Você nunca conheceu ninguém como Sarah Nelson. Enquanto a maioria dos amigos adora Harry Potter, ela passa o tempo escrevendo cartas para Atticus Finch, o advogado de O sol é para todos. Coleciona palavras-problema em um diário, tem uma planta como melhor amiga e vive tentando achar em si mesma sinais de que está ficando louca. Não é à toa: a mãe tentou afogá-la e ao irmão quando eles tinham apenas dois anos, e desde então mora em uma instituição psiquiátrica. O pai, professor, tornou-se alcoólatra. Fugindo da notoriedade do crime, ele e Sarah já se mudaram de diversas cidades, e a menina jamais se sentiu em casa em nenhuma delas. Com a chegada do verão em que completa doze anos, ela está cada vez mais apreensiva. Sente falta de um pai mais presente e das experiências que não viveu com a mãe, já se acha grande demais para passar as férias na casa dos avós, está preocupada com a árvore genealógica que fará na escola e ansiosa pelo primeiro beijo de língua que ainda não aconteceu. Mas a vida não pode ser só de preocupações, e, entre uma descoberta e outra, Sarah vai perceber que seu verão tem tudo para ser muito mais. Bem como seu futuro.
|| Cortesia Editora Intrínseca ||
Skoob || Compare & Compre || Classificação: 4/5
nossa jovem protagonista, leva uma vida atípica: desde muito pequena ela e o
pai vivem se mudando de cidade, isso porque quando a jovem tinha dois anos sua
mãe tentou afogá-la, o que rendeu muitas fofocas em rede nacional, repórteres
enxeridos tentando encontrar a família – ou o que restou dela – em situações
comprometedoras, olhares de pena e de julgamento onde quer que eles fossem, o
internamento de sua mãe em uma clínica psiquiátrica, e o isolamento emocional
do seu pai, que acabou se rendendo ao alcoolismo. Agora, com praticamente doze
anos, Sarah não sabe nada sobre sua mãe (fora o fato que ela é louca), não pode
contar muito com seu pai (que passa mais tempo bebendo e remoendo o passado do
que cuidando da filha), só tem sua planta e seu diário como ouvintes, e não
consegue deixar de pensar que, se ela não se cuidar, vai ficar tão louca e/ou
tão alcoólatra quando seus pais. Confusa, curiosa e magoada, essa jovem almeja uma
vida diferente, uma vida mais leve e menos louca.
Como sempre, tenho que descobrir as coisas por conta própria e responder às perguntas que o meu cérebro inventa. Se você quer saber, estou à procura de qualquer sinal de estar enlouquecendo. Quando mais informação eu tiver, melhor poderei me defender do mundo, do cérebro dentro de mim que pode ou não ser igual ao dela.
jovem incrivelmente perspicaz e observadora, o que torna a narrativa dinâmica e
envolvente. Ela nos conta, sem nenhum pingo de ressentimento, tudo o que
aconteceu com sua mãe, ou melhor, aquilo que ela sabe – o que ouviu na TV e
juntou dos trechos ocasionalmente ditos por seu pai – e como isso influência
sua vida: as constantes mudanças, a solidão de não poder confiar nas pessoas
para contar sua história, a dor de não ter amigos, e a mágoa causada pela
indiferença do pai. A jovem não cobra nada e raramente fala de si, contudo fica
claro para o leitor o quanto ela anseia por uma vida diferente, o quanto ela
sonha com o dia que poderá conversar com a mãe e entender o que realmente
aconteceu. Nesses momentos a dor da protagonista se mescla com sua
inteligência, com a maneira objetiva dela observar as pessoas ao seu redor, de
forma que além de memórias e observações astutas, compartilhamos também trechos
do seu diário em formatos de cartas, mensagens escritas para Atticus Finch,
personagem literário de O Sol é para Todos, homem que ela usa como modelo de
pai.
marcante da história, além das reflexões da personagem principal, é a fase de
transformação pela qual ela está passando. Como uma jovem que sai dos onze e
entra na casa dos doze anos, Sarah aspira por uma mãe que a ajude a escolher
roupas da moda, uma mãe carinhosa que a ensine como domar seus cabelos
rebeldes, um pai que se preocupe com o fato de que o aniversário dela precisa
ser uma data comemorada de forma especial – e não triste –, e uma garota que
quer ganhar seu primeiro beijo. Trata-se então de uma história sobre mudanças,
de crescimento e amadurecimento, algo que observamos ao longo da narrativa
enquanto vemos a jovem e calada Sarah colocar para fora, seja por cartas ou por
gritos de rebeldia, suas vontades e medos. Isso sem mencionar que ela se
apaixonar por seu vizinho nerd gatinho bem mais velho do que ela, alguém que mesmo
sem saber oferece o que ela mais precisa: um ombro amigo. Vemos então Sarah
crescer, criar laços de amizade, e descobrir mais sobre o seu passado, o seu presente
e o seu futuro.
É isso o que eu sou. Uma cripta de segredos. Eles se agitam dentro do meu peito como pássaros engaiolados que querem fugir, mas têm medo de voar.
desse tipo de livro, sem dúvida, é que a voz de uma criança dá um ar
diferenciado a narrativa, fazendo com que a trama, mesmo abordando temas como
alcoolismo e doenças mentais, fique leve e emocionante sem exagerar na medida. Assim,
logo de cara me envolvi com a história de Sarah, torcendo por ela e compreendendo
totalmente seus medos – afinal, é impossível não se compadecer com sua
história, ou ao menos aceitar o quanto essa tal fase da pré-adolescência é complicada.
Além do carisma nato de Sarah, a autora tem uma escrita fluída que deixa a
leitura rápida e direta, e por mais que eu esperasse um pouco mais do final,
ficou claro que a intenção da autora não era explicar todos os porquês da vida,
mas sim nos presentear com a narrativa da luta de Sarah, com a força que essa
jovem faz para ingressar na casa dos doze anos sem nenhum sinal assustador de
loucura. No geral, é um livro belo, fácil de se ler, e que traz uma mensagem
bonita sobre família, recomeços e amizades verdadeiras. Como disse o Booklist, “Uma história com claros sinais de excelência”.
É engraçado como eu não sabia que era só um monte de peças soltas até que alguém me abraçou forte.
“…ela disse que, se eu amar alguém quando mais estiver precisando me sentir amada, bem, aí vai chover tanto amor em mim que eu vou poder mergulhar.”
peculiaridades da obra Claros Sinais de
Loucura é sua constante citação de “O Sol é para Todos”, uma história
extremamente lida e estudada pelos americanos. Abordando o preconceito típico
dos anos de 1930, a autora Harper Lee transmite belas mensagens sobre igualdade
e fraternidade, as quais frequentemente aparecem em obras literárias,
principalmente na voz de crianças (já que a obra traz como protagonistas dois
jovens: Jem e Scout Fincher).
segundo livro que leio com crianças peculiares, com visões diferentes do mundo,
citando a força e a união da família Fincher, e só posso dizer que estou
extremamente curiosa a respeito dessa obra e de sua adaptação cinematográfica.
Outro detalhe bacana é que a editora criou um site super lindo para o livro, dá um pulo lá para matar a curiosidade: http://www.intrinseca.com.br/clarossinaisdeloucura/.
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