janeiro 30, 2012

[Resenha] Liberte meu Coração – Meg Cabot

Sua Alteza Real, a princesa Mia Thermopolis da Genovia, cujos diários se tornaram sucessos de venda, agora mostra ao mundo inteiro seu primeiro romance — cheio de perigo, desejo e um amor que vencerá todos os obstáculos… com a ajuda da incrivelmente talentosa Meg Cabot! Finnula é a caçula de seis irmãs e um irmão na Inglaterra do século XIII. Enquanto suas irmãs se contentam em fofocar sobre maridos, crianças e afazeres domésticos, Finnula é alvo de comentários maldosos de toda a vila por caçar nos terrenos do conde e por andar por aí em calças de couro justas! Mas de repente Finnula se vê envolvida numa complicação sem tamanho… Uma de suas irmãs acabou com o seu dote comprando vestidos e bugigangas, e a única forma em que as duas conseguem pensar para recuperar esse dinheiro é muito pouco usual… Sequestrar um lorde ou um cavaleiro rico que possa pagar um resgate! O que ela não esperava é que esse sequestro fosse criar mais problemas do que soluções: o cavaleiro recém-chegado das Cruzadas que é escolhido por Finnula vai acabar se mostrando alguém muito diferente do esperado, e a moça pode acabar tendo que abrir mão do resgate… e de seu coração.

Editora: Galera Record l 404 páginas l Romance Histórico l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 4/5

 

Nada menos do que extremamente divertido. Como característico da narrativa da Meg Cabot o bom humor é um traço constante na trama de “Liberte meu Coração”. Em um cenário singular – Inglaterra, 1291 – a autora nos envolve com o romance presente em sua estória, nos ganha com a personalidade ferina de seus personagens e nos encanta com um contexto medieval rico em costumes e formalidades específicos da época, ou seja, a narrativa remete a época dos feudos, dos impostos pagos sobre o uso das terras do Lorde, das Cruzadas, e claro, das donzelas em perigo.

Contudo, a “donzela” a qual somos apresentados é bem diferente das moças de sua época. Finnula é totalmente avessa às tradições e convenções sociais que determinam o que é, ou não, apropriado no comportamento de uma mulher, assim, ela não é do tipo de moça calma e amável, nascida e criada somente para cuidar da casa, costurar, lavar e cozinhar, ou ainda, do tipo que usa vestidos longos e rodados e que vive em busca de um marido. Com a graça do dom de possuir uma ótima pontaria, Finnula prefere caçar e cavalgar, andando por aí, para o espanto da grande maioria, em uma justa e inapropriada calça de couro. Sua personalidade é forte e dominadora, com a língua afiada ela não tem medo de expressar e de fazer valer sua opinião, traço comum nas heroínas criadas pela Meg, contudo, a grande diferença entre elas e a Finnula é a ação, ela definitivamente age de acordo com seus próprios conceitos, o que é no mínimo, bem atrevido para a época em questão.

Entretanto, Finn possui um coração bondoso e diante de um pedido aflito de uma de suas irmãs, se envolve em uma tremenda enrascada. O fato é que sua querida irmã gastou todo o dote em frivolidades e para juntar o montante novamente, recorre a Finn, a qual sabe que possui coragem suficiente para tal artimanha – O plano das jovens é sequestrar um homem de posses, para então, com o valor do resgate, ganhar o dinheiro suficiente para ajudar uma delas a reconstruir sua vida. Finn sabe que a prática é perigosa, mas segundo sua irmã várias mulheres da redondeza já recorreram a essa técnica, desta forma, sem muitas escolhas, sai em busca de uma “presa perfeita”.

Assim que ela escolhe um alvo, não mede esforços para encurralá-lo e sabendo da sua posição como mulher, usa esse artifício para distrair aquele que imagina ser um nobre que retorna para casa depois de alguns anos servindo no exército das cruzadas. Contudo seu sequestrado, muito maior e mais forte que ela, possui uma irritante calma com relação à situação, parecendo fazer pouco caso do sequestro. O que Finn não sabe é que ele, ao mesmo tempo em que está surpreso com os modos incomuns de sua sequestradora, está encantado com sua beleza e bom humor e que por isso, de bom grado, resolveu deixar ser raptado por ela.

