Uma pequena viagem pelo cotidiano nos anos 70 e 80. Esta é a melhor sinopse para este livro que procura, por meio da narrativa de hábitos e da descrição de produtos que faziam parte da vida de muita gente naquele tempo, transportar as pessoas para um passado não muito distante.
Editora: All Print l 115 Páginas l Literatura Nacional l Compare & Compre: All Print • Saraiva l Skoob l Classificação: 4/5
Até a Uva Passa é, literalmente, uma viagem no tempo. A obra narra com destreza alguns dos costumes típicos dos anos 70 e 80, permitindo que o leitor reviva situações características desse período – e que, infelizmente, foram esquecidas com o passar do tempo. Desta forma, para os mais velhos a leitura nada mais é do que a contemplação de hábitos antigos, enquanto para os mais novos a trama é a oportunidade de conhecer uma geração completamente diferente e infinitamente menos tecnológica.
A obra é dividida em vinte temas, entre eles: O LP, Fitas Virgens, As Locadoras, O Rádio de Gaveta, Lavagem de Carros, O Estabilizador, Caderno de Brochura, Compras no Paraguai, O Leite de Saquinho… Cada capítulo aborda um desses temas e traz tanto a explicação do mesmo quanto as lembranças do autor acerca dele. Assim, aprendemos mais sobre os hábitos dos anos 70 e 80 ao mesmo tempo em que mergulhamos no passado vivenciado pelo próprio Rubens.
A leitura tem um clima gostoso de contemplação. A cada capítulo relembramos sobre um hábito que fez parte da nossa história, e é muito gostoso mergulhar nessas memórias e ao mesmo tempo refletir se foi bom o ruim a extinção desse costume. Os capítulos que mais me cativaram foram exatamente aqueles que falaram com o meu passado: As Locadoras, Lavagem de Carros e Compras no Paraguai. Claro que hoje é muito mais prático assistir aos filmes no Netflix, mas era um ritual mágico ir até uma locadora atrás de um bom filme – nosso programa de família era sempre esse; perdi as contas de quantos filmes já alugamos na vida (e de como a área de filmes adultos era proibida e misteriosa aos olhos de uma criança, risos). Além disso, outros costumes que tínhamos entre família era lavar o carro todo sábado (sério, alguém me diz por que era tão divertido?), sempre comprar leite de saquinho (tinha até um lance de leite tipo A, B e C que nem me recordo mais), e viajarmos para o Paraguai – é meio que perto da minha cidade, então íamos lá e voltávamos cheios de bonecas, chocolates e adesivos (eu fui uma criança doida por adesivos).
“Mas o fundamental é que naquela época, além do cinema, a principal forma de assistir a filmes era por meio do aluguel de fitas nas locadoras, mas hoje você pode baixar filmes da internet ou mesmo comprá-los em lojas especializadas por preços muito baixos, sem falar nos camelôs, que vendem versões piratas por uma verdadeira ninharia.”
Em linhas gerais o livro é uma forma de relembrar velhos hábitos, de fazer o leitor voltar no tempo ou conhecer algo muito distante da sua realidade (tem muita gente nova que nem imagina como usar um videocassete), e de refletir sobre coisas boas que foram esquecidas graças à globalização excessiva. Não podemos negar que a internet veio para ficar e mudou completamente nossas vidas e, de certa forma, é exatamente isso que o Rubens quis mostrar com seu livro: que existiram muitas coisas boas antes de tantos avanços tecnológicos.
Para quem gosta de livros de memórias e que falem sobre uma época tão rica quanto a dos anos 70 e 80, eis uma ótima dica de leitura. Talvez os leitores jovens não gostem tanto da obra, mas aqueles mais velhos com certeza irão se conectar com ela.
Beijos!
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