agosto 13, 2013

[Resenha] Killing Sarai – J.A. Redmerski

Sarai tinha só quatorze anos quando sua mãe a levou para viver no México em um quartel de drogas. Com o tempo ela se esqueceu do que era ter uma vida normal, mas ela nunca deixou de lado a esperança de escapar do complexo onde tem estado presa nos últimos nove anos. Victor é um assassino a sangue frio que, como Sarai, somente conheceu a morte e a violência desde que era somente uma criança. Quando Victor chega ao complexo para recolher dados e aplicar um golpe, Sarai o vê como uma chance para escapar. Mas as coisas não acontecem como o previsto, e em vez de se encontrar a caminho de Tucson, ela se encontra livre de um homem perigoso, para cair nas garras de outro. Enquanto fogem, Victor se distancia de sua natureza primitiva enquanto sucumbe a sua consciência e decide ajudar Sarai. À medida que ficam próximos, ele se encontra disposto a arriscar tudo para mantê-la com vida, inclusive sua relação com seu irmão e seu contato, Niklas que, agora como todos os outros, querem Sarai morta. Enquanto Victor e Sarai lentamente constroem uma confiança entre eles, as diferenças parecem diminuir, e uma atração pouco provável se intensifica. Entretanto, as habilidades e experiência de Victor podem não se suficientes para salvá-la, enquanto o poder que ela tem sobre ele, pode ser o que colocará fim a sua vida.

Editora: CreateSpace l 396 Páginas l Romance Adulto l Kobo BooksAmazon l Skoob l Classificação: 4/5

 

Killing Sarai é o primeiro volume da duologia In the Company of Killers escrita pela autora J.A. Redmerski, popularmente conhecida por seu romance ‘Entre o agora e o Nunca’. Como uma fã assumida de tal new adult (e consequentemente da autora), estava extremamente curiosa para ler outras histórias de sua autoria, sendo assim, quando soube de seu novo lançamento, o romance Killing Sarai, não me aguentei e repleta de expectativas, corri lê-lo. De fato criar demasiadas expectativas não foi um bom negócio para a leitura, porém ler o livro sem saber nada (sim, absolutamente nada) a respeito da história foi a melhor escolha que fiz. Eu já sabia quão profunda a escrita da autora tende a ser, mas criar uma história como essa, tão obscura e contraditória, desenvolver uma personagem como Sarai, que perdeu tudo o que tinha e o que era para o único mundo que a jovem conheceu – um mundo de violência e injustiça – foi quase demais para mim. Eu já esperava ler sobre perdas, dúvidas, desejo, abuso físico e mental, mas ler sobre tantas mortes, tantas tragédias… Como estar preparada para algo assim?

“… você vai pelo menos me dá uma arma?” Silêncio filtra através do espaço entre nós. “Você vai?” Pergunto novamente, agitando esse silêncio. “Isso vai me dar uma chance de lutar. Ou eu vou matar Javier ou a mim mesma, mas vou morrer sabendo que eu tentei.”

Considerando a dependência química de sua mãe é fácil presumir que Sarai não teve uma infância fácil, entretanto, por mais conturbada que sua vida fosse pelo menos ela tinha um lar, uma cama, uma família e o mais importante, era livre para sonhar e lutar para ter a vida que quisesse. Só que o problema é que tudo isso foi tirado dela aos quatorze anos, quando a jovem foi levada para um lugar desconhecido no México e feita de refém por longos nove anos de sua vida. Imagine ficar presa em um cativeiro sustentado por vendas de drogas e prostituição durante sua adolescência e boa parte de sua maturidade; impossível se manter alheio a tudo isso, certo? Depois de viver tantos anos em um mundo violento e injusto Sarai perdeu uma parte de sua alma, uma parte inocente e pura. Para sobreviver ela precisou aprender a não ligar para as mortes ao seu redor, teve que mentir, fingir aceitar, ser uma outra Sarai, porém mesmo com suas máscaras bem esculpidas ela nunca perdeu a esperança de que um dia sairia do cativeiro e teria uma vida normal, então quando essa oportunidade finalmente chega ela está disposta a quase tudo, até mesmo matar.

