novembro 05, 2015

[Fuxicando Sobre Chick-Lits] Chick-Lits X Sick-Lits


“Chick-lit” é
um gênero literário que abrange a vida da mulher moderna, sendo voltado,
principalmente, para o sexo feminino. São romances leves, com um toque
de humor, que narram o quotidiano e entram fundo nas dúvidas e emoções das
personagens, transmitindo, normalmente, a sensação de estar lendo o relato
de uma amiga. As história nesses livros poderiam facilmente ser uma conversa
entre garotas ou mulheres, na qual há compartilhamento de sonhos, segredos,
confissões. 


Oi queridos!


A leitora Leticia Golz, em uma das minhas últimas postagens, expressou sua dúvida sobre a diferença entre chick-lits e sick-lits, porque, para ela, se tratava de apenas um gênero. Achei então que seria interessante fazer esse post, como ela sugeriu, fazendo os devidos esclarecimentos para quem mais tiver a mesma dúvida! E já adianto: embora sejam termos bastante próximos na sonoridade e na grafia, são bastante divergentes com relação aos seus significados!

Sick-Lits

“Esse tipo de história — voltada para adolescentes, mas trazendo personagens envoltos em doenças graves, depressão, anorexia, tentativas de suicídio e outros problemas realistas que a fantasia costumava ignorar — vem sendo chamado de sick-lit, algo como ‘literatura enferma’ em português. É um termo que traz uma conotação negativa e muitas vezes ignora a qualidade dos livros, mas que tem gerado polêmica e pode indicar uma tendência.”


Pois é! Como vocês podem ver, o termo chick-lit não tem nada a ver com o sick-lit, apesar da sonoridade das palavras (a pronúncia de ambas seria algo como “txic” e “ssic”). Talvez, a única coisa que ambos tenham em comum seja a conotação negativa que recebem em inglês (“chick”, por significar algo como “mulherzinha”; “sick”, pelo próprio peso da palavra “doença”), algo felizmente não trazido para o português, visto que as expressões chegam aqui “livres” dessas conotações – ao menos para quem não está muito habituado com o idioma.

Os sick-lits passaram a ser mais frequentes no Brasil mais ou menos em 2012, principalmente com a publicação de A Culpa É Das Estrelas (Intrínseca; 2012). De lá para cá, tivemos um boom de livros do gênero, ainda que não tenha sido somente a partir dessa data que os sick-lits tenham sido publicados tanto aqui quanto no exterior.

Na época, geraram diversas polêmicas, bastante abordadas pela matéria d’O Globo, citada acima. No resumo, foi questionado se essa seria uma literatura positiva para os jovens, considerando-se os pesados temas que abordam, e se esses livros poderiam ser considerados como “boa” ou “má” literatura: são realmente bons livros ou são assim vendidos pela mídia e editoras simplesmente porque são positivos para o mercado?  

“— Uma questão para se debater é se esses livros são boa ou má literatura. A boa literatura pode abordar o tema que for. Mas, quando se faz proselitismo acerca de um assunto, seja nazismo, homofobia ou suicídio de jovens, aí não se está fazendo boa literatura. A culpa não é do tema, e sim do autor que faz uma literatura ruim — diz. — Minha grande dúvida é se esses livros fazem sucesso porque são bons ou se é do interesse do mercado que eles sejam feitos. Esse público é suscetível a seguir tendências e pode estar sendo levado por uma novidade.”

Fonte: O Globo, 2013

Particularmente, como leitora, fiquei muito feliz com a publicação desses livros, de um modo geral. Como também foi exposto na própria matéria d’O Globo, livro algum pode despertar em um leitor algo que não esteja nele. Pelo contrário, ao menos no que pude perceber, essas obras trabalham temáticas que precisam ser debatidas e expostas, de forma a combaterem preconceitos, propagarem informações (quando adequadamente trabalhadas) e, claro, auxiliarem aqueles que sofrem com esses problemas, tanto diretamente quanto indiretamente (conhecendo alguém em uma dessas situações, por exemplo). Um livro sozinho não curará alguém de uma depressão, mas pode fazer tanto com que um depressivo não se sinta sozinho em sua doença quanto mostrar a ele que há esperanças de melhora – e aí entra a importância de se buscar ajuda e um tratamento.

