Rose Fitzroy esteve dormindo profundamente por décadas. Imersa num sono induzido, esquecida em um porão por mais de 60 anos, a jovem foi tratada como desaparecida enquanto os anos sombrios pairavam sobre o mundo. Despertada como por encanto e descobrindo-se herdeira de uma corporação multimilionária, Rose vai entendendo pouco a pouco, tudo o que aconteceu em sua ausência. Ela descobre que seus pais estão mortos. O rapaz por quem era apaixonada não é mais que uma mera lembrança. A Terra se tornou um lugar estranho e perigoso, especialmente para ela, que terá de assumir seu lugar à frente dos negócios. Desejando adaptar-se à nova realidade, Rose só consegue confiar numa única pessoa estranhamente familiar. Rose até gostaria de deixar o passado para trás, no entanto, ao pressentir o perigo, percebe que precisa enfrentá-lo – ou não haverá futuro.
Editora: Lua de Papel l 272 Páginas l Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 4/5
“Mas que escolha eu tinha, presa em um mundo que não era meu, com a minha vida nas mãos de outros? Jantar, falar com uma psicóloga, preparar-me para as aulas. Fiz tudo o que me disseram pra fazer. Pois era tudo o que eu podia fazer.”
Quando comprei adormecida, admito que fui impulsiva. Adquiri o exemplar acreditando ser uma releitura de ‘A Bela Adormecida’ (conto de fadas imortalizado pela Disney), entretanto me enganei completamente.
Anna Sheehan bebe sim da fonte criada pelos irmãos Grimm. O livro conta a história de Rose Fitzroy, uma adolescente de 16 anos (ou seriam mais de 90 anos? Fica ao critério do leitor decidir) que passou 60 anos da sua vida em um sono induzido e é despertada pelo beijo de um do herdeiro de uma das famílias mais influentes em seu mundo. Mas as semelhanças com o conto de fadas terminam aqui. O livro se passa no futuro, onde os humanos colonizaram diversos planetas em galáxias diversas. Tratando-se assim, de uma história gostosinha de ler e, creio eu, ao mesmo tempo despretensiosa.
A autora criou uma distopia, que diferente do grande sucesso de Suzanne Collins, não aborda os esforços de sobrevivência de seus personagens em um mundo pós-apocalíptico. Não, Anna criou um mundo que teve que se reinventar do zero depois de sofrer um colapso financeiro, populacional e ambiental, utilizado como plano de fundo para os conflitos existenciais de sua personagem central.
Rose dorme por mais de meio século e acorda em um futuro dominado pela empresa de seus pais, onde ninguém sabe de sua existência. Todos que ela conhecia morreram, e seus guardiões não sabem explicar porque a menina foi mantida tanto tempo em estase (sono induzido através de substâncias químicas inaladas em uma cápsula).
No geral o livro trata do amadurecimento da personagem. Rose começa sendo uma criatura frágil, indecisa, incapaz de tomar qualquer decisão, submissa aos pais que a “esqueceram” dormindo. E com o decorrer da narrativa ela é obrigada a encarar os Tempos Sombrios, período em que a Terra entrou em colapso, e assim descobrir como aqueles que a amavam morreram.
Mesmo com seus tutores, a garota se vê sozinha, forçada a lidar com seus sentimentos de perda e luto por um namorado esquecido no passado, uma carreira abandonada em nome da preservação da aparência social dos pais, a morte de seus pais e a indiferença de seus guardiões, além de um assassino que tenta destruir a personagem custe o que custar.
Algumas vezes, e essa é a reclamação de muitos leitores, a autora foi superficial ao tentar descrever demasiadas situações e conflitos que poderiam ser deixados de lado. Em alguns momentos encontrei diálogos completamente descartáveis, mas mesmo assim, me apaixonei pelas relações construídas pela personagem com passar do tempo.
Adormecida tem um desfecho inesperado, que admito ter me feito experimentar um misto de raiva, perplexidade e aquele estado de estupor que domina você quando terminamos de ler algo lindo (até mesmo fofo). Assim sendo, dou quatro estrelas para o livro, que escorregou apenas na ausência de profundidade das relações descritas (já que é um livro que se propõe a tratar a construção dos relacionamentos humanos). Mas parabenizo a autora por não ter caído na mesmice de um mundo pós-apocalíptico e sufocante, que criou um romance lindo no meio do caos, e parabéns também a equipe editorial que primou pela tradução: um livro bonito, bem diagramado, bem traduzido e de fácil leitura.
Quotes Preferidos
“Eu não terminei frequentando Bela Adormecida. Como em um conto de fadas, que está repleto de dificuldades inerentes. Afinal, o mundo não para só porque uma pessoa está dormindo.”
Comente via Facebook