“Que tipo de mundo era este onde estava? Quando, em nome de Deus, donzelas tinham começado a usar calças de couro, a capturar homens adultos e prendê-los para pedir um resgate? Estava longe da Inglaterra fazia muito tempo, ele percebeu, mas era possível que tanta coisa tivesse mudado durante esses anos? Porque, dez anos antes, adoráveis donzelas coravam ao falar com um estranho. Não tiravam a roupa na frente de um e depois pulavam em suas costas e seguravam uma faca em seu pescoço.”

Juntos, Finn e seu sequestrado nos divertem com a inusitada contradição existente na relação que os une. Ela, por um lado, quer provar a ele o quanto é forte, ameaçando-o constantemente, e ele, a contrapartida, divertido com a atitude de sua bela sequestradora, quer desvendar os mistérios que envolvem sua personalidade cativante. Nesse impasse eles vivem um longo período de brigas recheadas de muito bom humor e uma leve dose de desejo.

“(…) Bem, meu irmão mais velho, Robert, tenta cuidar de mim, eu acho. Mas somos seis… — Seis o quê? — Seis irmãs. E não é fácil para ele… — Meu Deus — ele exclamou. — Você está dizendo que existem mais seis de você em casa?”

Hugo, o sequestrado, tem uma personalidade envolvente, ameaçador quando precisa, ele sabe como intimidar as pessoas, irônico não poupa palavras, mas quando quer, sabe ser sedutor e encantador. Logo descobrimos seus segredos e a forma com a qual eles colidem com o passado de Finn, um passado repleto de lembranças que ela quer, de todas as formas, esquecer. Assim, não demora muito para a autora inserir boas doses de mistério na trama, surpreendendo-nos com o caminho para o qual ela segue.  

Gostei muito do livro, me diverti muito com Finn e Hugo, me emocionei com a história do passado de cada um deles, me encantei com o cenário, mas principalmente adorei ver a forma como eles passam a se amar. O início da paixão, o leve indício do amor, tudo é belo e contagiante, mas como um bom livro de romance, não é fácil, afinal, Finn tem uma grande resistência ao charme natural de Hugo.

“— Você acha que sou tola? — ela perguntou. — Que vou ficar extasiada por suas lindas palavras e implorar para você me tomar em seus braços? — ela riu com sarcasmo. — De jeito nenhum! — Vai ser uma longa noite. — Hugo suspirou. — Longa e fria. Pense no conforto que encontraríamos um nos braços do outro… Finnula ergueu-se e, com o punho, desferiu um golpe sonoro no meio da testa do cavaleiro, fazendo com que a cabeça dele batesse contra o pé da grade da manjedoura”

Toda a diversão e encanto do livro são previsíveis, afinal, não esperamos menos do que isso nos romances históricos escritos pela Meg Cabot, mas nesse, em particular, teve um ponto que me incomodou, a grande semelhança da trama com os outros livros desse gênero escritos pela autora. Não me entendam mal, o livro é ótimo, contudo, em alguns pontos eu me questionava – Sério que novamente a estória vai caminhar para esse rumo?. O ponto central é que os romances históricos da Meg seguem um ciclo vicioso – mocinha fora dos padrões da época, paixão avassaladora, resistência que o casal tem em assumir o sentimento de amor que os liga, ambição por poder de alguns e suspense quanto ao “final feliz”, claro que a trama varia, mas a semelhanças existentes entre elas, como já disse, me incomodou, principalmente pelo fato de que esse livro, em particular, ter me lembrado, e muito, a narrativa do livro “A Rosa do Inverno”.

Entretanto, mesmo com as semelhanças, a autora conseguiu me surpreender com a força de seus personagens e claro, com a riqueza do cenário criado. Confesso que talvez tenha esperado mais, mas isso é devido a minha preferência pelos romances históricos, e pelo fato de que ultimamente tenho lido uma grande variedade de livros dessa classe, o que com certeza, modificou minhas expectativas quanto aos mesmos.