Como falei, não serão os livros diretamente que curarão doenças graves como essas, porém eles podem ser muito úteis na disseminação da informação, ainda mais entre aqueles que, infelizmente, ainda não encaram esses transtornos dessa maneira. Mesmo que o livro não aborde uma doença em si, mas situações de perda, por exemplo, acho que se tornam importantes, também, por trabalharem formas de lidar com a morte e o abandono.

Bom, partindo dessas informações e exemplos de sick-lits e sobre tudo o que vocês já estão carecas de me ouvirem falar sobre os chick-lits (ao menos para aqueles que acompanham a coluna), vocês devem ter percebido que é praticamente impossível conciliar um sick-lit com um chick-lits, certo? Afinal, com todo esse peso dos sick-lits, é difícil combiná-los com a leveza dos chick-lits. E se eu falar que é possível sim aliar os dois gêneros em um único livro?

São poucos os exemplos que me vêm a mente, mas, ainda assim, eles existem. O que melhor exemplifica, em minha opinião, é À Procura de Audrey, da minha diva master, Sophie Kinsella. Audrey é adolescente (como costumam ser os protagonistas de sick-lits) e sofre de transtornos de ansiedade e depressão. Sophie Kinsella tanto foi capaz de trabalhar esse aspecto da trama, sem subestimar Audrey e sua condição, quanto trouxe leveza e diversão à história – simplesmente um feito, em minha opinião. Sei que sou suspeita para falar da autora, mas me apaixonei pela leitura e por essa habilidade em reunir os dois gêneros (algo bastante difícil de se fazer). Para quem se interessar, deixo meu vídeo dando cinco motivos para que livro seja lido. Ah, gravei o vídeo para o mesmo projeto que a Pah que, no caso, falou de Eu Te Darei O Sol.

Outro exemplo que eu daria, porém com certa cautela, seriam os livros da Marian Keyes. Suas protagonistas geralmente são adultas – já uma diferença notável para a maioria dos sick-lits – e as doenças, no caso, não são diretamente abordadas, embora façam parte da trama. Assuntos como alcoolismo, vício em drogas, a própria depressão, violência contra a mulher, entre outros, são comumente abordados pela autora, o que trazem um maior peso para suas obras. Contudo, como falei, não são trabalhados como nos sick-lits, inclusive como em À Procura de Audrey, então não me sinto muito segura para assim classificar esses livros. 
Espero ter esclarecido possíveis dúvidas, mas não hesitem de deixar nos comentários aquelas remanescentes!
Leticia, obrigada por sua sugestão!
Espero que todos tenham gostado!


Beijos para todos!


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24 Comentários

  • Naty Araújo
    02 dezembro, 2015

    Uau. Adorei saber a diferença e eu não fazia a ideia que existia sick lits. Adorei e sempre gostei do gênero sem ao menos saber que tinha nome haha

  • Rhoana Lersch
    30 novembro, 2015

    Chick-lits é o meu gênero favorito, a maioria dos livros que eu tenho são desse gênero, acho incrível!!!

  • Três Livrólatras
    24 novembro, 2015

    Nossa, eu adorei esse post. Não tenho um gênero preferido, amoo os dois!!!!Cada um mais fofo que o outro.

  • Ycaro Brito
    19 novembro, 2015

    Oi, Aione. Recentemente descobri a diferença entre os sick-lits e os chick-lits, eu confesso que gosto de ambos os gêneros, um por ser mais denso em determinados momentos da vida e outro por seu lado mais hilário. Consegui arrancar algumas curiosidades da sua explicação que me encantaram ainda mais, principalmente nas dicas literárias.

  • Nati Rabelo
    12 novembro, 2015

    Oi Mi!
    Eu não tinha essa dúvida, mas é bom pra esclarecer pois muitos leitores devem ter. Eu amo chick-lits! E também estou adorando os sick-lits, eles são dramáticos, mas ainda sim tem uma certa leveza no texto e esse contraponto é muito interessante!

    Beijos

  • Geovanna Morgado
    10 novembro, 2015

    Não fazia ideia da diferença entre sick-lits e chik-lits. Sobre os sick-lits, acho que eles acrescentam coisas importantes, trazem informações e amadurecem o leitor, não gostei dos comentários do O Globo e achei um absurdo, alguns livros desse gênero realmente mudaram minha visão sobre determinados assuntos como por exemplo o suicído, comecei a ve-lo de outro modo e a ter uma opinião sobre o assunto.

