A Mais Pura Verdade – Em todos os sentidos que interessam, Mark é uma criança normal. Ele tem um cachorro chamado Beau e uma grande amiga, Jessie. Ele gosta de fotografar e de escrever haicais em seu caderno. Seu sonho é um dia escalar uma montanha. Mas, em certo sentido um sentido muito importante , Mark não tem nada a ver com as outras crianças. Mark está doente. O tipo de doença que tem a ver com hospital. Tratamento. O tipo de doença da qual algumas pessoas nunca melhoram. Então, Mark foge. Ele sai de casa com sua máquina fotográfica, seu caderno, seu cachorro e um plano. Um plano para alcançar o topo do Monte Rainier. Nem que seja a última coisa que ele faça. A Mais Pura Verdade é uma história preciosa e surpreendente sobre grandes questões, pequenos momentos e uma jornada inacreditável.
Editora: Novo Conceito l 224 Páginas l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Composta por doses certeiras de lamento, conflito interno, aventura, amizade e amor incondicional, A Mais Pura Verdade é o tipo de história que discorre sobre as inconstâncias da vida. A mensagem por trás da obra é real e tocante, contudo a narrativa é fluída e simples, comovendo o leitor da maneira certa. O fato é que o grande diferencial do livro é que ele fala sobre o câncer com autenticidade, emocionando o leitor sem a necessidade de exagerar no drama. Com essa leitura nós rimos, sentimos os medos e as angústias de um portador de câncer, e aprendemos valiosas lições sobre felicidade e amor verdadeiro. E tudo isso enquanto acompanhamos a busca de um garotinho de doze e anos (e de seu grande companheiro, um cachorro incrível) pela realização de seu maior sonho: chegar no topo do Monte Rainier. Ele quer provar a todos, e principalmente ao câncer, do que é capaz.
“O mundo inteiro é uma tempestade, eu acho, e todos nós nos perdemos em algum momento. Vamos atrás de montanhas no meio das nuvens para que tudo pareça valer a pena, como se isso tivesse algum significado. E, às vezes, nós as encontramos. E seguimos em frente.”
Mark odeia o tempo. Odeia saber que a cada minuto que passa o câncer mata mais um pedacinho do seu futuro. E também tem ódio do que a doença fez aos que estão ao seu redor; desde ás lágrimas dos pais até o olhar de pena de seus amigos. Cansado e tomado pela raiva, Mark prepara sua fuga. Ele quer cumprir uma promessa que fez ao avô e subir o Monte Rainier, mas também quer provar que não foi vencido pela doença, quer abandonar tudo o que o magoa, e quer escolher a única coisa que tem controle: a forma que irá morrer. Ao lado de um caderno, uma máquina fotográfica, seus remédios, um pouco de dinheiro e do melhor cachorro do mundo, o Beau, o garotinho segue em busca do seu futuro, ou melhor, do alívio para a tremenda dor que carrega no peito.
“(…). Mas é o que ele tem. E os hospitais são um saco. E os tratamentos são um saco. Os amigos vendo tudo isso são um saco. Ver seus pais chorarem é um saco. Então, talvez ele só queira escalar uma montanha e desaparecer.”
O livro é narrado sob dois pontos de vista: o de Mark, que parte em busca da montanha dos seus sonhos, e o da Jessie, que está desconsolada com o sumiço de seu melhor amigo. Gostei muito da narrativa intercalada, mas amei mesmo é a forma como ambas foram escritas. Por ter protagonistas infantis, a obra carrega uma leveza e simplicidade que é impossível de descrever. Trata-se de dois personagens extremamente verdadeiros – bem como as crianças são –, o que faz com que o leitor sinta na pele exatamente o que eles estão vivendo. Em alguns momentos experimentei a força da raiva de Mark, absorvendo a dor desse jovenzinho assolado por uma doença tão injusta quanto o câncer. Contudo, o que me surpreendeu e emocionou foi que o foco da obra não está no câncer, mas sim nas experiências que Mark acumula ao longo da sua viagem. E foi com isso que o autor me ganhou, com a forma como o protagonista, ao escolher se aventurar por um caminho doloroso e incerto, aprende mais sobre si mesmo e sobre a vida. No final, independente do desfecho feliz ou não, é certo que ele descobre algumas das maiores riquezas do ser humano. E eu me encantei com sua jornada de amadurecimento.
Confesso que a aventura em si – ou seja, a ida de Mark até a montanha –, me incomodou um pouco. Achei que em alguns momentos o autor forçou a barra, fazendo o protagonista ir muito além de suas reais capacidades. Entretanto, é certo que as belas mensagens por trás da história ficaram marcadas no meu coração. Achei a leitura rápida, leve, divertida, emocionante e contemplativa. A vida é repleta de incertezas e injustiças, contudo o tempo é relativo, e o que importa é fazer cada minuto valer a pena. E Mark, definitivamente, faz cada minuto ao seu lado valer muito a pena.
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