Clara Martins está cansada de sua vida. Faculdade, trabalhos, correria do dia-a-dia, transporte público, televisão, comida congelada… O que ela não esperava é que seu desejo de viver em outro mundo fosse, de uma forma estranha, virar realidade. Quando a Princesa Sofia, do reino de Charmelyn, aparece na sala de estar de Clara, atravessando o quadro centenário que seria o presente de aniversário de sua avó, tem início uma troca. Sofia fica no lugar de Clara e esta no lugar da princesa. Agora ela precisa viver no castelo; uma nova vida em outro tempo. Sofia assume sua vida e seus problemas. Tudo até que a passagem resolva se abrir e a troca possa ser desfeita. Entre proibições de ver os amigos camponeses, um baile para dançar com pretendentes a noivo, uma madrasta má e a paixão por um plebeu, Clara vai descobrir como é viver como uma garota das histórias de época, mas talvez nem tudo seja um conto de fadas…
Editora: Bookess l 324 páginas l Compre aqui: Amazon l Skoob l Blog da autora
“Nos contos havia sim os monstros, mas eles eram apenas velhinhas com maçãs, ou seres míticos. O mais assustador da vida real é que os vilões são tão humanos quanto nós…”
Uma princesa em meu lugar é um livro leve e jovem, que como o próprio nome diz remete a um mundo de encanto no melhor estilo dos “contos de fadas”. Por esse motivo a história pode ser comparada com os filmes de princesa da Disney, com romance, aventura, ação e certa pitada de mistério. Não posso negar que tais elementos são um tanto quanto clichês e previsíveis: Madrastas más, príncipes encantados, reinos mágicos e até mesmo canções de amor; contudo, como bem sabemos, tais fatos são gostosos de ler e dão ao livro um ar de romance bucólico contagiante.
A narrativa gira em torno de duas jovens: Clara, que em seu primeiro ano na faculdade de jornalismo já possui uma opinião crítica a respeito de nossa sociedade, estando assim cansada do mundo atual, do egoísmo da população, da falta de romance e príncipes encantados, e que exatamente por isso não se conforma com a época que vive; e Sofia, princesa de um reino distante, que vive em outro século, com outros costumes, os quais a sufocam e reprimem seu lado aventureiro e feminista e que por isso não aceita a vida que leva, na qual a cultura econômica separa e define a população segundo sua classe social e a faz viver conforme as convenções sociais da época e predeterminações de seu pai. Unidas pelo acaso, tais jovens mergulham em uma aventura repleta de mistério e magia, na qual encontrarão muito mais do que uma simples mudança de vida.
Como já disse a história é como um bom filme de princesas, a todo instante, durante a leitura, não parava de imaginar a narrativa ganhando vida em um longa-metragem e por esse motivo logo me envolvi com a trama. As protagonistas são como qualquer jovem de dezessete anos, movidas por planos, anseios, sonhos e medos, em alguns momentos elas parecem ser mais jovens do que a narrativa retrata, contudo atribuí isso a personalidade inconstante delas, que como a de qualquer garota em tais condições está em fase de amadurecimento, fato que para mim, é o ponto central do livro, o foco está na experiência dessas garotas, na luta diária para a realização de seus sonhos.
Sendo assim a trama é digna de elogios por retratar de uma maneira leve e divertida os dilemas que envolvem os jovens, e vale ressaltar que a história tem uma moral muito bonita, que transparece com o amadurecimento das protagonistas. Contudo, por esse motivo, o foco não está no romance como o livro dá a entender (Afinal, ele é um conto de fadas não é mesmo?), mas sim na luta interna de Sofia e Clara, nas dificuldades do dia a dia que elas precisam enfrentar para encontrar o que o coração delas realmente anseia. E aqui, temos um ponto que pode ser ou não positivo, ao mesmo tempo em que a autora foge do “felizes para sempre”, o que eu particularmente gostei, ela apresenta no decorrer da obra um romance para o leitor se apoiar, narrando sentimentos intensos, mas não os tornando nítidos na história, é como se ela descrevesse o mar, mas não nos desse a possibilidade de visualizá-lo em sua grandeza e eu senti falta disso, de vivenciar as emoções narradas, mesmo que tais sentimentos não fossem o foco principal da trama.
Com relação a escrita da autora digo que me surpreendi, simples e fluída ela prende o leitor, deixando-nos curiosos diante das oscilações constantes de ponto de vista que variam de Clara para Sofia, é bom mergulhar em dois mundos distintos, em duas histórias paralelas que estão interligadas por diversos segredos. Apenas esperava um pouco mais de palavreado coloquial quando voltávamos no tempo e no reino de Sofia, entretanto talvez isso esteja relacionado com meu gosto especial para leituras históricas e meu “costume” com os termos literários comumente utilizados em narrativas desse gênero.
Sendo assim, no geral, apreciei a leitura e indico o livro a todos que gostam de “contos de fadas” modernos. Parabenizo a autora por seu trabalho e espero ler outros livros dela, não tenho dúvidas de seu “dom” para a escrita e tenho certeza que seus trabalhos futuros só irão melhorar com o decorrer do tempo, comprove isso vendo mais sobre “A destinada”, próximo lançamento da autora:
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