não é um texto didático, inovador, ou muito menos explicativo sobre as
infinitas considerações a respeito da definição do que é certo ou não. Essas
palavras são, antes de qualquer coisa, um desabafo. Um grito de uma leitora que está cansada de
julgamentos enfadonhos e hipócritas.
foi julgado, avaliado com descaso, ou apelidado e analisado por algo que
reflete apenas seu exterior – seja uma roupa, um corte de cabelo, ou até mesmo uma
característica genética? Já passou por uma situação real e dolorosa de
preconceito? Ou ainda, já teve que presenciar um amigo ou parente sofrer bullying? Infelizmente tais casos são
comuns em nossa sociedade; uma sociedade que repele o diferente e que não
prepara as crianças para a diversidade cultural e étnica do mundo. Porém, nossa
comunidade reflete o que somos, e se hoje enfrentamos tantos problemas de preconceito
racial e cultural é porque assim o somos: intolerantes, egoístas, e covardes
com o desconhecido.
que em uma primeira impressão analisamos o outro a partir daquilo que ele
expressa em seu exterior, mas não é preciso ser um gênio para saber que a
aparência não é tudo, que só podemos definir algo ou alguém quando nos tornamos
aptos a compreender mais do que os olhos podem ver. As aparências enganam, a
beleza pode ser comprada, e os sorrisos muitas vezes não refletem a alma. Em
contrapartida um bom coração, um
interior rico em amor e carinho, não pode ser camuflado por muito tempo, e a
grande questão é que é preciso dar um voto de confiança, é preciso querer enxergar além. Então mais uma vez, se nossa
sociedade declina no abismo da injustiça e da segregação é porque colaboramos
para isso, é porque não somos capazes de enxergar com o coração. E eu sei que
isso não é uma grande descoberta, afinal não estou dizendo nada que já não
sabemos, contudo mesmo tratando-se de algo tão óbvio continuamos a julgar a
todo direito o que está ao nosso redor, considerando-nos os donos do mundo ao soltarmos
nossas opiniões maldosas e muitas vezes supérfluas. – Porque sim, se você não
sabe ou não conhece completamente sobre o que está falando você está sendo
superficial, mesquinho, ou até mesmo desnecessário ao definir o desconhecido
como algo negativo.
em que quero chegar é que existem pré-conceitos intrínsecos de todo ser humano,
cada pessoa tem um jeito singular de definir o outro e “catalogar” suas ações
como certas ou erradas, mas o importante é saber que essas impressões podem ser
alteradas com o tempo, e que para isso é necessário deixar que isso ocorra: deixar
que o outro prove ser mais do que aparenta. Exatamente como nós leitores fazemos
(ou pelo menos tentamos) com os livros. Se você lê de tudo, se você não julga
um livro pela capa, se você não tem medo de se arriscar e descobrir que, contra
todas as probabilidades, gostou de um livro que não aparentava ser a sua cara,
então por que você agiria diferente ao mudar o objeto do seu julgamento? Ou
ainda na situação inversa, se você acredita ser uma boa pessoa, com fé o
suficiente para ir além de julgamentos mesquinhos, por que deveria julgar um
livro, um filme, ou um CD pela sua capa? A grande questão é que, julgar algo
pode ser nato de cada indivíduo, mas é a forma como você lida com isso que te define.
indivíduo reflete Deus, então mesmo em nossas imperfeições e distinções somos
todos perfeitos à nossa maneira. Mesmo com gostos diferentes, mesmo com visões
inusitadas, ou até mesmo com opiniões erradas, todos nós merecemos amor,
carinho e respeito. E quer saber de uma coisa? O que te torna mais ou menos indigno não é sua embalagem, é seu conteúdo.
Então por favor, não me julgue sem me conhecer verdadeiramente, não julgue meus
gostos sem estudá-los, não diminua minha fé sem ver meu coração, ou não dê
razão a minha aparência sem antes observar meus medos e segredos. Eu sou mais
do que aparento, por isso me questione, não me julgue pelo que vê, conheça-me!
eu quero dizer é: eu leio obras sobrenaturais, constantemente me deixo levar
por algum livro juvenil, adoro um bom clássico, sou louca por narrativas new
adults, e adoro qualquer tipo de romance, seja épico, cômico, erótico ou
histórico. Ou seja, eu sou sim a garota que vê romance em tudo e não me importo
se suas regras ou leis fazem de mim, por causa dos meus gostos, alguém sem princípios
ou menos culta, nesse caso meu
coração e meu cérebro devem bastar como prova e se não forem, por mim tudo bem,
basta eu estar feliz com o que sou.
ensinou a lutar contra os pré-julgamentos e a intolerância foi a R. J. Palacio
com seu livro Extraordinário.
Nunca um livro foi tão tocante, real, e reflexivo a respeito do preconceito
como essa história é. – E tudo na voz ativa de um doce menininho de dez anos! Ele
foi capaz de enxergar e lutar por um mundo melhor, então nós também o podemos
não é mesmo? Nem que seja para começar dizendo: eu gosto SIM daquele livro, e
daí?
Se
fizerem isso, se forem apenas um pouco mais gentis que o necessário, alguém, em
algum lugar, algum dia, poderá reconhecer em vocês, em cada um de vocês, a face
de Deus. Extraordinário, página 303.
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