    Adorei post, até mais :*

  • Aguida Sampaio
    09 novembro, 2015

    Oi, Aione! [Adorei o seu nome]. Não sabia que existia um termo específico para esses tipos de livros, só o que eu sei é que eu AMO sick-lits e chick-lits! A maioria dos livros que você citou eu já li e quero muito ler o livro da Audrey!!
    Fiquei indignada com O Globo. Claro que a intenção era a das melhores, mas não acho que os temas abordados nos livros desses gêneros, pelo menos os que eu li, não havia nada de "pesado" ou que pudesse causar algo ruim. Pelo contrário, esses livros foram me amadurecendo e eu indico para todas as idades.

    Beijos

  • Mayara Coradini
    09 novembro, 2015

    Oii!!!
    Adorei muito o post, faz pouco tempo que descobri a diferença entre chick-lits e sick-lits. Gosto muito de ambos gêneros, mas sick-lits mechem muito comigo e acabo lendo com menos frequência.
    Bjos e sucesso!!

  • Leticia Golz
    09 novembro, 2015

    Oi, Aione
    Acho que minha dúvida veio da falta de costume com o idioma mesmo, pois é bem diferente realmente. Achava que era a mesma coisa, tanto que nem sabia dessa polêmica com os sick-lit. Acredito que é importante abordar esses temas na adolescência, e não será, claro, um livro que curará doenças, mas certamente trará algo positivo, isso quando bem trabalhado. OS 13 porquês, por exemplo, mudou minha visão de muitas coisas, e nem sabia que ele se enquadrava nesse gênero (vi na foto rs).
    Muito obrigada por esclarecer a dúvida. Fiquei aliviada de saber que não sou a única que estava "boiando" sobre isso..rs

    livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

  • Luciana Lole
    09 novembro, 2015

    Oii! Não sabia a diferença entre os dois gêneros, muito bacana seu post! Adorei as indicações também, sou fã da Marian Keyes, sempre que ela lança livros já vou correndo pra ler!
    Bejoss

  • Evellyn Mendonça
    09 novembro, 2015

    Ooi, não sabia a diferença entre os dois, gosto muito de ler historias tanto sick-lits como chick-lits.
    Amei o post.
    Bjs

  • Carla Zambotti
    07 novembro, 2015

    Eu era uma que não sabia a diferença kkk, mas enfim, não acredito que exista má literatura, todos os livros, na minha opinião, são feitos para nos fazer refletir. Procuro sempre tirar uma lição de cada livro que leio, e creio que a influência desses livros nas pessoas acabam sendo positivas e não negativas.

  • Viviana Atayde
    07 novembro, 2015

    Não sabia que sick-lits era o nome dado pra esse tipo de gênero, eu gosto muito de ler esse tipo de história sempre fico emocionada. dos livros relacionados já li A Culpa é das Estrelas e Garotas de Vidro, recomendo a leitura de Os 13 Porquês e Corações Feridos esses livros são fantásticos.

  • Larissa Belmok
    06 novembro, 2015

    Amo esse estilo de livros, tenho vários.
    Amei esse post.
    Beijinhos!!

  • Rúbia Souza
    06 novembro, 2015

    Eu não entendia muito bem a diferença ente chick-lits e sick-lits mas agora as dúvidas se esclareceram!
    Acho que esse questionamento dos sick-lits de serem "bons" ou "maus" é complicado, pois na minha opinião os livros são algo pessoal, de cada um. Talvez em um momento eles não agreguem nada para para você ou sua vida, mas para outra sim; do meu ponto de vista é esse.
    Eles até podem ser marketing de editoras que lucram com suas favoráveis vendas, como foi publicado em revistas e jornais, mas ainda sim acho que é do gosto e preferência de cada leitor que curte sick-lits.
    Esse post foi bem interessante e o que gera muita discussão a respeito do assunto.

  • RUDYNALVA
    06 novembro, 2015

    Aione!
    Foi com uma outra postagem sua que aprendi a diferença entre os dois gêneros, porque não sabia.
    É muito bom sempre aprendermos as diferenças e subdivisões de estilo.
    Valeu!
    “Para quê preocuparmo-nos com a morte? A vida tem tantos problemas que temos de resolver primeiro.”(Confúcio)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    Participem do nosso Top Comentarista, serão 3 ganhadores!

