jovens aprendemos que para fins didáticos a história do mundo foi dividida em
eras: Pré-História, Idade Antiga, Idade
Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, e que a passagem de uma “era”
para a outra foi sempre marcada por um acontecimento
que modificou a organização social da época. Sendo assim, não seria presunção
minha concluir que a evolução histórica de nossa sociedade está diretamente
ligada a sua capacidade de transformação, ou seja, a sua aptidão em se moldar
as necessidades e anseios da população. Um bom exemplo de tal alteração social é
a revolução feminina. Em meados do século XIX as mulheres
passaram a almejar sua independência financeira e ansiar pela igualdade social
de forma que para isso lutaram contra o machismo e o preconceito, elementos tão
comuns na época, e como resultado hoje nós temos uma sociedade parcialmente igualitária, em que a
discriminação por gênero é quase coisa
do passado. O ponto que quero alcançar
é: as pessoas mudam, o mundo muda, então porque
isso seria diferente na literatura?

que a literatura muda conforme as preferências e gostos de seus leitores, o
mercado editorial se adéqua ao estilo literário do momento, investindo em obras
que sigam o embalo do sucesso atual, saturando o mercado com livros que possam
se adequar ao estilo “queridinho da
temporada”. Quer exemplos? Se
pararmos para refletir, em qual momento a literatura brasileira se difundiu e
consolidou entre o público jovem? Não existem dúvidas de que o primeiro grande “boom” literário ocorreu com a saga Crepúsculo da autora Stephenie Meyer, que
como uma exímia precursora do gênero sobrenatural jovem abriu espaço para uma
onda literária vampiresca sem tamanhos.
sobrenatural caiu no gosto dos leitores jovens e então, além dos vampiros,
novos seres passaram a povoar as páginas dos lançamentos literários: Anjos, Fadas, Bruxas, Lobos, Fantasmas, Zumbis.
Hoje alguns afirmam que o mercado literário sobrenatural está saturado,
entretanto vire e mexe vemos por aí lançamentos dessa classe literária, e a meu
ver, vamos continuar vendo, afinal a grande questão é que este gênero pode já
não estar mais em alta nas livrarias ou no topo da lista de vendas, mas sua
fase de sucesso criou seguidores assíduos que esperam sempre por novidades
literárias desse estilo.
fase sobrenatural surgiram outros estilos literários que caíram no gosto dos
jovens leitores, como por exemplo, os livros contemporâneos que falam sobre Bullying, tema complexo e extremamente
presente em nosso dia a dia e por esse motivo, real o suficiente para agradar
seu publico alvo.
não falar dos livros distopicos, os
grandes queridinhos do momento? Jogos Vorazes, o grande antecessor do
gênero, envolveu, emocionou e cativou o mundo todo com sua forte crítica
social, um tema inteligente, distante ao mesmo tempo substancial. Não demorou
muito para leitores de todo o mundo ficarem loucos por esse tema literário, e
por isso, as editoras iniciaram uma verdadeira “caça” por possíveis sucessos do gênero. Resultado? Inúmeras obras
distópicas abarrotando as prateleiras de nossas livrarias preferidas.
Stephenie Meyer , ambas autoras modificaram o cenário literário do mundo, da mesma forma como a E L James vem fazendo. Perceberam o ponto central dessa matéria? Assim como os marcos históricos que definiram a modificação das eras sociais, vemos diante de nós autoras que foram pioneiras em transformar o gosto literário de inúmeros leitores e que por esse motivo, abriram as portas para outros autores embarcarem nesse gosto literário e principalmente, fizeram as editoras procurarem novas obras para os seus catálogos de lançamentos.

questão é, E L James, com seus livros polêmicos, será capaz de inserir o romance
adulto erótico no marco dos gêneros literários queridinhos de leitores de todo
o mundo? Pode ser que os leitores se cansem logo do gênero, mas é fato
que a corrida editorial voltada para esse estilo literário já começou. No
Brasil eram raras as editoras que buscavam livros mais adultos, que focam no
sexo ou que não se policiam quando esse é o assunto principal da trama, aqui
abro espaço para citar os romances de banca ou até mesmo, os romances
históricos adultos que se enquadram nesse gênero literário, mas que nunca
alcançaram um grande respaldo entre a massa da literatura, contudo, depois de “50 tons de Cinza” não se fala de outro
gênero literário, as editoras estão procurando lançamentos nesse estilo e os
leitores buscam saciar sua curiosidade a respeito de tantos comentários que
surgiram sobre as obras de E L James.
polêmicas sobre tal classe literária são inúmeras, o preconceito gigante, mas o
fato é que essa é a grande aposta do
momento. Eu acredito que o gênero vai fazer muito sucesso por aí,
independente da forma como os machistas de plantão vão rotulá-lo ou do título
de pornô que muitas obras desse estilo vão receber. Sabe por que eu aposto na
classe? Porque já existe um publico formado que gosta desse estilo de leitura,
existem inúmeros romances sobrenaturais, contemporâneos e históricos publicados
por aí que abrangem essa classe literária, agora a massa está a par desse
gênero e o jogo do sucesso depende da aceitação desses leitores, mas o fato é
que assim como os romances juvenis sobrenaturais, sempre teremos leitores que
gostam desse gênero, independente do sucesso mundial que ele virá ou não, a
fazer.
romance adulto? Quem já gostava do gênero e que agora vê uma
explosão de romances desse estilo sendo publicados por aqui. E o que esperamos? Que com o tempo o
preconceito direcionado a esse tipo de literatura acabe, e que assim como os
romances de banca que são por muitos chamados de “romance de mulherzinha” e que de “mulherzinha não tem nada”, os
romances adultos eróticos ou sensuais deixem de ser sinônimo de literatura
pornô ou de narrativas sobre as tendências submissas
e sexuais femininas, para sem rótulos, serem apenas mais uma classe
literária.
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