito legal. Valeu mesmo pela força e divulgação, e obrigado tb pelas críticas. O que eu sempre digo para os blogueiros é que esses comentários e opiniões sempre me ajudam. Espero poder aprender e melhorar 😉

    Uma pena que q a questão de Deus te incomodou, mas é importante lembrar que "A Batalha do Apocalipse" é um livro de ficção – ele sequer se passa em nosso mundo, mas numa realidade diferente, totalmente alheia à nossa, sendo apenas inspirado nas narrativas religiosas de nosso planeta.

    Desta forma, o Deus de "A Batalha" não é o mesmo Deus que o nosso, e o mesmo acontece com a chamada Criança Sagrada (em nenhum momento do eu me refiro a ela como Jesus).

    Então vc pode ficar tranquila, pq todas as cenas relatadas no romance são ficcionais, puramente, e não criticam, desmentem ou contradizem qualquer crença ou religião – pelo menos não foi essa a minha intenção.

    Filosoficamente falando, a premissa talvez seja um pouco diferente do que vc entendeu. SPOILER, CUIDADO. Não, Deus não está adormecido. Segundo a mitologia do livro ele está bem vivo, e agora reside dentro do espítito de cada humano que, esse sim, é capaz de operar milagres e proezas incríveis.

    Espero q vc curta "Filhos do Éden". Fico na torcida. E qualquer coisa vc me encontra por aqui, no blog no Twitter e no Facebook.

    Um beijão e parabéns pelo blog 🙂

    Eduardo

    • Kamila Mendes
      01 março, 2013

      Obrigada por esclarecer algumas dúvidas que eu sequer deixei transparecer na resenha. Agradeço tmbm sua sensibilidade com as palavras, eu teria sido um pouco grossa se essa resenha fosse sobre um livro meu!

      Tenha certeza q se eu soubesse desses fatos antes a resenha teria sido diferente…e por ter respondido de forma tão educada e esclarecedora, vc ganhou não só uma fã como uma admiradora…muito obrigada! ^^

  • Gustavo
    26 fevereiro, 2013

    Ja ouvi falar desse livro, mas nao gosto de livro que envolvem anjos e essa coisass …

    sobre o desafio de março, mulher independente ? me ajuda pah, cria um topico de alguns livros assim, pq nao sei de nenhum !!!

  • Mirelle Candeloro
    25 fevereiro, 2013

    Acho que a sua crítica é válida Kamila, pelo fato do livro ter te incomodado em certos aspectos, mas confesso que acabou me deixando ainda mais curiosa pelos seus argumentos.
    O livro deve ser muito bom para ter te tocado dessa forma, porque se não fosse, você não teria ficado irritada com a obra.. hehe
    Só não entendi, o que você quis dizer com autoria tupiniquim? Isso foi uma crítica negativa, uma ironia? Não ficou claro para mim, porque geralmente quando eu uso esse termo é para desmerecer algo.
    Beijos, Mi

    http://www.recantodami.com

    • Kamila Mendes
      01 março, 2013

      foi um elogio, Mirelle, só se chama de tupiniquim aquilo q é produzido no Brasil…eu amei a forma como ele escreveu…posso não ter gostado da obra, mas o autor é fascinante!

  • Vanessa Vieira
    25 fevereiro, 2013

    Parabéns pela resenha Pah! Já li A Batalha do Apocalipse e curti bastante. Beijo!

  • Jess Goulart
    25 fevereiro, 2013

    Pah, te indiquei uma tag,
    Dá uma olhadinha depois:

    http://thetheatredesvampires.blogspot.com.br/2013/02/tag-11-perguntinhas-pessoais.html

  • Aione Simoes
    25 fevereiro, 2013

    Oi Kamila!
    Apesar do livro não fazer muito meu estilo, eu fiquei curiosa porque achei a premissa interessante.
    É complicado mesmo quando vemos a descrição de algo que vai contra nossas crenças e é bom ver que isso não te impediu de reconhecer o livro como um bom livro.
    Beijos!

  • Fabi Liberati
    25 fevereiro, 2013

    Oi eu li esse livro e também não me agradou tanto não… na verdade eu achei umas partes chatas de muita enrolação, não sei pode ter sido só comigo mais foi o que achei.

    Beijos linda

    • Anônimo
      15 julho, 2013

      Fabi também estou lendo o livro e também estou achando algumas partes bem enroladas e sem necessidade…