que estou muito orgulhosa da minha irmã mais nova. Com quinze anos e cursando o
primeiro ano do ensino médio, a Gabi ficou em terceiro lugar no concurso de Prosas & Poesias que o colégio dela realizou
esse ano. A notícia foi uma surpresa, não que nós duvidássemos do talento dela,
só não esperávamos por isso, e dizer que além de orgulhosa estou toda ‘babona’
com ela é pouco.
menos de escrever tão bem. E vejam bem, não estou julgando minha pequena, mas é
nítido que sua escrita tem muito a amadurecer, que ao longo do conto notamos
uma ou outra vírgula em locais errados, que percebemos alguns pontos confusos
ou descritos de forma fantasiosa e corrida demais, contudo, eu tiro o chapéu
para ela. Nessa idade eu não escrevia assim, muito menos tinha tamanha
imaginação, então mesmo não achando o conto perfeito, o achei tão bom e
empolgante que não consegui segurar a vontade de compartilhá-lo com vocês.
texto minhas pequenas colaborações.
NÃO, eu não a ajudei a escrevê-lo, dei sim algumas dicas, mas a ideia e o desenvolvimento
é mérito total dela. No que a auxiliei é no incentivo a leitura, na curiosidade
e no prazer de mergulhar em um bom livro. Os leitores que possuem um mínimo de
conhecimento literário distópico, e lerem o conto da minha irmã, vão ver com
clareza que ela pegou alguns conceitos do livro A Seleção e de Delírio. E
aqui entro em júbilo, foi por meio do meu gosto pela leitura, do meu ânimo com
tais obras (sendo que a última entre elas eu comprei por impulso, e nem li
ainda) que ela as leu e se apaixonou, indo longe o suficiente para escrever um
conto. Como não se sentir parte disso?
um conto! E para a escola ainda… Sim, eu sei, mas não deixo de me orgulhar da
Gabi, me sinto parte do crescimento dela, do amadurecimento intelectual e
pessoal. E o grande ponto é, quem foi que disse que literatura juvenil era
modinha e não “servia” para o enriquecimento pessoal, mesmo?.
mas para mim, ele está bem perto de o ser. Confiram, e não deixem de dizer o
que acharam!
mesma coisa, silenciosa, calma e medo em todo lugar.
agora, depois de séculos, estão diferentes, sem amor e sem diversão. Certa vez,
ouvi minha mãe dizer, que seus avós contavam sobre uma época em que os jovens
eram livres, agora em 2335, temos toque de recolher e mais regras do que
pessoas sobreviventes. Em 2163 tivemos uma 4ª Guerra Mundial, em 2298 tivemos
uma 5ª Guerra Mundial, desde então não sobrou mais nada no mundo além de fome e
desesperança.
começaram a lutar entre si, um dos fatores principais para as Guerras terem
começado foi à falta de água.
se uniram e fizeram um acampamento para que pudessem recomeçar, não eram muitas
pessoas, mas já era uma nova vida, e este acampamento estava crescendo cada vez
mais, até que estes sobreviventes, e seu principal líder Gregório Barros,
construíram uma pequena cidade, chamada Nova Amazônia, com uma nova vida, novas
pessoas e novas regras.
barulho e de repente percebo que minha mãe já tinha voltado do trabalho. Como ela
é pesquisadora da O.N.A. (Organização de Nova Amazônia), ela quase nem para em
casa, só trabalha em achar um meio de poder ter água em abundancia para todos.
