Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza , “Garota Exemplar” alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy , Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
| Cortesia Editora Intrínseca |
Skoob | Compare & Compre | Classificação: 5/5 ♥
uma garota de romances, de histórias previsivelmente encantadoras e perfeitas,
do tipo que terminam de uma maneira bela, feliz e eterna. Entretanto, mesmo
receosa, fui conquistada pela narrativa inovadora da autora Gillian Flynn, que optou por mostrar
uma faceta obscura e psicótica dos casamentos, indo muito além do “viveram
felizes para sempre”. A trama é intensa, confusa, surpreendente e dolorosamente
real. Aqui as aparências enganam, a lógica é trapaceada pela imaginação, e os
personagens são de carne e osso: rancorosos, vingativos, mentirosos… Nunca
imaginei que diria isso, mas Garota
Exemplar é um dos melhores e mais verdadeiros livros que já li. E isso não
significa que a história seja um reflexo puro de nossa sociedade, mas sim que a
trama é capaz de mostrar com veracidade a obscuridade da mente humana – o que,
sem dúvida, dá margem para infinitas reflexões sobre quem nós verdadeiramente
somos sem máscaras e sem falsidades.
O amor faz você querer
ser um homem melhor – certo, certo. Mas talvez o amor, amor de verdade, também
lhe dê permissão para ser apenas o homem que é.
presente e passado): a de Nick, que descobre que sua mulher desapareceu e segue
os dias a procura dela; e a do diário de Amy, que retrata o casamento dos dois,
mostrando as falhas de Nick como marido e dando vida ao medo que ela estava
sentindo de seu esposo. De começo a leitura é meio arrastada entre as reflexões
emocionais de Nick, entretanto em menos de cinquenta páginas o clima do livro
esquenta e as dúvidas começam a afligir o leitor. O fato é que os pontos de
vista dos protagonistas são completamente discrepantes, de forma que enquanto
Nick descreve uma esposa fria e um casamento desmoronando, Amy escreve sobre
amor, recomeços, e um Nick alheio às tentativas de reconciliação de sua esposa.
Portanto a grande dúvida da trama não é apenas a respeito do que realmente
aconteceu com Amy, mas sim de quem, nesse emaranhado de emoções e lembranças,
está dizendo a verdade: Nick, com sua frieza e indiferença calculada, ou Amy,
com seu sorriso dócil e memórias calorosas? E o charme da história é que,
independente de nossas teorias, a autora consegue surpreender completamente o
leitor, deixando-nos de queixo caído com seu talento e criatividade.
Essa era minha décima primeira mentira. A Amy de hoje era
agressiva o suficiente para você às vezes querer machucá-la. (…). Minha
esposa não era mais minha esposa, mas um nó de arame farpado me intimando a
desfazê-lo, e eu não estava à altura do trabalho, com meus dedos grossos,
insensíveis e nervosos.
fez acreditar em um final diferente. Em um primeiro momento eu acusei Nick pelo
sumiço de sua esposa, depois quis de todo meu coração que a culpa não fosse
dele, só para em um novo momento querer estapeá-lo com todas as minhas forças –
sendo sincera, cheguei ao ponto de ofendê-lo com nomes pouco bonitos. Já Amy sempre
foi uma incógnita, me conectei com seus diários, com as lembranças de seus pais
carinhosos e ainda assim abusivos, com suas reflexões a respeito dos
relacionamentos amorosos, e com sua esperança em salvar seu casamento. Como já
disse, eu sou a garota dos romances, e foi deliciosamente emocionante ver a
personagem detalhar seu amor por Nick: o primeiro encontro, o primeiro beijo,
as piadas internas, as noites de riso e cumplicidade. Porém, mesmo torcendo por
ela, a Amy descrita por Nick me enojava, então eu não sabia em quem acreditar,
o que esperar ou, principalmente, o que supor que aconteceria com eles. E tal
confusão só fica mais intensa com o passar das páginas e conforme a autora vai
revelando a mente inteligente e monstruosa de seus personagens. Tal leitura foi
completamente misteriosa e inesperada, simplesmente não tenho palavras para
descrever a intensidade dramática e emocional contida nessas páginas. Ou
melhor, talvez eu tenha uma palavra: majestosa.
aparências, e da construção de personagens reais e psicologicamente perturbados,
a autora também faz uma boa crítica às convenções sociais, as mídias televisivas
mentirosas e gananciosas, e a mudança na forma de propagação da informação – fato
que eu apreciei porque dá abertura para a discussão de profissões como o
jornalismo, por exemplo, que sofreu (e ainda sofre) com a era digital. Outro
ponto positivo é o final impactante que a trama reserva. Nunca imaginaria algo
assim, tão comum e perturbador. Fiquei horas refletindo, dissecando e tentando
compreender os motivos por trás das ações de Amy e Nick, mas, ainda assim, não obtive
sucesso. E esse é o diferencial da narrativa da autora, ela gera reflexão,
confusão e, de certa maneira, a aceitação do impossível, a banalização das mentes
insanas. Sem contar que essa leitura marca
o leitor pelo fato de enganá-lo, confundi-lo e surpreendê-lo repetitivamente,
de forma que o sentimento final é: como é que eu não pensei nisso antes?
Exemplar possui tantas camadas que é possível compreendê-lo e lê-lo de
diversas maneiras. É como se cada palavra tivesse mil significados
contraditórios, fazendo com que cada leitor enxergue a trama de um modo
diferente. Eu mesma, por exemplo, vi aqui romance, mentira, destruição, verdade
nua e crua, e loucura. Já vocês poderão tirar conclusões completamente
diferentes. E isso é tão grandiosamente incrível, pois torna o livro ainda mais
humano e único, porque é definitivamente isso que o livro aborda: as nuances
diferentes e incompreensíveis da mente humana, mentes maníacas, mas ainda assim
humanas. Simplesmente amei!
Cinematográfica •
Exemplar, como a maioria de vocês já sabe, foi adaptado para o cinema. A
estreia ocorreu no início de outubro e, pelo menos até o momento, a adaptação ganhou
ótimas críticas dos fãs e da Academia – dizem as más línguas que o filme será
um dos grandes indicados para o Oscar. O fato é que eu ainda não assisti ao
longa-metragem e que estou MUITO ansiosa para fazê-lo. Dá uma olhadinha no
trailer:
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