O livro gira então ao redor da vida de Sarai, do que ela já teve e do que pode vir a ter um dia.  Logo de cara somos surpreendidos por sua tentativa de fuga e a partir desse ponto a autora nos dá inúmeros tapas na cara, apresentando uma jovem que reflete a vida dolorosa que teve – uma vida que não está tão longe da vida que muitas jovens levam pelo mundo afora. Nesse ponto fui sensibilizada, não tem como se manter indiferente a tamanha dor, medo, injustiça e raiva. São tantas emoções que fazem o livro tão forte e profundo que simplesmente o devorei, me senti incapacitada de romper a leitura enquanto não lesse as últimas linhas da trama.

Entretanto, não é só a respeito de Sarai que o livro discorre, pois temos um personagem masculino tão complexo quanto seu relacionamento com a mocinha do livro. Em suma temos a união de dois personagens marcados pela morte; eles já perderam tanto que não possuem medo de abraçar a escuridão ao seu redor, mas em contrapartida, não possuem nada para oferecer, afinal, quem consegue amar e se doar ao próximo com um coração tão dolorido e endurecido pela vida? Por esse motivo o livro não traz juras de amor eterno, ele caminha para uma possível relação, apresentando inúmeras situações de entrega, carinho, paixão e até mesmo amor, mas nada claro e assumido (é como se o amor fosse algo inacessível). O problema então é: 1 – ou a autora segue sem contar com a plenitude do amor, mas com a aceitação dos leitores de que a sustentação desse sentimento, nesse caso, é inviável demais, ou 2- segue o rumo da salvação, narrando um amor forte o suficiente para curar. Para quem não leu, podem ser soluções viáveis, mas para quem leu… Não sei, não tem como seguirmos sem amor, mas também é meio fantasioso acreditar que ele salvaria o casal de seus medos, e veja bem, não estou dizendo que o amor não salva ou não cura, é que nesse caso as coisas são mais difíceis do que aparentam ser, o que nos deixa em um confuso e completo impasse: sem amor não dá, mas com ele a obra pode cair no clichê.

No geral o livro é simplesmente profundo, obscuro, e melhor ainda, totalmente imprevisível. A narrativa da autora é ótima, do tipo bem envolvente e emocional, e apesar de eu não ter me empolgado muito com o romance, estou bem ansiosa para ver como as coisas irão se desenrolar no próximo volume da trama. E aqueles que se perguntam se o livro vai ser publicado por aqui: infelizmente ainda não temos informações a respeito da compra, ou seja, só nos resta esperar e torcer para que alguma editora adquira os direitos da obra.

“Isso vai contra tudo o que eu sou, Sarai.” Ele diz e, em seguida, beija-me. “Não, não vai.” Eu sussurro e beijo de volta. “É você tornando-se mais quem você realmente é.”

 

Para ler ao som de…

Para quem leu e gostou de…

Captive in the Dark

Quotes Preferidos

“Eu acho que agora eu sei o que se sente como quando uma pessoa passou metade de sua vida na prisão e é liberada de volta para o mundo. Eles não sabem o que fazer com si mesmos, eles não sabem o que fazer para se adaptar à sociedade. Eles constantemente olham por cima do ombro. Eles não podem dormir por cinco horas ou acreditar que eles podem escolher o que comer e quando comer. Violência, escuridão e confinamento é tanto uma parte deles que a metade deles nunca aprende de outra maneira.”

Capa do próximo (e último?) livro da saga: Reviving Izabel, ainda sem previsão de lançamento.

Beijos!

 

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13 Comentários

  • Paola Aleksandra
    04 junho, 2014

    Oi 🙂 Em inglês, nos links da Kobo e da Amazon que estão no início do post. Agora se você o quiser em Português, vai ter que esperar um pouquinho. A Suma vai publicar o livro por aqui, mas ainda não deu uma previsão de data.

  • Anônimo
    04 junho, 2014

    Onde encontro esse livro? Gostaria muito de ler!
    Obrigada!

  • Bruna T.
    30 janeiro, 2014

    Oi Pah,
    Fiquei bem interessada nesse livro depois da sua resenha… Aliás, que resenha! Parabéns…
    Estou um pouco cansada dos romances águas com açúcar e essa história parece qualquer coisa, menos docinha! Haha… Já coloquei na minha listinha de 2014!
    Ótima dica!
    Beijos

    http://www.sobrelivroseetc.com

  • aapmadden
    09 outubro, 2013

    Amei o livro Killing Sarai! Sera que ja tem a previsão do lançamento do segundo?