De qualquer forma, super indico o livro, ele é leve, divertido e romântico, talvez um pouco previsível e clichê, mas vindo da Meg, isso é relevante, afinal, sua escrita bem humorada nos proporciona uma leitura super agradável, independente dos artifícios de sua narrativa.

Beijos!

 

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22 Comentários

  • caroline
    02 novembro, 2012

    Muito bom!Adoro os livros da Meg Cabot,são muitos divertidos,as vezes solto gargalhadas com algumas partes.
    e a capa desse livro é linda,quero muito ler os outros q seguem o mesmo genêro desse.

  • Karolyne Oliveira
    09 agosto, 2012

    Adorei sua resenha, pelo que você falou, acho que vou gostar muito desse livro. Fui na Saraiva ontem e minha amiga disse pra escolher um livro, presente de aniversário. Comecei a olhar e ela entrou na onda, ja que ela não tem o costume de ler, ficou encantada com várias capas, inclusive a desse livro. Aí ela disse: vou te dar esse tambem, esse livro é muito bonito! hahaha Ganhei ele e "Quarto". =)

  • Ana Beatriz Silva
    29 julho, 2012

    esse livro parece ser maravilhoso, eu só li o primeiro capitulo na internet e já amei diferente de muitos livros que eu li tipo o imperador da ursa maior, o primeiro, o segundo e o terceiro capitulos são muito chatos, mas justamente no final o terceiro eu fiquei viciada

  • Erica Leme
    25 fevereiro, 2012

    Eu quero muito ler esse livro, porém ainda não li a série da Princesa inteira, e pretendo ler tudo na ordem certa, embora as histórias não tenham nenhuma relação.
    Adoro os livros da Meg e sua resenha ficou ótima.

  • Sheylla
    04 fevereiro, 2012

    Passei a desejar todos esses livros fofos – românticos – históricos da Meg por culpa sua Pah! rsrs

    Apesar de achar que alguns são bem previsíveis e tal, gosto de romances leves e divertidos!

    Ótima resenha!

    Beeijo

  • Nana
    03 fevereiro, 2012

    Hey
    Eu tenho esse livro por aqui, mas ainda não li.
    Acho super estranho o nome da moça.
    Gosto de romance histórico, porque sempre fico imaginando as roupas, os vestidos da época.. que eram lindos.

    Adoro o jeito que a Meg escreve e espero gostar desse livro.

    Ótima resenha

    beijos
    Nana – Obsession Valley

  • Ana Ferreira
    03 fevereiro, 2012

    Pah,

    Dos livros da Meg, li apenas alguns juvenis e achei-os, sim, naturalmente, bem espirituosos e divertidos.

    Os históricos não me interessam particularmente, mas tenho que concordar que essa história da mocinha livre, corajosa e à frente de sua época não está, exatamente, à frente em termos de criatividade literária. E é como dizem, um autor escreve uma continuação do mesmo livro a cada novo volume. Os detalhes, a essência, o estilo não se perdem…

    Adorei a resenha!

    Beijinhos,
    Ana – Na Parede do Quarto

  • Mayara Freitas
    02 fevereiro, 2012

    Olá!
    Faz muito tempo que não leio nada da Meg Cabot, mas sua resenha me deixou curiosa… Agora quero ler esse livro 😉

    Estou começando meu blog agora.Ainda tem pouquinha coisa nele,mas passa lá pra dar uma olhadinha

    estemeujeitodeler.blogspot.com

  • Rafaela Lopes
    01 fevereiro, 2012

    Eu super quero ler esse livro, mas estava pensando em terminar O Diário da Princesa primeiro, mas aí vi que não vai rolar, então vou ler Liberte meu Coração em breve, adorei sua resenha perfeita o/

  • ★★ GIZA ★★
    01 fevereiro, 2012

    adorei a resenha amiga, tenho muito vontade de ter esse livro, gosto muito do estilo de escrita da Meg Cabot. beijos

  • Mariana Ribeiro
    01 fevereiro, 2012

    Olá, Páh!!
    Adorei a sua resenha!!
    Realmente, os livros dela estão mesmo convergindo para um desfecho parecido nesse quesito. Pelo que falou, essa fórmula é muito usada quando ela escreve romance histórico sob o pseudônimo de Patricia Cabot, né? Mesmo assim, adorei o livro!!
    Estou louca para ler A Rosa de Inverno também!
    Bjos.

