Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era uma garota comum, um pouco nerd, que frequentava a Alabaster, uma escola tradicional e altamente competitiva. Mas tudo muda durante as férias. Na volta às aulas para o segundo ano, o corpo de Frankie havia se desenvolvido, e ela havia adquirido muito mais atitude. Logo ela chama a atenção de Matthew Livingston, o cara mais popular do colégio, que se torna seu novo namorado e a apresenta ao seu círculo de amigos do último ano. Então Frankie descobre que Matthew faz parte de uma lendária sociedade secreta – a Leal Ordem dos Bassês -, que organiza traquinagens pela escola e não permite que garotas se juntem ao grupo. Mas Frankie não aceitará um “não” como resposta. Esperta, inteligente e calculista, ela dará um jeito de manipular a Leal Ordem e levantará questionamentos sobre gênero e poder, indivíduos e instituições. E ainda tentará descobrir se é possível se apaixonar sem perder a si mesma.
|| Cortesia Editora Seguinte || Skoob || Compare & Compre ||
Classificação: 5/5
tudo? Aos catorze anos, sob o olhar
acirrado de sua família, Frankie ainda era considerada a princesinha da mamãe,
enquanto na escola, como uma jovem inteligente e integrante do clube de
debates, ela era vista apenas como a
irmã mais nova de Zada, uma popular veterana. Porém, eis que as férias chegam:
um verão de praia, boas leituras, e inúmeras mudanças. Em seu segundo ano no
famoso e conceituado colégio interno Alabaster Frankie é uma nova garota, dona
de um belo corpo, de uma língua afiada e de uma astúcia impensável. Se antes
ela se contentava com a pequena atenção que recebia, hoje ela quer muito mais:
ela quer ser vista, ser aceita, e principalmente ser respeitada não pelo novo
número do seu sutiã, mas sim por seus ideais e valores; ela é uma garota tão
inteligente quanto qualquer outro garoto e quer provar que é capaz de qualquer coisa. Você já viu uma jovem
apaixonada pelo cara mais popular do colégio se contentar em brilhar do lado
dele como um belo enfeite? Pois bem,
esse não é o caso de Frankie; ela quer que as pessoas (sua família, seu
namorado, seus amigos, sua sociedade)
vejam que ela não é um rostinho bonito, mas sim uma força, alguém brilhante e poderoso.
tivesse sido invisível (…). E agora não é mais. – Só porque os meus peitos
cresceram? Não pode ser; eles devem olhar para os rostos das meninas de vez em
quando. Se não, como é que iam reconhecer as pessoas?
narrado como um relatório de avaliação da culpa de Frankie. Logo no começo do
livro fica claro que ela fez algo que não deveria, de forma que o locutor da
história vai apresentando fatos e situações inesperadas que levaram a jovem
protagonista até o seu infame
presente: um bilhete queimado, um e-mail suspeito, um trabalho político
inteligente demais para influenciar qualquer bom aluno, e até mesmo uma carta
de confissão… As provas apontam para Frankie, mas o que de fato ela fez? Tudo começa com as mudanças externas que ela
apresenta, sua beleza abre as portas para um novo mundo, permitindo que Frankie
chame a atenção dos garotos mais populares do colégio, tornando-se parte do
grupo deles – seja como amiga, namorada ou parceria de crime. O problema é que
eles escondem um segredo, um mistério que envolve um código de honra que
perdura no colégio de geração a geração: uma Ordem secreta de quê nenhuma
garota ouviu falar, que usa como símbolo um fofo basset (sim, o cachorro!), e
que se resume a fazer pequenas traquinagens pelo colégio. Só que Frankie quer
fazer parte dessa turma também, quer conhecer por completo esses garotos, quer
provar que é digna e inteligente, e é então que suas ações começam a tomar um
rumo inconsequente. – Se ela quer ser lembrada e provar que é capaz vai ter que
quebrar algumas regras, e de fato ela não vê nenhum problema nisso.
…estar com ele
fazia Frankie se sentir como se estivesse esmagada dentro de uma caixa – uma
caixa onde ela deveria ser encantadora e sensível (mas não sensível demais);
uma caixa para as garotas jovens e bonitas que não eram brilhantes ou poderosas
quanto seus namorados. Uma caixa para pessoas cuja força não merecia ser levada
em conta. Frankie queria ser uma força.
precisasse resumir o livro em uma palavra sem dúvida seria surpreendente. De uma maneira inusitada a autora aborda vários
temas importantes, incitando o leitor a refletir sobre fatos como o machismo, a
política social de controle e padronização dos indivíduos, e a forma como
precisamos de pessoas que saiam da rotina pré-estabelecida pela sociedade para provar
que o diferente também pode ser aceito. Assim como faz Frankie. Ela é apenas uma garota com um cérebro
brilhante que quer ser vista como mais do que um rostinho bonito, e ela não
mede esforços para provar sua teoria, deixando muitos garotos no chinelo com
sua mente perversa. Entretanto, isso
não quer dizer que suas ações sejam corretas, ela foge do padrão social, ela
choca e nos faz refletir, porém ainda assim, segue um caminho “sem lei”. Sabe
quando precisamos protestar contra alguma ação abusiva do governo e acabamos
quebrando, pichando, ou degradando uma propriedade privada? Pois bem, não
existem dúvidas de que a intenção da ação é válida, contudo por mais eficaz que
ela seja no momento do protesto, ainda assim, ela não é correta.
traquinagens, romance, amadurecimento juvenil e reflexões sociais. E o melhor
disso é que a autora deixa claro o elemento politicamente
incorreto de sua obra, ela dá asas à força de uma menina-mulher, mas também
mostra as consequências de suas ações. Outro ponto é a amaneira como ela
descreve o espírito de Frankie, é como um grito feminista, uma vontade nata de
ser mais do que os olhos podem ver e, ah, como eu gostei disso! Além de tudo,
ainda temos de bônus uma escrita fluída e misteriosa, que prende completamente
o leitor. Eu esperava uma obra clichê e leve, mas não tive nada disso, o que eu
realmente encontrei foi uma trama juvenil inteligente o suficiente para ser
diferente: nada de triângulos amorosos, nada de mocinhas queixosas e com medo
de suas inseguranças; Frankie é jovem e claro que tem medos, mas em nenhum
momento ela deixa que eles os definam: ela não é definida por suas
inseguranças, por sua família, por seu namorado e muito menos pela sociedade.
Trata-se então de um novo símbolo do espírito feminino? Provavelmente isso, ou
talvez de uma futura presidente nacional, membro ativo da NASA ou quem sabe de
uma líder social.
Diagramação ♣
de Frankie Landau-Banks é repleto de
simbolismo; rica em detalhes, a história – fazendo uso de fatos verídicos
alheatórios, bilhetes e e-mails – incita no leitor a vontade de compreender por
inteiro o grande mistério da trama, e para isso é mais que necessário uma
diagramação que leve em conta tais minúcias. Seguindo essa linha de pensamento
a Seguinte mandou muito bem na composição interna do livro, dá só uma
olhadinha:
cachorrinhos fofos aí são a CARA dessa história ♥
poderosos quando as pessoas sabem que você os tem (…). Conte a eles um
pedacinho do seu segredo, mas mantenha o resto bem guardado.
mentezinha perversa, sabia? (…) Estou falando sério. Aposto que você é pura
encrenca dentro dessa embalagem bonita.
monstro, ela pensou. Mas pelo menos não fui a irmãzinha de alguém, a namorada
de alguém, uma aluna qualquer do segundo ano, uma garota qualquer – alguém cuja
as opiniões não importavam.
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