  • Karina B.
    04 outubro, 2013

    Oii Pah!
    Terminei de ler e vim comentar sua resenha!
    Acho que você falou tudo, o livro é forte, obscuro e imprevisível. A vida da Sarai mudou tanto durante o cativeiro, que não tem mais como ela ter uma vida normal.
    Concordo com você, acho que nesse caso o amor não seria suficiente para salvar eles. Isso é, se eles quiserem ser salvos, sei lá fiquei confusa… kk
    Eu gostei do romance, é bem contraditório, mas eu gostei. Tanto que fiquei bem irritada com o final, entendi por que aconteceu aquilo, e acho que se tivesse acontecido diferente, naquele momento seria um pouco fantasioso, maaas fiquei irritada mesmo assim (muito confusa rs).
    Estou ansiando o próximo livro! Tomara que não demore muito…

    A resenha ficou incrível!
    Beijos :*

  • Letícia Kartalian
    16 agosto, 2013

    Oi Pah!
    Vi seu comentário lá no LD e adorei, de verdade! Obrigada!

    Bom, eu já tenho o livro e pretendo ler em breve, ainda não li Entre o agora e o nunca, então pretendo ler primeiro, pra se acontecer de eu não gostar de KS, pelo menos eu li o outro – que é quase certeza que eu vou gostar.
    Evitei ler as resenhas desse livro nos blogs internacionais, mas fique curiosa em ler a sua agora. Como ainda não li nada dela, não sei o que esperar, mas só pela sua resenha já sei que será algo muito profundo e eu gosto disso.

    Beijos,
    Letícia – Literature Diary

  • Ray Pereira
    16 agosto, 2013

    Oi Rah, nossa sua resenha ficou bem densa, mas talvez esse seja apenas um reflexo do que o livro também é. Pelo que você falou ele não é muito 'romance', mas parece ser muito bom. Confesso que não curti muito EOAEN…

    Beijos, @_RayPereira
    http://porredelivros.blogspot.com.br/

  • Camila Fernandes
    14 agosto, 2013

    Uau Pah, que resenha! Eu já li Entre o Agora e o Nunca e ele é bem intenso, imagina esse que tem um cenário bem mais pesado. Fiquei com vontade de ler, mas tem que ser na hora certa para que eu posso apreciar a leitura como ela deve ser.
    Beijinhos!

    Camila.
    loucuradelivros.blogspot.com.br

  • DreehLeal
    14 agosto, 2013

    Ok, respira. que resenha foi essa Pah. rs
    Esse com certeza é um livro que tem que ser lido na hora certa, e você foi ele sem saber de nada.. imagino sua reação quando foi descobrindo sobre o que o livro se tratava.
    Li Entre o agora e o nunca e a autor não pode ser descrita com nada menos que profunda, então já me arrepio só de imaginar as coisas que foram escritas nesse livro rsrs
    Mas preciso dizer que gostei muito da capa rs, ela só não tras esa escuridão toda!

    Beeijos, Dreeh.
    Livros e tudo que há de bom

  • Mirelle Candeloro
    14 agosto, 2013

    Nossa Pah! Que resenha de tirar o fôlego, hein!! Gosto de livros assim, pesados e obscuros, mas tenho que lê-los em um momento propício, caso contrário fico meio deprê.. hehe Beijos, Mi

    http://www.recantodami.com

  • Matheus Abreu
    13 agosto, 2013

    Amei a sua resenha e fiquei ainda mais empolgado para ler o livro. Acho que já tinha ouvido falar dele e no momento estou tendo minha primeira experiência com a J. A. em Entre O Agora E O Nunca e estou amando e juntando esse amor que eu estou nutrindo pela autora com essa resenha, não tem como não querer ler o livro.

    compulsivebookaholic.blogspot.com

  • Mayara R. da Cruz
    13 agosto, 2013

    Que resenha linda Paola, vc transmitiu em palavra o que eu estou sentindo enquanto leio este livro.
    Ok, eu dei uma parada nele pra digerir tudo o que ja havia lido, pq como vc disse o livro eh tenso, forte, triste e toca a gente profundamente…
    Ainda esta semana termino, falta bem pouco na verdade, mas eu precisava parar e refletir (pq o livro nos faz refletir sobre a vida e o amor e tudo mais), merece ser lido e estou bem curiosa quanto ao final agora que vc disse ser surpreendente. xP

    Beijinhos :*