Em Os irmãos Sister, Patrick deWitt faz uma homenagem ao universo clássico do Velho Oeste, transformando o cenário comum em uma inesquecível viagem cômica com personagens marcantes – perdedores, trapaceiros, românticos, confusos – e uma narrativa empolgante. Uma ficção histórica sobre os anos 1850 que mostra dois irmãos unidos pelo sangue, a violência e o amor. O Velho Oeste não foi mais o mesmo depois que eles chegaram. Será que você conseguirá acompanhar o gatilho desses dois irmãos? Cuidado! Você está na mira deles!
Editora: Planeta l 208 Páginas l Ficção Histórica l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 3/5
Em Os Irmãos Sister – abusando dos elementos históricos dignos de filmes do velho oeste – o autor Patrick deWitt nos transporta até a época de 1850, apresentando ao leitor um cenário com abundância de pistoleiros, saloons, caçadores de ouro, homens fora da lei e duelos nem sempre honrosos. É nesse ambiente insípido e árido que conhecemos Eli e Charlie Sister, irmãos unidos pelo sangue, pela ganância de um e pelos sonhos de outro, e principalmente pela fama de matadores profissionais. Em meio ao mais recente trabalho para o qual foram designados, mergulhamos na vida desses homens, conhecendo mais sobre o passado de cada um deles e sobre seus anseios para o futuro, ao mesmo tempo em que acompanhamos a narrativa de uma viagem recheada de figuras cômicas e esperançosas, paisagens peculiares, muita violência, fé no desconhecido, e uma grande maré de azar, ou para alguns, inúmeras pitadas de sorte. Afinal, quem é que poderia imaginar que a busca pela morte, geraria a esperança de vida nova?
“… senti duas coisas ao mesmo tempo: uma felicidade por essa mudança na minha sorte, mas também um vazio por não me sentir mais contente; ou, em vez disso, um medo de que minha felicidade fosse forçada ou falsa. Talvez um homem nunca deva ser verdadeiramente feliz, pensei. Talvez não exista essa coisa no mundo, afinal.”
Quando li a sinopse desse livro um fator específico me saltou aos olhos – o cenário histórico da trama. Sempre gostei de narrativas ambientadas no velho oeste, entretanto como uma amante de romance, só havia lido livros desse estilo narrados por mocinhas indefesas e maltratadas por seus raptores, sendo assim, a possibilidade de ler sobre tal época na visão de um autor e sob o olhar de seus personagens tipicamente masculinos me encantou. É claro que de início imaginava os personagens principais com meu olhar feminino, idealizando-os com seus ombros largos e musculosos, o que não é, definitivamente, o caso dos irmãos Sister, porém, logo que me acostumei com as peculiaridades da escrita do autor fui capaz de ver o charme não só dos seus personagens principais, como também de sua história.
Eli e Charlie não poderiam ser mais diferentes. Um é um idealizador, outro um perfeito ambicioso, e em alguns momentos eles desempenham bem o papel de irmão malicioso contra irmão ingênuo, ou ainda, de homem bom versus homem mau. O com o coração menos corrompido entre eles, o sonhador Eli, é quem dá voz a essa história, levando-nos a conhecer seus medos, sonhos e ambiguidades que o tornam um atirador de elite com um coração sonhador demais. O engraçado é que em alguns momentos ele é doce e apaixonado, e em outros, rude e impessoal, o que faz dele um personagem que encanta o leitor com suas peculiaridades, e nos leva a torcer por ele, para que ele alcance seus verdadeiros sonhos. Nesse ponto a escrita do autor é um elemento que faz diferença, pois narrando os acontecimentos em primeira pessoa, ele leva o leitor, mesmo que contra a sua vontade, a compreender e aceitar o mundo de Eli.
Sendo assim, como vocês já podem imaginar, a princípio a trama gira em torno do relacionamento desses irmãos, de suas diferenças, da inveja e do egoísmo que ameaçam tal laço familiar, contudo, ao passo que eles evoluem em sua missão, percorrendo uma região perigosa e desconhecida, a relação entre eles muda, fortificando-se a cada momento que um deles arrisca a vida pelo outro. Confesso que tal mudança não foi completa (eu quase não acreditei nela para ser sincera), mas foi suficiente para tornar o livro imprevisível, além de dar a história uma nova face, transformando-a de uma aventura impetuosa e perigosa motivada pela morte, para uma viagem emocional e franca com o objetivo de dar a esses irmãos uma vida nova.
Eu gostei da moral da história, da descrição do cenário natural e humano desse período, e principalmente da figura imprópria de Eli. Suas aventuras com a mágica de sua ‘escova para higiene bucal’ me levou ao riso, e seu coração bobo ansioso por viver o amor me surpreendeu. Eu me diverti com ele e com alguns outros personagens dessa trama, e isso foi sem dúvida o ponto alto do livro, já que em contrapartida, a narrativa não me prendeu como deveria. No todo a premissa da história é boa, os personagens únicos e o final diferente do imaginado, no entanto, eu não fui abocanhada pela história, não senti ou vivi a moral do livro, e muito menos, acreditei em alguns ‘acasos’ enfrentados pelos irmãos. Sabe quando tudo acontece ao mesmo tempo? Quando a sorte ou o azar reinam em demasia? Pois bem, em certas ocasiões desacreditei na veracidade dos acontecimentos, e isso claro, fez com que eu não a vivesse e aproveitasse como deveria.
A leitura foi positiva em termos de paisagens históricas, e personagens cômicos, contudo, não foi uma grande leitura, claro, não foi para mim. Eu senti falta de mais emoção, de mais realidade, e de ação e aventura em níveis proporcionais a realidade da época ou ainda, mais condizentes com a duração temporal da história. De todo modo foi uma leitura agradável, mas infelizmente, não do tipo apaixonante.
Quotes Preferidos
“A maioria das pessoas vai continuar insatisfeita, sem nunca tentar entender por que ou como elas poderiam mudar as coisas para melhor, elas morrem sem nada no coração a não ser sangue sujo…”
“O que seria do mundo, pensei, sem dinheiro pendurado ao redor do nosso pescoço, ao redor de nossa própria alma?”
Comente via Facebook