Já faz mais de cinco anos que ela e sua equipe, estão tentando achar uma
maneira para que a falta de água não seja um problema tão grande.
escadas correndo, e quando finalmente a encontro, lhe dou um abraço bem forte.
chama Jane Dercy, ela é muito bonita, com seus cabelos escuros, e seus olhos
mais suaves do que o céu. Mas hoje, vejo preocupação em seus olhos. E não gosto
de vê-la desta maneira, então decido perguntar o que há de errado.
vejo nos olhos dela a preocupação e o medo transbordarem.
que eu jure nunca contar a ninguém sobre este assunto. Mas, ela acaba falando o
que houve.
você sabe Susy, estive estudando por muitos anos um meio de a água poder ser
abundante, há alguns meses atrás eu achei que era impossível, até perceber que
temos a água do mar.. Foi ai que comecei a pensar – por que não podemos beber
esta água? Com muitos estudos, cheguei à
conclusão de que um tipo de aparelho de peneiração seria útil para tornar a água
pura e doce, e este aparelho é fácil de fazer e é muito barato.
mostrar para o nosso governante, ele simplesmente não aprovou a ideia e me
ofereceu um preço para que nunca passasse esta ideia para frente, e se eu não
aceitasse eu iria ser presa, não aceitei sua proposta. O governo não quer que a
população seja tão independente, eles querem que o povo sempre precise deles,
para que o governo nunca pare de ganhar dinheiro com a escassa água potável que
ainda temos e que eles controlam. Ou seja, eles querem a população em suas
mãos”.
que fazer, fugi com o protótipo com excelentes resultados, e o governo está
vindo atrás de mim, então Susy, eu quero que você fuja, e algum dia me tire
daquela prisão, para que possamos viver em mundo melhor juntas. — Termina minha
mãe, chorando. Ela me abraça bem forte e diz que me ama.
levando a sério o que minha mãe estava falando, até que quando estou descendo
as escadas, já com uma mochila nas costas, ouço minha mãe reclamando e pedindo
para que a soltem, com certeza deve ser os guardas de Nova Amazônia.
pegadas fortes começam a vim das escadas, chorando, pulo minha janela e saio
correndo para o meio do nada, ouço vários gritos e vários latidos, secretamente
alguém me puxa para um beco escuro e pede para que eu fique em silêncio. E
vários guardas e cães passam correndo, supostamente atrás de mim.
acalma me solto dos braços do rapaz, percebo que ele tem cabelos bem pretos, é
bem vestido e olhos dourados. Tento sair correndo, mas ele me puxa e me leva
para um lugar escondido, com várias pessoas formando um círculo. No caminho,
ele me explica que este lugar, era um refúgio das pessoas oprimidas e que
querem revolucionar esta cidade. Fala-me também, que este grupo se chamava
N.A.R. (Nova Amazônia Revolução), e que eles iriam me ajudar a ajudar esta
cidade.
ao acampamento, converso com várias pessoas, e descanso um pouco.
percebo que tinha me esquecido do protótipo na minha bolsa, pego a mochila
desesperada, e confirmo que esta lá dentro.
como é este mundo sem regras, o líder, Max, o mesmo rapaz que me salvou ontem,
explicou que estava disposto a ajudar com qualquer coisa.
direito que aquele aparelho pudesse funcionar, então decido ir ao mar, ver se
funciona mesmo. Vou à beira do mar, com o aparelho em mãos, quando bebo a água
pura e doce, vejo que minha mãe estava certa sobre tudo e que poderíamos ajudar
a cidade.
estava perdida em meus pensamentos, Max chega ao meu lado e me pergunta o que
eu estava fazendo. Explico-lhe sobre o aparelho, e como ele funciona, demonstro
uma vez. E vejo em seus olhos a esperança voltando. Voltamos para o acampamento
e decidimos que devemos repassar isso para toda a população, mas secretamente.
espalhar para a população, sobre esta novidade e como este trabalho deveria ser
totalmente preservado.
ajudando pouco a pouco as famílias, depois de vários anos distribuindo água,
outros aparelhos foram surgindo. Minha mãe foi solta, e veio morar comigo no
acampamento.
governo desconfia de nosso trabalho, mas fazemos de tudo para não deixar
nenhuma pista para eles. E a população, se sente mais livre, mais viva, e sem
tantas regras como antes. Tudo isso, conseguimos com a perseverança, a
esperança e a ousadia de querer viver melhor.
Gabi Alexandra.
Comente via Facebook