O primeiro livro da série The Royals, a nova sensação new adult dos EUA. Ella Harper é uma sobrevivente. Nunca conheceu o pai e passou a vida mudando de cidade em cidade com a mãe, uma mulher instável e problemática, acreditando que em algum momento as duas conseguiriam sair do sufoco. Mas agora a mãe morreu, e Ella está sozinha. É quando aparece Callum Royal, amigo do pai, que promete tirá-la da pobreza. A oferta parece tentadora: uma boa mesada, uma promessa de herança, uma nova vida na mansão dos Royal, onde passará a conviver com os cinco filhos de Callum. Ao chegar ao novo lar, Ella descobre que cada garoto Royal é mais atraente que o outro – e que todos a odeiam com todas as forças. Especialmente Reed, o mais sedutor, e também aquele capaz de baixar na escola o “decreto Royal” – basta uma palavra dele e a vida social da garota estará estilhaçada pelos próximos anos. Reed não a quer ali. Ele diz que ela não pertence ao mundo dos Royal. E ele pode estar certo.
Editora: Planeta l 368 Páginas l New Adult l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Classificação 2,5/5
Erin Watt é o pseudônimo para a união de duas autoras: Elle Kennedy e Jen Frederick. Adoro os livros da Elle (autora de O Acordo, um dos meus romances preferidos) então saber que ela teve participação na escrita de Princesa de Papel me deixou extremamente curiosa. Confesso que já sabia que o livro seria problema: relacionamento abusivo mascarado de paixão, protagonista masculino mandão e, pior de tudo, banalização de temas tabus como abuso sexual e machismo. Dividida, e impulsionada por vocês que pediram enlouquecidamente por essa resenha, resolvi dar uma chance para a história. E o resultado foi uma leitura rápida, envolvente e definitivamente frustrante. Adianto que pouquíssimo na trama me agradou, contudo resolvi falar abertamente sobre os pontos negativos e positivos dessa história, na intenção de colocar em palavras tudo o que senti fluir das páginas deste livro.
Ella foge dos padrões: é linda, inteligente, forte pra caramba, independente, e dona do seu próprio destino. Desde pequena ela teve que se virar para ajudar a mãe nas tarefas de casa; o que só piorou quando a mãe morreu e deixou a jovem sozinha no mundo. Precisando de dinheiro enquanto enfrenta o pesadelo que é o ensino médio (principalmente quando você tem que se sustentar), Ella trabalha como dançarina em clubes de strip. E tudo estava indo muito bem até a família Royal aparecer em seu caminho. Ao que parece Callum Royal era o melhor amigo do falecido pai de Ella, aquele que ela nunca conheceu, e agora – depois da morte do amigo – virou o tutor legal da jovem. Ser a protegida de um Royal é algo único e traz popularidade, dinheiro sem limite, roupas caras e festas exclusivas. Assim, Ella sairá da pobreza, de dias solitários e confusos, para viver em um império dominado pela abundância. Contudo, tal vida de privilégios terá um alto custo, já que os filhos de Callum não aceitarão Ella e farão de tudo para tornar seus dias um inferno. Principalmente o jovem Reed, um garoto enigmático por quem Ella nutre sentimentos que variam, constantemente, entre o ódio e a atração.
Princesa de Papel tem um baita toque de Gossip Girl. A família Royal é a realeza da sociedade; eles são poderosos, invejados e cobiçados, portanto – e graças à sensação de poder que o dinheiro gera – não seguem regras e conquistam tudo o que desejam. A leitura mostra como a vida dessa família é guiada pela riqueza e por uma existência desprovida de limites e, assim como Ella, adentramos em um mundo novo, estranho e extremamente sedutor. Não adianta negar, não adianta a razão mostrar o quão errado tudo isso é, ainda existe uma parte nossa que quer conhecer as vantagens de levar uma vida privilegiada. Por isso, por esse toque de mistério e popularidade, é que a leitura torna-se voraz e contagiosa. Muitos detalhes da obra me incomodaram, mas preciso dizer que – ainda assim – devorei as páginas do livro e o li em menos de um dia (cheguei ao ponto de passar a madrugada lendo o livro). Além disso, gostei da personalidade da protagonista. Ella é forte e determinada. Sua história, apesar de romantizada, reflete a de muitos jovens que precisam batalhar para construir um bom futuro. Fora que, ao contrário das mocinhas indefesas que vemos por aí, a jovem não se deixa intimidar pela personalidade arrogante dos homens da família Royal e por esse mundo cheio de grana abundante.
Apesar de a trama ser atrativa e sensual, e da autora abordar muito bem as inconstâncias de um mundo guiado pelo dinheiro e pelo poder que ele cria, existem muitas coisas perigosas nessa história. Primeiro: Reed é um babaca. Todos os homens da família Royal são intimidadores, seja por dinheiro ou pela beleza física. Eles usam o dinheiro e o charme nato que possuem para manipular as pessoas ao seu redor e, confesso, fiquei irritada em ver o amor aparecer em uma relação completamente abusiva. Reed manipula, é grosso e trata Ella como uma qualquer (e não estou nem aí para o fato dele ter seus motivos obscuros, para ganhar o amor dela o cara precisaria de muito mais do que uma desculpa esfarrapada) e, mesmo diante desse tipo de comportamento, a jovem acaba apaixonada pelo babaca. Fora isso, também me incomodou encontrar na leitura: sexismo, machismo, preconceito entre classes e, o pior de tudo, um ato de vingança que esconde o perigo do abuso sexual no dia a dia dos jovens. Acho que a autora quis criar uma protagonista capaz de abalar a estrutura desses homens tão arrogantes e seguros – e Ella fez isso. Porém, é perigoso mostrar para as meninas que um romance que começa assim (com um cara te agredindo emocionalmente) é normal ou que fazer vingança com as próprias mãos é mais gratificante do que dar queixa na polícia. Sei que estou sendo dura, mas temos que falar sobre esses assuntos e não romantiza-los. Tenho vinte seis anos, então acho que sei separar realidade de fantasia. Mas e quem não sabe? E quem acha que tudo isso é normal? E quem acha que a vida real é exatamente como a vida levada pela Ella e pelos boys da família Royal? Como disse, é um livro perigoso.
O fato é que achei a trama envolvente e a leitura bem fluida e cativante. Mas não gostei da forma como assuntos sérios foram levianamente trabalhados. O mais importante aqui é entender que se trata de um livro gostoso e bem escrito, mas que requer do leitor maturidade suficiente para enxergar o alto teor de romantização presente na história. Quer ler? Se joga! A escrita é boa e os personagens são charmosos. Mas, por favor, leve em consideração que a obra é de ficção e que na vida real o amor não deve ser abusivo e controlador. Não vou ler as continuações, mas se as autoras lançarem novos livros, confesso que darei uma chance.
Sobre a Série
Princesa de Papel é o primeiro volume da série The Royals. Até o momento temos: três livros contando a história de um mesmo casal (já publicados pela autora) e mais dois (que ainda serão publicados) contando o enlace de outro membro da família Royal.
Beijos!
Comente via Facebook