“Nenhum alarme soou no 78o andar da Torre Norte do World Trade Center e ninguém sabia o que tinha acontecido às 8h46 do dia 11 de setembro de 2001 – uma manhã que teria sido de um dia normal de trabalho para milhares de pessoas. Cego desde o nascimento, Michael também não via nada naquele dia, mas conseguia ouvir os sons de vidro estilhaçado, destroços caindo e pessoas aterrorizadas se reunindo em torno dele e de sua cão-guia. No entanto, Roselle permaneceu calma ao seu lado. Naquele momento, Michael escolheu confiar nos julgamentos de sua cachorra e não entrar em pânico. Eles eram uma equipe. Adorável heroína possibilita ao leitor entrar no World Trade Center segundos após o ataque para vivenciar a experiência de um homem cego e de sua amada cão-guia na luta pela sobrevivência.”
Editora: Universo dos Livros l 231 Páginas l Biografia l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
No dia 11 de setembro de 2001 os olhos do mundo se voltaram para os EUA. Um ataque terrorista provocou a queda das torres gêmeas que compunham o complexo do World Trade Center, em Nova York. Aproximadamente 8 mil pessoas morreram naquele dia. Entre os mortos estavam funcionários e visitantes das torres, transeuntes que foram atingidos por destroços dos aviões ou das próprias torres, e aqueles que sufocaram com a nuvem de poeira. Além disso, naquele dia morreram 343 eram bombeiros de Nova York, 23 policiais e 37 oficiais do porto marítimo da cidade que tentaram apagar o fogo e evacuar os prédios. As vítimas tinham idades entre dois e oitenta e cinco anos. E é nesse cenário real de horror, desespero e intolerância, que temos o relato do sobrevivente Michael Hingson, que trabalhava no 78° andar da Torre Norte. Michael é o autor desse livro lindo. Mas o que o torna tão especial, além de ter sobrevivido ao ataque terrorista, é o fato dele ser cego e andar com a ajuda de um cão guia.
Em Adorável Heroína, Michael relata as horas de horror vividas durante o ataque. Ele e as outras vítimas não sabiam o que tinha acontecido, mas sabiam da existência de uma grande explosão – o fogo estava se espalhando e havia cheiro de combustível de avião por toda parte, mas nunca cogitaram um ataque terrorista até conseguirem sair do prédio. Além da agonia e da dor, o livro também trata da relação entre o cão guia e seu dono. Se Roselle, a cão guia de Michael, não tivesse mantido a calma e o foco, provavelmente ambos teriam morrido nas escadas da Torre Norte. Roselle e Michael desceram 78 andares de escada para escapar do incêndio e, graças às habilidades de adaptação de Michael e o foco de Roselle, muitos outros saíram vivos do prédio em chamas.
“Tive toda uma vida para desenvolver as habilidades necessárias para andar por um mundo que não foi criado para mim. E, se há uma coisa que eu realmente aprendi, é: a visão não é a última bolacha do pacote.”
O interessante aqui é perceber o quanto uma pessoa cega é idêntica aos que enxergam e a sua capacidade de fazer as mesmas coisas que qualquer outro alguém – isso se as chances lhe forem oferecidas. Michael era gerente de vendas e durante as horas que precederam o ataque, enquanto tentava escapar vivo, a vida de seus amigos e de pessoas desconhecidas passou a depender da sua capacidade de se adaptar. A lógica usada por ele foi óbvia: Michael tentou passar a mensagem de que se um cara cego pode sobreviver, os demais também podem. E isso nos faz pensar nas limitações que a sociedade impõe a um cego e que, na realidade, não existem.
“… não há nenhum problema em ser cego. A cegueira não vai arruinar sua vida ou acabar com todas as suas alegrias. Não vai destruir sua criatividade ou diminuir sua inteligência. Não vai impedir que você viaje e tenha experiências em outros lugares. Não vai separá-lo de seus amigos e familiares. Não vai impedir que você se apaixone, case-se e constitua uma família…”.
O livro é um relato tocante da amizade entre um homem cego e um cão. Além disso, a obra mostra como esse relacionamento deu esperança e aliviou o sofrimento de tantos durante o ataque que marcou a história. Também aborda as dificuldades enfrentadas por pessoas cegas que, muitas vezes, são causadas mais pelo preconceito dos outros do que por sua deficiência visual.
Chorei do início ao fim e captei a mensagem: se Michael sobreviveu ao inferno de chamas, concreto e fumaça tóxica, eu posso atravessar os piores momentos da minha vida, basta ter fé e acreditar naquilo que já aprendi. Dou cinco estrelas e indico a todos.
“Não sei exatamente seria o resultado do nosso papel no 11 de setembro. Talvez eu jamais saiba. Mas sei que tudo é uma questão de plantar sementes: sementes de perdão, de cura, de trabalho em equipe e de confiança.”
Beijos!
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