Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto o número de estrelas no céu, o Paraíso Celeste foi palco de um terrível levante. Um grupo de anjos guerreiros, amantes da justiça e da liberdade, desafiou a tirania dos poderosos arcanjos, levantando armas contra seus opressores. Expulsos, os renegados foram forçados ao exílio, e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o dia do Juízo Final. Mas eis que chega o momento do Apocalipse, o tempo do ajuste de contas, o dia do despertar do Altíssimo. Único sobrevivente do expurgo, o líder dos renegados é convidado por Lúcifer, o Arcanjo Negro, a se juntar às suas legiões na batalha do Armagedon, o embate final entre o Céu e o Inferno, a guerra que decidirá não só o destino do mundo, mas o futuro do universo. Das ruínas da Babilônia ao esplendor do Império Romano; das vastas planícies da China aos gelados castelos da Inglaterra medieval. A Batalha do Apocalipse não é apenas uma viagem pela história humana, mas é também uma jornada de conhecimento, um épico empolgante, cheio de lutas heróicas, magia, romance e suspense.
Editora: Verus l 586 Páginas l Alta Fantasia l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 4/5
Para começo de conversa, tive boas e más impressões desse livro. Meu principal ponto de conflito envolve, sobretudo, o cerne literário abordado. O livro acontece enquanto Deus está supostamente adormecido e os arcanjos controlam o universo. Então, eis o meu conflito: não gosto de livros que usem Deus como um ser fraco ou secundário. Se for falar do Criador, então usem com respeito. Mas irei me aprofundar mais nessa questão.
“Como ousa nivelar-se acima de minha ciência? Você nasceu com a humanidade, e em que se resume a breve existência da espécie mortal? Quinze mil? Vinte mil anos? A historia dos Homens nada mais é do que um piscar de olhos se comparada á vivência do universo, á vivência dos arcanjos, à minha vivência. Fomos criados com a luz divina, na aurora dos tempos, mas vocês… o que são? Pobres animais moldados do barro (…)”
O livro é de autoria tupiniquim. Sim, o brasileiro que o escreveu e criou tal obra é tupiniquim. Posso não ter gostado do desfecho, ou mesmo da história em si. Mas, cara, Eduardo Spohr criou uma fantasia como nunca tinha lido no meu parco conhecimento da literatura nacional. Os elementos fantásticos, quando se fala de seres celestiais, estão presentes nessa obra. Deuses, bruxos, magos, anjos, arcanjos, demônios. Luta do bem contra o mal. Momentos históricos bem definidos e la amour. Entre tais fatores, o elemento que mais gostei foi da amizade colocada a toda prova e a redenção de alguns personagens.
O livro aborda os acontecimentos que levam o mundo ao Apocalipse. Tanto os acontecimentos terrestres quando os espirituais estão interligados, levando ao que o autor nomeia durante todo o livro como final do Sétimo Dia. Para quem está alheio a história da criação do mundo, de acordo com a Bíblia, Deus criou o mundo em seis dias e ao sétimo descansou. O livro usa esse período para afirmar que o Criador adormeceu e deixou os arcanjos Miguel, Rafael, Gabriel, Uziel e Lúcifer no controle do Universo até que finde o sétimo dia e Ele desperte do seu sono.
Bom, houve uma rebelião no céu contra as tiranias empregadas à raça humana sob os mandos e desmandos do arcanjo Miguel. Dezoito anjos foram lançados na terra por defenderem a raça humana e somente o líder sobreviveu a caçada a qual foram submetidos. Esse é nosso personagem principal: Ablon, da casta dos querubins, Primeiro General do exército celeste e único sobrevivente dos dezoitos renegados. Por consequência da rebelião suas asas estão manchadas de sangue, para sempre. Até o momento do desfecho final, que culmina com o Apocalipse, conhecemos mais sobre os ideias e nos envolvemos nas aventuras do Anjo Renegado e, através das suas histórias, que vão desde a queda da Babilônia até o fim do Império Romano, com a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, lemos sobre as atrocidades cometidas pelos arcanjos em sua ânsia de destruir a raça humana, única merecedora do legado de Yaweh (Deus): a alma e o livre arbítrio.
Até aí tudo bem. É uma fantasia épica que não deixa nada a desejar aos autores best sellers. Mas, e agora esse é meu ponto de vista, podem em chamar de intolerante se quiserem, mas bom, foi o que achei, o livro nega os três atributos de Deus: Onipotência, Onipresença e Onisciência. Mas e daí? Você deve estar se questionando. E daí, que o autor tirou do palco o Deus Amor para deixar a criação nas mãos de anjos revoltados com o Criador. Esse é o absurdo da história. Foi isso que não permitiu que eu embarcasse e vivesse os acontecimentos descritos. O livro subjuga todos os milagres e grandes feitos divinos a ações ciumentas e vingativas de anjos cegos pelo poder. Até Jesus é reduzido a um mero espírito evoluído. Desculpem-me se com essas palavras estou afetando alguém, mas é como me senti ao terminar a leitura: revoltada e encantada. Mais revoltada do que encantada, mas não tiro os créditos do autor que tão bem descreveu um cenário de revolta, brigas, intrigas e magia.
Dou nota quatro, apesar de tudo o que comentei, pois o autor criou uma obra tão fantástica quanto às obras internacionais que vemos por aqui. A nota é para o autor e não para o livro. Parabéns Eduardo Spohr, me tornei sua fã. Apesar de toda revolta, não vejo a hora de ler Os Filhos do Edén. Mas acho que esse é o objetivo de todo autor: não agradar a todos, mas conquistar a muitos.
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