Presa num casamento frio e sem paixão, Caroline Wilson, de 30 anos, muda-se para San Diego depois que seu marido militar é promovido. Sentindo-se perdida e sozinha, Caroline reencontra uma antiga amizade: Sebastian, que ela conhecera ainda menino, um jovem inteligente e sensível, com pais alcoólatras e violentos. Sebastian, agora com 17 anos, tem mais do que apenas amizade em sua mente. Juntos, experimentam o despertar de uma paixão intensa e arrebatadora. Mas esse romance proibido pode ameaçar a vida de ambos.
Editora: Novo Século l 382 Páginas l Romance l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 3,5/5
Eis um fato: nenhum livro que aborda temas tabus é fácil de ser digerido. Em A Educação de Sebastian meus conceitos de certo e errado foram constantemente questionados pela autora Jane Harvey-Berrick. Talvez para alguns seja fácil encarar o livro apenas como um belo romance sobre descobertas e crescimento, mas no meu caso a história foi mais complexa, e não por tratar de um relacionamento entre uma mulher de trinta anos e um rapaz de dezessete, mas por falar sobre traição e amadurecimento. A obra é reflexiva, dolorosa e impactante. A escrita da autora, pelo menos em alguns momentos, é superficial e demasiadamente sensual, porém é impossível negar o encanto que essa obra tem, principalmente quando percebemos a complexidade do tema abordado. Portanto, o que prende o leitor é o constante questionamento de: se estivesse no lugar da protagonista, quais decisões você tomaria? Você ficaria em um casamento sem amor e repleto de dor, ou se entregaria a um romance proibido com um rapaz bem mais jovem?
A obra gira em torno da história de Caroline e é narrada em primeira pessoa como se a personagem lembrasse e descrevesse o verão em que sua vida mudou completamente. E o ponto é que a forma atemporal da narrativa nos leva a crer que as coisas não terminaram bem para Caroline – e isso, por si só, é o que precisamos para devorar a obra. No geral, a narrativa foca no aparecimento de Sebastian na vida de Caroline. Ela o conhece desde pequeno, mas só voltou a encontrá-lo quando ele já era um rapaz com quase dezoito anos. A vida de Caroline é medíocre: ela casou-se para fugir de casa e do relacionamento conturbado que tinha com a mãe, seu relacionamento com o marido não poderia ser pior (ele a trata como empregada, como uma esposa de aparência que tem o dever de fazer tudo o que ele manda, e ainda é machista, preconceituoso, dominador e agressivo), e ela é completamente dependente do dinheiro e do humor do esposo. Aos trinta anos Caroline não tem nada seu, e a única coisa que conquistou – e isso depois de vários anos – foi o início de uma profissão como jornalista. Porém, tudo muda quando Sebastian aparece. O rapaz sempre foi apaixonado por Caroline, desde pequeno ela foi a luz que ele precisava em sua vida, aquela que apagava a dor e a mágoa que seus pais plantaram em seu coração. Então quando ela volta para a cidade e eles se reencontram, Sebastian quer uma chance de demonstrar seu amor – um amor que Caroline nunca tinha experimentado ou vivido. Ao lado dele, Caroline vai descobrir o que é paixão, amor e injustiça. Graças a Sebastian ela decide lutar por uma vida diferente ao lado dele, mesmo que isso custe caro, afinal ele só tem dezessete anos – o que, por lei, determina que eles não podem se envolver. Entre leis, um casamento fracassado, a diferença de idade, o medo, a insegurança, o preconceito e uma paixão arrebatadora, Caroline e Sebastian terão que descobrir como viver com o sentimento que domina seus corações.
Inicialmente me incomodou a forma como Caroline e Sebastian se envolvem. Pensei que o relacionamento seria mais gradual, porém tudo acontece rápido demais. Entendo que a narrativa gira em torno do romance de verão que mudou Caroline, mas esperava que a obra focasse mais no amor entre eles do que na paixão que os consome – o livro é um bombardeio de cenas de paixão entre o casal, de momentos em que Caroline ensina Sebastian a amá-la com seu corpo ao mesmo tempo em que ele a ensina a confiar novamente no amor ao experimentar sensações até então desconhecidas. Não me incomodo com livros sensuais, mas nesse caso em particular fiquei preocupada com a construção do amor embasada no sexo. Senti que, por abordar um tema tão complexo, a autora deveria ter dado menos destaque as descobertas físicas protagonizadas por Sebastian e Caroline. Também me incomodou um pouco a personalidade imatura do mocinho e a traição cometida por Caroline (não importa o quão ruim seja seu casamento, apenas que ela ainda está casada). E é aqui que entra uma das partes reflexivas da obra: foi muito difícil para mim aceitar o envolvimento de uma mulher mais velha com um rapaz mais novo, principalmente pelo fato do relacionamento ter começado como um ato de traição. Sendo o mais sincera possível, não conseguia aceitar um futuro para Caroline e Sebastian, pois sabia que um não era capaz de ser o que o outro precisava naquele momento. A diferença de idade conta sim, são dez anos de experiências que ela tem e ele não, fora que o fato dela estar casada tira a magia do romance vivenciado entre os protagonistas – todas as escapadas noturnas, as mentiras e os riscos da traição, me deixaram frutada. A partir do momento em que Sebastian entra na vida de Caroline e a faz enxergar que está em um relacionamento frustrado, ela deveria ter sido capaz de ao menos sair de casa. Sei que são meus valores influenciando e nublando a forma como o romance é desenvolvido, mas não consigo tirar a parte de mim que odeia qualquer tipo de mentira ou traição conjugal.
Sei que até agora parece que não gostei do livro, mas existe um ponto que me prendeu à história do começo ao fim: a jornada de amadurecimento de Caroline. Sebastian a fez ver o que queria para o futuro, fez com que ela enxergasse o quão perdida estava, e o relacionamento abusivo ao qual estava presa durante anos. Foi por esse motivo que aprendi a aceitar o romance descrito na história, pois senti que Caroline precisava disso, precisava de alguém que visse quem ela realmente é, que enxergasse nela seus sonhos e medos, que a ensinasse a amar e ser amada. Ela precisava de Sebastian para mostrar tudo o que ela podia ter. Odiei o fato de Caroline ter ficado presa em um casamento abusivo durante anos, mas amei o fato dela ter sido corajosa o suficiente para almejar mais, para perceber que estava levando uma vida miserável e que, ao lado do homem errado, só estava perdendo tempo. Como disse, não é fácil aceitar toda a complexidade da trama, mas a leitura vale a pena por mostrar o quanto o amor é capaz de nos mudar e encorajar. Graças a Sebastian, Caroline amadurece e aprende a ser dona de si mesma. E isso me fez crer nesse romance e na beleza desse amor tão perigoso e tortuoso.
No geral o livro é repleto de pontos negativos e positivos. Porém, é inegável o poder de crescimento que existe nessa história. Não amei o livro como imaginei que amaria, mas fui sugada por ele e terminei a obra tão confusa que tive que começar a leitura de sua continuação imediatamente. Acho que quem gosta de romances sensuais e dramáticos adorará o enlace de Sebastian e Caroline, e para aqueles que, como eu, apreciam boas histórias de recomeços e amadurecimento, vale a pena dar uma chance e descobrir por si mesmo o que esse livro tem de melhor.
Sobre a Série
A Educação de Sebastian é o primeiro volume da trilogia “A Educação”. Os dois primeiros livros são sequenciais, já o terceiro é a recontagem do segundo livro só que na visão do mocinho da história.
Beijos!
Comente via Facebook