    Mariana Ribeiro
    Confissões Literárias.

  • Alinne
    01 fevereiro, 2012

    Oi Pah.
    Sou doida para ler algum romance histórico da Meg e pretendo começar com o Aprendendo a Seduzir, mas este também é um dos meus desejados.
    É uma pena que não te agradou completamente por causa das semelhanças com outros livros, mas acredito que isso seja típico da autora mesmo. Quem sabe nos próximos livros ela não muda isso né?
    Beijos.
    http://booksedesenhos.blogspot.com

  • Isabela
    01 fevereiro, 2012

    Adorei a resenha! 😉
    Acho legal a Meg conseguir pular de um estilo pro outro. Mas de qualquer maneira é o que você mesma disse, é meio previsível e no final, o forte dos livros, são os personagens.
    Mas sou louca pra ler esse livro, principalmente pela capa que é LINDA.

  • Mônica
    31 janeiro, 2012

    Ai nem me fale neste livro, sou louca pra ler, ai, ai. Sabe que eu já dei um livro desse de presente a uma amiga e nunca comprei um para mim, pior é que a amiga mora longe e nem pode me emprestar.
    Mas Pah, esta escritora é assim mesmo, os seus livros são ótimos mas sempre tem um senão. Ela sempre deixa um furo e a gente que é exigente nunca fica muito satisfeita. Mas sei que vale a leitura.
    Adorei a resenha e sua sensibilidade.
    Quanto a Maya, ela é maravilhosa, um personagem que fica gravada na gente, quando tiver oportunidade leia.Você vai gostar.
    Beijos

  • Thaís Varine
    31 janeiro, 2012

    Achei bem interessante a proposta da Meg ao fazer o livro e tenho vontade de ler a obra. Ainda mais quando ela diz que recebeu uma ajuda da Mia para escrever ;D

  • Samantha M.
    31 janeiro, 2012

    nossa!

    romance de época da m. cabot ? fiquei super curiosa para ler! *-*

    parabens pela resenha <3

  • jayane
    30 janeiro, 2012

    Já ta no skoob e logico quero ler muito já li a maioria dos livros da Meg.

  • Cássia Drobev
    30 janeiro, 2012

    Amiga amei sua resenha,bem escrita de forma que nos leva a sentirmos parte do cenário e do livro por completo,com certeza depois dessa resenha irei marca ele como desejado.

    Cássia Drobev

    LEITURAS APAIXONANTES

  • Aione Simoes
    30 janeiro, 2012

    Oi Pah!
    É, sua descrição do livro se encaixou muito com A Rosa do Inverno!
    Uma pena que tenha te decepcionado um pouco por causa dessas semelhanças, mas, como você ressaltou, o livro ainda assim parece ótimo e quero lê-lo!
    Beijão!

  • Thais Priscilla
    30 janeiro, 2012

    Adoro a escrita da Meg e estou louca pra ler esse. Mal posso esperar pra comprar o meu *-*

    Beijinhos,
    Thais P.
    http://thaypriscilla.blogspot.com

  • NI
    30 janeiro, 2012

    Verdade, sendo da Meg, não importa se é clichê: você pode saber o começo, o final e alguns detalhes, mas o *toque* dos livros dela é a sua narrativa super característica! Estou louca para ler este livro!

    Beijão! 😀

  • Marcelo Lima
    30 janeiro, 2012

    Acredita que não gostei muito desse livro , talvez porque eu tenha esperado demais ou lido muito rapido! Adorei a resenha sumida!