John Boyne tornou-se um escritor célebre no mundo inteiro depois do estrondoso sucesso de seu romance O menino do pijama listrado, mas agora o leitor brasileiro tem finalmente o privilégio de conhecer O ladrão do tempo, livro que deu início à brilhante carreira do autor irlandês. O ano é 1758 e Matthieu Zela resolve abandonar Paris e fugir de barco para a Inglaterra, depois de ter testemunhado o assassinato brutal da mãe pelo padrasto. Apenas um garoto de quinze anos na época, ele leva consigo o meio-irmão caçula, Tomas, criança que se vê impelido a proteger. Começando com uma morte e sempre em busca de redenção, a vida de Zela é marcada por uma característica incomum: antes que o século XVIII acabe, ele irá descobrir que seu corpo parou de envelhecer. Sua aparência é de um homem de cinquenta anos, mas o tempo passa e seu físico continua imutável. Ele simplesmente não morre e não faz ideia de qual seja a razão para que isso ocorra. Ao final do século XX, ele resolve olhar para o passado e rememorar sua experiência de vida, incomparável à de qualquer outro ser humano. Da Revolução Francesa à Hollywood nos anos 1920, da época das Grandes Exposições à quebra da Bolsa de Nova York, Zela transitou por inúmeros lugares, exerceu diversas profissões e conheceu pessoas notáveis, além de ter se apaixonado por muitas mulheres. Mas, mesmo séculos depois, ele continua certo de que seu verdadeiro amor foi Dominique Sauvet, uma jovem que conheceu no barco que tomou com o irmão para escapar da França. O trio se uniu para começar a nova vida na Inglaterra e Matthieu se viu totalmente encantado por Dominique. Com uma trama absolutamente instigante de amor, morte, traição, oportunidades perdidas e esperança, John Boyne já anunciava neste primeiro romance o seu talento inconfundível de exímio contador de histórias.
|| Cortesia
Cia de Letras || Skoob || Compare & Compre|| Resenha da Kamila Mendes || Classificação:
5/5
livro me surpreendeu. Primeiro porque a leitura me pareceu meio tediosa no início
e segundo porque quando a narrativa engatou, despretensiosamente ela me pegou
de jeito. Parecia que Matthieu
Zela (o próprio ladrão) havia me levado pela mão para que eu pudesse, ao seu
lado, apreciar sua história. Sendo assim, vale dizer que O Ladrão do Tempo é narrado em primeira pessoa por Matthieu
Zela, um homem que tem mais de 250 anos de idade e que não sabe o motivo de ter
parado de envelhecer.
Eu não morro. Apenas fico
mais e mais e mais velho. Pág. 07
Boyne apresenta a história mesclando-a em três momentos distintos: Matthieu
narrando seu presente (que se passa em 1999), seu passado mais distante (Paris
de 1743 – onde viveu sua infância e adolescência com seu meio irmão Tomas e seu
primeiro amor Dominique), e o passado que atravessa os séculos XVIII, XIX e XX
(o que dá ao leitor um panorama geral dos
principais acontecimentos que marcaram a história desse período como: a
Revolução Francesa; a decapitação do rei Luís XVI; o ressurgimento das Olimpíadas; e o início da
Revolução Industrial). Mas, mesmo entre tantas memórias, sabemos apenas que Matthieu
Zela nasceu em Paris no século XVIII e que tinha 15 anos quando viu sua mãe ser
brutalmente assassinada por seu padrasto. Além do fato de que, após assistir a
execução do assassino, o rapaz decidiu ir embora da França com seu meio irmão,
momento em que conheceu Dominique Sauvet e partiu em busca de um novo futuro.
da narrativa é que o personagem só percebe que parou de envelhecer quando seu primeiro
sobrinho Tomas DuMarqué – e o detalhe é que houveram mais oito deles – se envolve
com a Revolução Francesa. Nas palavras do próprio Matthieu:
[…] foi apenas no final do século XVII,
época em que cheguei naturalmente aos cinquenta anos, que o meu envelhecimento
físico se interrompeu. […] Eu me lembro de ter percebido, em algum momento
entre 1793 e 1794, que minha aparência continuava inalterada […]. Pág. 11
o que mais gostei nesse personagem é que, ao contrário da maioria dos
personagens imortais da literatura e dramaturgia, ele não se autoflagela ou se
condena. Na verdade, ele aproveita a vida que lhe foi dada. Matthieu gosta de
viver e gosta de fazer coisas úteis com seu tempo, assim como também gosta da
ociosidade. No presente, Matthieu é sócio e dono de uma emissora de televisão e
acompanha a vida de seu nono sobrinho Tomy DuMarqué – todos os Tomas morrem aos
vinte e poucos anos e Matthieu também não sabe a explicação, a não ser pela
imprudência deles. Porém, compadecido com seu atual sobrinho Tommy, Matthieu se
coloca em uma meta pessoal: impedir que a vida de Tomy seja interrompida por
algum acidente bizarro ou atitude estupida. Mas com essa missão, ele não sabe
se acabará com sua própria longevidade, afinal, mesmo sem saber ele pode estar
se condenando a morte.
dessa missão que se impôs, Matthieu tem que lidar com o assassinato de um
amigo, com os altos e baixos da gerência da emissora, e com a chegada de uma
notícia inesperada, ou seja, o livro não perde em ação, mistério e surpresas. Com
uma mescla de aventura e romance, e com pitadas de suspense, O Ladrão do Tempo é o primeiro livro de
John Boyne e não deixa nada a desejar. Dou cinco estrelas. Apesar do começo aos
trancos e barrancos, é fato que me apaixonei por Matthieu Zela e sua história
de dois séculos com seus nove sobrinhos.
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