Depois de passar um ano sem namorado, Isabela está determinada a realizar o grande sonho de ser uma escritora reconhecida. Resolve dar os primeiros passos anonimamente, criando um blog onde assina como ‘A Garota em Preto e Branco’. Em seu diário virtual, ela desabafa, fala dos amigos, dos não tão amigos assim, e confessa suas aventuras e desventuras amorosas. Assunto é o que não falta. Durante uma temporada agitada em Costa do Sauípe, na Bahia, acompanhada por Pedro, Amanda e sua insuportável prima Nataly, Isabela conhece o irresistível Gabriel, um sujeito praticamente perfeito, a não ser por um pequeno detalhe… Entre shows e passeios na praia, Isabela precisa admitir para si mesma que sente uma atração cada vez maior pelo seu melhor amigo. Em seu segundo livro, Isabela Freitas dá sequência às histórias dos personagens de ‘Não se apega, não’. Dessa vez, com a cabeça nas nuvens e os pés firmemente no chão, a personagem Isabela vai em busca daquilo que seu coração realmente deseja, mesmo quando seu caminho é bem acidentado e cada curva parece esconder uma nova surpresa.
Editora: Intrínseca l 272 Páginas l Chick-Lit (+Autoajuda) l Compare: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 3,5/5
Uma das características mais marcantes dos livros da Isabela Freitas é que eles misturam realidade com ficção. O fato é que são as experiências da autora que conduzem a vida de sua protagonista, também chamada de Isabela. Assim, seguindo o mesmo modelo do livro anterior, a narrativa de “Não se iluda, não” recria momentos da vida da autora com a ideia de mostrar os romances que ela protagonizou e os ensinamentos que tirou deles. E como tanto a autora quanto a protagonista são garotas como nós – inseguras, imperfeitas, estabanadas, platônicas, sonhadoras, corajosas e tudo mais o que somos no nosso íntimo – ao narrar sua história, Isabela Freitas permite que os leitores aprendam com seus erros e se divirtam ao descobrir que não somos os únicos que levamos vários tombos da vida, da mesma forma que também não estamos sozinhos na nossa luta em dar a volta por cima. Portanto, visto como uma obra que tenta ensinar valiosas lições para suas leitoras, o livro tende a desagradar (até porque não existem regras para ser feliz, para amar, para não se iludir ou para não se enganar). Contudo, do aspecto de entretenimento o livro cumpre seu objetivo, pois além de divertir ele nos envolve no crescimento da protagonista, fazendo com que passemos a ver de forma diferente algumas das barreiras que encontramos em nosso caminho.
A segmentação da obra é um ponto importante para descrevê-la. A história é dividida em: momentos em que a autora descreve suas experiências de vida, o quanto ela aprendeu e cresceu ao longo dos anos; a descrição de um romance (no melhor estilo chick-lit) que envolve a personagem Isabela em muitas enrascadas; e trechos tirados do blog da protagonista da história (que também lembra o fato de que a autora começou seu sucesso com um blog). Portanto, o livro gira em torno da nova fase que Isabela inicia: um período sem namoros em que ela aprendeu a se amar, um momento em que a jovem pensa em terminar o curso de Direito para batalhar por seu sonho de trabalhar em uma editora e, quem sabe, publicar seu livro, e a hora de não se iludir e aceitar o que seu coração tem gritado para ela.
Quanto à parte fictícia da história, só posso dizer que adorei as aventuras da mocinha. Por mais superficial que a obra pareça (e não se iludam, em alguns momentos ela é), a escrita da Isabela é fluída e divertida, tornando impossível para o leitor interrompê-la – simplesmente queremos saber se a Isabela terá seu final feliz, se ela encontrará o grande amor da sua vida. Contudo, não é surpresa eu ter gostado dessa parte do livro, até porque no volume anterior esse foi o elemento que mais me agradou: a história da personagem que sonha encontrar o amor mas que primeiro precisou aprender a se amar. Então poder ler mais sobre Isabela e seu relacionamento com seu melhor amigo e confidente, o Pedro, me deixou mais que envolvida com a leitura. Tanto no primeiro quanto no segundo livro, essas foram as partes que eu não queria parar de ler. Além do fato de que foram com elas que eu ri, me emocionei e fiquei doida de vontade de estapear os protagonistas e dizer “pelos céus, será que vocês são os únicos que não percebem o quanto se amam?”. Adoro um bom romance, e o da Isabela definitivamente me conquistou, principalmente nesse segundo livro.
Já com relação às partes da experiência da autora eu continuo com a mesma opinião: elas são desconexas. A Isabela da ficção é insegura e comete inúmeros erros, então fica atemporal a autora apresentar seus aprendizados nesse contexto, até porque logo depois de os lermos acabamos nos deparando com os erros da protagonista, o que nos deixa confusos – a Isabela é a narradora segura ou a protagonista insegura? No meu ponto de vista, seria muito melhor se os ensinamentos da Isabela fossem apresentados apenas como reflexo do amadurecimento da sua protagonista. Se ela vive isso, se aprende com seus erros, se deixa de transferir ao próximo sua necessidade de ser feliz e se aprende que para o outro amá-la ela precisa se amar primeiro, a autora não precisa nos dizer isso, as experiências de sua personagem falarão por si mesma. Parece clichê demais alguém tão jovem, que ainda comete muitos erros, dizer o que devemos ou não fazer. Só nos mostrar o fruto das suas ações seria o suficiente. Então o ponto é, gostaria bem mais se o livro fosse uma coisa ou outra, ou um chick-lit envolvendo a vida da Isabela ou um livro no estilo autoajuda com crónicas relacionadas com os aprendizados amorosos da autora.
No geral eu gostei do livro. Acho que ele tem reflexões que ajudam o leitor a aprender a se valorizar e escutar seu coração, mas o ponto falho é que a história é apresentada de uma forma muito confusa. Sendo assim, só lendo o livro para saber o que você encontrará. E, principalmente para os que gostam de leituras mais leves e divertidas, acho que vale a pena dar uma chance e conhecer o trabalho da Isabela.
Beijos!
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