  • Kemmy Oliveira
    06 novembro, 2015

    Oi, Aione!
    Gosto de ambos os gêneros, não saberia dizer de qual gosto mais. Essa dica do livro da Sophie Kinsella que mistura os dois parece ser uma boa pedida
    Particularmente, iniciei a leitura de Melancia há quase 5 meses e abandonei. No começo achava muito engraçado, mas foi ficando repetitivo e monótono. Gosto de chick-lit sim, porém acho que não gosto da Marian Keyes, rs.
    Nunca li nada da Sophie. Vou anotar sua dica. Ah, sou doida pra ler Por lugares incríveis e Amy & Matthew.
    Desses que você citou, já li ACEDE, Extraordinário e A mais pura verdade.
    Apesar de ter gostado do filme AVDSI, não tenho grande interesse em ler o livro.

    Beijos!

  • rayane colombo gomes
    06 novembro, 2015

    na verdade eu nem sabia da existencia desse genero de livros.. mas gosto deste tipo de literatura por nos mostrar personagens talvez mais proximos a nos… mais reais. que tem sim problemas e transtornos e ate nos ajudam a enfrentar estes problemas em nossas vidas.. nos dao força

  • Clara
    06 novembro, 2015

    Amei o post! Eu já sabia a diferença, mas gosto de ler esses posts diferentes. Eu concordo com você, acho que até certo ponto os sick-lits são positivos por trazerem temas à tona que normalmente não são discutidos, mas que deveriam. Acho que dão pouca ênfase nas escolas acerca de doenças e transtornos que atingem muitas pessoas ao nosso redor, principalmente na atualidade, por causa da grande pressão que a qual os jovens estão sujeitos: passe no vestibular, passe no vestibular, seja o melhor, passe no vestibular, ganhe dinheiro… Porém, acho complicado porque alguns livros são muito pesados, então acho que deveriam ter uma "faixa etária" mais recomendada.

    Clara
    @clarabsants
    clarabeatrizsantos.blogspot.com.br

  • Lara Cardoso
    05 novembro, 2015

    Eu particularmente amo os livros sick-lit. Acho que trazem um visão do mundo que muitas vezes não temos, como o Augustus e com a Hazel. Eu olhava com pena para pessoas doentes mas se elas realmente se sente como a Hazel em relação a isso acho que devemos mudar nossa visão.
    Enfim, acho que esse tipo de literatura influencia sim as pessoas e acredito que mais pro bem que pro mau.
    Gente como eu falo, vou parar por aqui.
    Amei esse post informativo.

  • Juliana Garcez
    05 novembro, 2015

    Oi, Aione!

    Eu não tinha essa dúvida entre os termos, mas, mesmo assim, o post foi bem esclarecedor!! Eu recentemente li um sick-lit que tratava sobre depressão. A personagem principal se suicidou por conta disso e, no final do livro, havia lugares para ligar caso você se relacionasse com o livro. Em outra ocasião, li outro sick-lit com mesma temática e ele não teve esse cuidado de oferecer apoio e ajuda ao leitor. Achei que poderia de algum modo influenciar alguns jovens… Falo isso por conta do pronunciamento d'O Globo que vc citou no post. 🙂

    Beijos,

    Juliana Garcez | Livros e Flores

  • Veronica Vieira
    05 novembro, 2015

    Eu nem sábia, que era esse o gênero desse tipo de livro, já li vários e amei a maioria, não acho que vá influenciar negativamente os jovens, muito pelo contrário, de todos que eu li eu tirei uma lição, pessoas com esses tipos de problemas estão a nossa volta o tempo inteiro e as vezes não sabemos como li dar, o livro Extraordinário é um grande exemplo, muitas vezes o preconceito mora dentro da gente, e não percebemos até estarmos envolvidos em alguma situação, eu aprendi imensamente com esse livro, e recomendo muito, além dele já li A culpa é das estrela; por lugares incríveis; os 13 porquês…

  • Maria Luiza
    05 novembro, 2015

    Meu Deus! Eu tinha certeza que sick-lits eram os chick- lits protaginizados por homens haha. Mas o post ficou muito bom e bem explicado!

    http://somaisumapaginamae.blogspot.com.br