Cansada de rejeitar pretendentes interessados apenas em seu dote escandalosamente vultoso, Minerva Dodger decide que é melhor ser uma solteirona do que se tornar a esposa de alguém que só quer seu dinheiro. No entanto, ela não está disposta a morrer sem conhecer os prazeres de uma noite de núpcias e, assim, decide ir ao Clube Nightingale, um misterioso lugar que permite que as mulheres tenham um amante sem manchar sua reputação. Protegida por uma máscara e pelo codinome Lady V, Minerva mal consegue acreditar que despertou o desejo de um dos mais cobiçados cavalheiros da sociedade londrina, o Duque de Ashebury. E acredita menos ainda quando ele começa a cortejá-la fora do clube. Por mais que ele seja tudo o que ela sempre sonhou, Minerva não pode correr o risco de ele descobrir sua identidade, e não vai tolerar outro caçador de fortunas. Depois de uma noite de amor com Lady V, Ashe não consegue tirar da cabeça aquela mulher de máscara branca, belas pernas e língua afiada. Mesmo sem saber quem ela é, o duque nunca tinha ficado tão fascinado por nenhuma outra mulher antes. Mas agora, à beira da falência, ele precisa arranjar muito dinheiro, e rápido. Sua única saída é se casar com alguma jovem que tenha um belo dote, e sua aposta mais certeira é a Srta. Dodger, a megera solteirona que tem fama de espantar todos os seus pretendentes.
Editora: Gutenberg l 256 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4,5/5
Que tal um romance de época inusitado, divertido e reflexivo? Logo nas primeiras páginas fui surpreendida pela escrita da Lorraine Heath que, indo muito além do romance, debate as regras sociais que regiam a Inglaterra do século XIX na intenção de mostrar o quanto as mulheres eram sobrepujadas e discriminadas. Assim, em Codinome Lady V encontramos romance, paixão, desejo, diversão, planos mirabolantes e, principalmente, uma importante reflexão sobre o papel da mulher na sociedade. Ou seja, durante a leitura mergulhamos em uma jornada de igualdade, amadurecimento e luta pelo amor próprio – e é óbvio que eu amei isso.
Minerva é uma lady que já recebeu inúmeras propostas de casamento. Contudo, nenhuma delas foi feita pelos motivos corretos. Todos os homens que cortejam Minerva estão interessados única e exclusivamente em seu dote – geralmente cavalheiros com títulos mas com nenhum pingo de dinheiro. E o pior da situação é que eles não se esforçam para conquistar a futura noiva, pois pressupõem que ela, como uma solteirona feia, os aceitará de bom grado e com o coração aquecido por finalmente ter encontrado um marido. O problema é que esses homens, egocêntricos e desrespeitosos, não entendem que Minerva não está sonhando com o dia em que encontrará um marido, mas sim com o dia em que será amada. A jovem sabe que não é a flor da temporada e entende (de uma forma racional e meio cruel) que não possui a beleza necessária para encantar um homem. Mas, ao contrário do que esperamos, ela sabe que é muito mais do que um rosto comum, que é uma mulher cheia de vida, de inteligência, de respeito e amor. E, exatamente por isso, ela não vai aceitar qualquer homem apenas para casar. E é aí que ela decide virar a Lady V, ir ao Clube Nightingale (local onde homens e mulheres podem viver, sem julgamentos e regras, paixões carnais) e encontrar um pouco de desejo e carinho. Ela quer se sentir viva, desejada, bela e amada. E, nem que seja por uma noite, ela conseguirá.
Acho que a sinopse deixa bem claro que o livro é sobre a Minerva. Tem romance – e já vou falar sobre ele – mas o grande diferencial dessa história é o fato dela girar em torno de uma jovem forte e determinada que sofre, constantemente, por bater de frente com os padrões sociais daquele período. Veja bem, Minerva deveria ser recatada, bela e austera, mais interessada nas falas dos homens ao seu redor do que em suas próprias convicções e, obviamente, grata a qualquer pretendente que aparecesse em seu caminho. Contudo, ela segue caminhos diferentes: se interessa por ciência e política, fala e debate com clamor, luta por seus direitos, não dá mais valor do que deveria às aparências e quer bem mais do que um casamento sem sentimento. Ou seja, Minerva é exatamente como nós, livres, determinadas, sonhadoras, donas do nosso destino e, principalmente, belas exatamente como somos – sem seguir o padrão ridículo imposto pela mídia ou, no caso de Minerva, pela sociedade. Foi impossível não entender Minerva, torcer por ela e, principalmente, aprender com ela. A jovem mostrou para mim a importância de lutarmos pelo que queremos sem nos importarmos com retaliações. Fora que ela provou que sempre vale a pena esperar pelo amor verdadeiro ao invés de se contentar com menos do que merecemos.
E para vocês que se perguntam onde o romance entra nessa história: lembra que comentei que Minerva iria viver uma aventura em um clube noturno? Pois bem, a jovem – mascarada e usando um codinome – encontrará um homem encantador, instigante e diferente de todos que cruzaram seu caminho. Ashe, mais conhecido como o Duque de Ashebury, vai fazer minerva se sentir viva, bela e desejada. As conversas entre eles são instigantes, a personalidade de ambos é vívida e cativante, e o romance entre eles começa aos poucos, no dia a dia e, surpreendentemente, indo muito além do desejo físico. Acho que isso foi uma das coisas que mais gostei no romance: apesar de começar em um clube noturno, feito exclusivamente para o pecado, o enlace amoroso vai muito além do físico. Além disso, Ashe – apesar de ser um Duque – também quebra vários paradigmas da sociedade, sendo o par perfeito para alguém de personalidade tão forte e marcante quanto Minerva.
Claro que o romance tem os seus clichês, mas ainda assim é muito gostoso acompanhar esses dois descobrindo o amor verdadeiro. Fiquei completamente apaixonada por eles! Porém, confesso, apesar de ter devorado o livro senti que não fui verdadeiramente tocada pela história. Gostei das mensagens abordadas, do romance e do bom-humor presente na narrativa da autora, contudo não consegui entregar meu coração à leitura e viver os sentimentos descritos. Foi como se lesse à distância, sem realmente me envolver. Engraçado isso, não é? Quando você adora um livro, mas sente que isso não foi o suficiente para amá-lo. Ainda assim, recomendo. Vale MUITO a pena conhecer a história da Minerva.
Sobre a Série
Codinome Lady V é o primeiro volume da série Os Sedutores de Havisham. Até o momento a série conta com três livros, sendo que apenas um deles foi publicado no Brasil.
Vale dizer que cada história possui início, meio e fim. O laço entre os livros é a relação de amizade que existem entre os protagonistas masculinos.
Beijos!
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