O mundo no futuro mudou e não necessariamente para o melhor. No pós Terceira Guerra Mundial, ele é um lugar cinza e frio para aqueles menos afortunados e um paraíso para aqueles que podem pagar por ele. A grande queda na população global fez com que androides substituíssem a mão de obra humana e deu poder a Corporações, que passaram a controlar tudo, desde a água que tomamos até o ar que respiramos. Frank, um ex-policial comum, trabalha para uma destas companhias como Recolhedor, que são aqueles que levam androides danificados para serem consertados, porém em uma de suas chamadas de serviço ele conhece algo, ou melhor, alguém, que irá mudar o seu mundo. Um homem comum com um trabalho comum, mas o homem certo na hora errada pode fazer toda a diferença.
Editora Chiado l 248 Páginas l Ficção Científica l Compare & Compre: Editora l Skoob l Conheça o Autor l Classificação: 4/5
Machina Anima é o tipo de ficção que conquista logo nas primeiras páginas. Com um cenário futurista singular e misterioso, Bruno Ma Louzada consegue prender a atenção do leitor com a promessa de uma história repleta de aventura e grandes revelações – e é exatamente isso que encontramos durante a leitura, uma trama que cresce em artimanhas e segredos. Além de um contexto distópico instigante, o livro também traz uma sociedade marcada pela desigualdade social, um protagonista maduro e flagelado pelos erros do passado e, o melhor de tudo, uma nova geração de androides que ameaça subjugar os humanos. – Já ouviu falar que quem brinca com fogo pode se queimar? Aqui uma grande corporação quis brincar de Deus, mas acabou criando robôs inteligentes e completamente independentes.
Ao contrário do que pode parecer o livro não traz os robôs como vilões, mas sim como vítimas de uma corporação gananciosa e autoritária. Aqui a sociedade é organizada da seguinte forma: os ricos moram em apartamentos luxuosos em grandes construções verticais, os pobres fazem o serviço manual – mas apenas aqueles que os robôs não conseguem fazer – e vivem na parte de baixo (escura e abandonada) da cidade, e os mais pobres ainda passam fome nos esgotos ou foram excluídos para o lado de fora da cidade (que, para segurança, foi murada logo depois da grande guerra). Nosso protagonista faz parte do proletariado: vive em um apartamento minúsculo, come pouco e bebe muito, e trabalha como recolhedor para a grande corporação – seu papel é recolher os robôs que dão pane e levá-los para a manutenção. Inicialmente mergulhamos na rotina de Frank, um ex-policial no auge da vida adulta, e em seu trabalho ao lado de um grande amigo. Contudo, a aventura realmente começa quando Frank recolhe um robô extremamente humanizado e passa a questionar as verdades pregadas pela grande corporação.
Não estou acostumada a ler livros de ficção que focam na aventura ao invés do romance. E isso é algo importante sobre Machina Anima: apesar da trama trazer infinitas emoções, em nenhum momento ela pende para o romance – e, confesso, gostei disso. Além do fato do livro focar exclusivamente na ação, também gostei do protagonista ser mais velho. A maturidade de Frank é notável em suas escolhas e na forma dele enxergar o mundo; fora que também é perceptível o peso dos anos que ele carrega nos ombros, principalmente quando descobrimos os motivos por trás de suas constantes bebedeiras e reclamações. Frank é o tipo de homem maltratado pelo destino, mas que em situações de risco sabe como criar bons planos de fuga e se manter vivo (algo bem no estilo Duro de Matar, risos). Assim, encontramos um personagem com um coração ferido – que apesar de negar, precisa de ajuda para voltar a viver – e ao mesmo tempo mergulhamos em uma aventura cheia de homens gananciosos e robôs misteriosos. Por falar em robô, vale dizer que o livro conta com uma personagem surpresa: Carol, um robô que conquista o coração do leitor e que mostra o quanto a sociedade está correndo risco ao se deixar dominar por certos empresários. Carol e Frank embarcam em uma aventura cheia de idas e vindas, erros e acertos, e muito perdão e superação.
Gostei bastante de Frank e de Carol, e adorei como eles aceitam a função de desmascarar os planos de dominação da grande corporação. Contudo, alguns pontos dessa aventura me incomodaram: a facilidade com que certas coisas são resolvidas (fiquei com a sensação de que os protagonistas são sortudos demais) e o final abrupto que quase – frisem no quase – me fez odiar o livro. As coisas acabam no pior momento possível e, apesar do autor ter acrescentado um epílogo esclarecedor que nos deixa com o coração na mão, achei maldade a obra terminar no ápice de uma batalha. Queria mais, e também queria um final diferente para esses personagens tão carismáticos e envolventes. Além disso, devo frisar que a escrita do autor é completamente superficial – não no sentido pejorativo, mas sim no contexto de que a obra é narrada com rapidez e sem muito aprofundamento. Para quem gosta de leituras mais fluidas e autoexplicativas, a escrita do autor não incomoda. Contudo, aqueles que preferem explicações mais elaboradas e diálogos mais intensos poderão sentir falta de uma trama mais detalhada. Nesse ponto é importante dizer que estamos falando de um autor iniciante e que vem amadurecendo sua escrita, e que por esse motivo algumas vezes acabamos encontrando frases descontextualizadas e a repetição de um mesmo sujeito.
No geral achei o cenário criado bacana (me lembrou um pouco de A Cidade Murada e Divergente), a relação da sociedade com robôs muito inteligente e reflexiva (não foi difícil imaginar nosso futuro da forma narrada pelo Bruno), e a narrativa simples e direta. Acredito que os fãs de aventura policial gostarão dessa história.
Sobre a Série
Machina Anima é o primeiro volume de uma de uma trilogia. O segundo volume já está concluído e logo será publicado.
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