No final do século XII, Jerusalém está dividida, marcada pelo conflito entre o islã e o cristianismo. Encurralados no litoral da Palestina, os cruzados tentam resistir enquanto o vitorioso exército muçulmano liderado por Saladino marcha sobre a Cidade Sagrada. Mas a chegada de Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, renova as esperanças cristãs de retomar a Terra Santa, e o caos se instaura novamente. Em meio à guerra brutal e implacável, Saladino encontra alento e amor proibido nos braços de Miriam, uma bela judia com um passado trágico. Mas quando o rei Ricardo captura Miriam e se apaixona por ela, os dois homens mais poderosos da Terra enfrentam-se numa batalha pessoal que determinará o futuro da mulher amada por ambos e de toda a civilização.
Editora: Record l 406 Páginas l Romance Histórico l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 4/5
Em meio às planícies áridas da Palestina duas nações poderosas se enfrentam pelo domínio da mais sagrada das cidades: Jerusalém. E, debaixo do escaldante Sol do Oriente Médio, dois reis lutam pelo poder e pelo o coração de uma mulher. O ano era 1191 quando as tropas de Ricardo “Coração de Leão”, rei da Inglaterra, e Felipe Augusto, da França, desembarcaram em São João D’Arce, único território cristão que ainda não havia sucumbido às forças islâmicas comandadas por Saladino.
“Uma tempestade estava surgindo na região costeira, e parecia querer avançar pelo interior, despedaçando a base das civilizações” p. 329
Quem se interessa por história sabe muito bem que os tempos de guerra entre os cruzados do “Coração de Leão” e os sarracenos de Saladino acabam em um acordo de paz em 1192, onde Ricardo I conseguiu estabelecer os Estados Cristãos no litoral da Palestina e a peregrinação dos cristãos à Terra Santa sem ameaças de embate entre as duas nações. Jerusalém permaneceu sob domínio árabe, mas estava aberta à visitação dos cristãos.
Esse é o pano de fundo real que Kamran (muçulmano criado nos E.U.A) utilizou para construir sua obra de ficção. O autor pegou as figuras mais ilustres da Terceira Cruzada (Saladino, Ricardo Coração de Leão e Maimônides, rabino e conselheiro pessoal de Saladino) para escrever uma história que vai além da narrativa histórica do tratado de paz entre muçulmanos e cristãos.
Através de sua narrativa pude notar aquilo que mais tarde li ser o desejo do autor, analisar o espírito humano diante dos horrores que foram as Cruzadas. Kamran mostra um Saladino simpático, altruísta e honrado, homem de guerra, mas ético e fiel as leis rígidas do Corão, vê-se também Maimônides desempenhar seu papel de rabino conselheiro do líder islâmico mais poderoso sem se deixar corromper e sem deixar sua fé para trás e, como o autor mesmo relata em uma nota, a tentativa de tornar Ricardo Coração de Leão em uma pessoa sensível e cheia de dúvidas.
Os relatos históricos (sim, eu pesquisei u.u) contam que Ricardo não tinha escrúpulos, era cruel e assassino, o oposto de Saladino, mas como seu rival, também era um grande estrategista. O Autor tenta com esse livro explorar o que talvez tenham sido crises de consciência do Rei da Inglaterra. Mas o que mais me marcou foi o papel de Miriam, personagem totalmente fictícia, mas que mostra como o povo judeu observava a disputa de Jerusalém por dois povos extremamente fortes e que ignoravam o direito à terra – que de fato pertence aos judeus – e William de Chinon, personagem também fictício, mas que assiste impotente aos crimes de guerra, sempre pensando e agindo para que os conflitos cessassem, e no todo único personagem com caráter e honra dignos de um verdadeiro cavaleiro.
Miriam acaba se tornando o pivô de intrigas e estratégias políticas. Sem gostar, me vi na pele dela. Como uma mulher reagiria em tempos de guerra? Acho que eu seria como ela… O livro me marcou. Senti-me dentro do momento histórico que considero mais importante, pois marcou o relacionamento entre esses três grandes povos, e consegui entender o que motivou essas guerras: poder e inflexibilidade com o diferente.
De fato, quando fechei o livro, senti um amor incomum pelos personagens reais e pelos fictícios e uma repulsa ao saber que o que li faz, de fato, parte da história. Nós aprendemos na escola as coisas erradas. Aprendemos que os culpados são os muçulmanos, quando, na verdade, todos têm culpa. Se a intolerância fosse deixada de lado, esses conflitos sangrentos e vergonhosos jamais teriam ocorrido.
William de Chinon acaba sendo meu personagem preferido, pois ele reflete os sentimentos controversos das vítimas dessa tragédia: crianças, mulheres, idosos, inocentes mortos, estuprados, dilacerados pelo desejo incontrolável de poder e pelo orgulho dos homens.
“- Esse conflito não é em nome de Cristo nem de Alá – sentenciou ele, a voz elevando-se, como se para proclamar a verdade dolorosa de modo a ser levada pelos ventos marítimos aos quatro cantos do mundo. – É em nome da riqueza e do poder. Em nome de uma civilização que um dia foi o centro do mundo e que agora está reduzida à periferia, humilhada e empobrecida.” p. 215 (Sir William de Chinon)
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