A
Cidade Murada é um terreno com ruas estreitas e sujas, onde vivem traficantes,
assassinos e prostitutas. É também onde mora Dai, um garoto com um passado que
o assombra. Para alcançar sua liberdade, ele terá de se envolver com a
principal gangue e formar uma dupla com alguém que consiga fazer entregas de
drogas muito rápido. Alguém como Jin, uma garota ágil e esperta que finge ser
um menino para permanecer em segurança e procurar sua irmã. Mei Yee está mais
perto do que ela imagina: presa num bordel, sonhando em fugir… até que Dai
cruza seu caminho. Inspirado num lugar que existiu, este romance cheio de
adrenalina acompanha três jovens unidos pelo destino numa tentativa desesperada
de escapar desse labirinto.
| Cortesia Editora Seguinte| Skoob |
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surpreende por ir além dos estereótipos tão comuns na literatura juvenil. Como
esperado a trama traz ação, fantasia e romance, entretanto, ela encanta por
também abordar temas extremamente reais e reflexivos. Os três personagens
principais são imaturos em muitos sentidos, contudo eles passaram por tantas
provações que refletem no olhar o peso da solidão, da pobreza, da fome – tanto
por carinho quanto de alimento –, e dos anos de abuso físico, moral e sexual.
Sendo assim, a história que era para ser uma fantasia juvenil repleta de
aventura e mistério, tornou-se um jovem adulto maduro marcado pela dor dos
protagonistas. Por isso é impossível não se deixar levar pelas emoções
descritas por cada um desses jovens; torci enlouquecidamente para que eles
conseguissem fugir dos sentimentos de medo, indignação e raiva causados
pelo ambiente sombrio da Cidade Murada, mas antes disso almejei que eles superassem
toda a tragédia e a mágoa que os levaram a morar em um lugar sem leis e sem
esperança. Portanto, em uma mescla de emoções e revelações, me deixei levar por
essa história tão rica e inteligente.
território de refúgio político. Depois da guerra a região ficou legalmente
abandonada, servindo de abrigo para todos os bandidos e desabrigados das
cidades vizinhas. Assim, sem o olhar atento de um governo presente, a cidade
foi crescendo de forma precária e desatenta, dando espaço para o avanço da
criminalidade e da pobreza. A descrição dada pela autora é de que o local é o
refúgio da escória da sociedade, e fisicamente abriga mais pessoas do que
poderia, parecendo um emaranhado de casas
altas que tampam a luz do sol. É mais fácil imaginar
a tal cidade quando a comparamos com uma favela – e não apenas em sua
aparência, mas por causa do tráfico humano, do abuso sexual, do comércio de
drogas, das mortes e dos roubos que sempre ficam impunes. Mas a diferença é
que, ao contrário de algumas de nossas favelas, não existe um mísero resquício de
bondade na cidade criada pela Ryan Graudin; nela praticamente tudo
foi corrompido ou ferido.
O sofrimento está em
toda parte. Rastejando dentro das oficinas de aço e tecelagens, onde os
trabalhadores se curvam sobre as máquinas durante catorze horas todos os dias.
Correndo entre as prostitutas viciadas e os adolescentes marcados por faca.
Espreitando as mesas em que bêbados jogam dinheiro um no outro e xingam quando
perdem suas apostas em pombos de corrida. Normalmente consigo ignorar, olhar
para o outro lado, continuar andando. Dessa vez não.
da polícia e que está cumprindo uma missão em Hank Nam, algo que dará a ele sua
almejada liberdade; a bela Mei Yee, que foi vendida pelo pai e que vive como uma
das garotas do bordel; e a jovem Jin, que finge ser um menino enquanto procura a
irmã – há muito raptada – pelas ruas e becos da cidade murada. Além do mistério
do passado desses jovens, a autora também trabalha com a possibilidade deles
fugirem de Hank Nam, e no fato de suas histórias estarem interligadas. – Que é
que não fica curioso com uma premissa assim?
da Mei Yee, e da Jin. De início isso me assustou, afinal imaginei que seria
difícil me conectar com personagens tão distintos, entretanto foi surpreendentemente
fácil mergulhar na vida e na narrativa desses jovens. E o mais incrível da obra
é, sem dúvida, que os três levam vidas dolorosamente reais. A história de Dai é
de um menino que tinha tudo, mas se envolveu com as pessoas erradas e acabou
sem nada. Jin é uma jovem guerreira que passou anos apanhando de um pai
alcoólatra e que agora rouba para sobreviver. E Mei Yee – para mim a história
dela foi a pior de todas – foi vendida e transformada em um objeto, e nas mãos
de homens inescrupulosos foi perdendo sua inocência de menina e a fé no mundo
lá fora. Portanto a questão não é a comoção gerada por tais histórias, mas sim a
reflexão. Afinal, vocês conseguem imaginar quantos jovens espalhados pelo mundo
possuem histórias semelhantes a dos protagonistas? Durante a leitura, enquanto
os personagens revelam as mágoas que carregam no peito, senti nojo da
humanidade, principalmente dos homens que são responsáveis pela corrupção de
crianças puras e sonhadoras. Chorei com Dai, Jin e Mei Yee e com o fato deles
lutarem por um futuro diferente, mesmo quando ninguém acredita que eles serão
capazes de se libertar do passado.
de suas histórias e a aventura na qual eles embarcam almejando um novo futuro.
AMEI como as histórias de Dai, Jin e Mei Yee tornam-se uma só. Essa
característica, além de tornar a leitura mais fluida e envolvente, gera sentimentos
conflitantes de desconfiança, esperança e amizade. O que marca o coração do
leitor de uma maneira inexplicável. Já quanto ao desenrolar da aventura, eu
literalmente prendi a respiração com esses jovens. Eles passam por muitos
obstáculos e é incrível ver como eles, juntos, superam medos que nem sabiam que
existiam. Confesso que achei o final romantizado; foi difícil acreditar que jovens
de 18 a 15 anos seriam capazes de tamanhas artimanhas, entretanto isso não
diminui a beleza por trás dessa história, muito menos de sua valiosa mensagem de
reflexão social e humanitária.
reflexivo. A mensagem é do tipo que faz a história subir um patamar e
se transformar em uma rica coletânea de amadurecimento e aprendizagem.
Ela teve origem em meados do século XIX e chegou a abrigar 33 mil residentes
dentro de seu território de apenas 0,3 km².
região da cidade, hoje demolida e transformada em um parque, e então teve a
ideia do livro.
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