julho 26, 2022

POR QUE A CAPA ORIGINAL DE UM LIVRO NEM SEMPRE É UTILIZADA?

Se tem uma coisa que possui o poder de mexer com o coraçãozinho dos leitores é a capa de um livro. Quantas vezes as editoras já ouviram pedidos de fãs suplicando para manterem a capa original? Ou então, quantas vezes você mesmo já pediu para deixarem a capa original? rs

Mas, existe alguns fatores que impendem isso de acontecer e muito leitor acaba não sabendo sobre isso. Sendo assim, criamos essa matéria para te ajudar a entender um pouco mais sobre essa parte do mercado editorial e os motivos pelos quais as capas precisam ser reformuladas quando recebem tradução e são publicadas aqui no Brasil.

 

DIREITO AUTORAL

Exatamente isso! Assim como os textos de alguns livros, as capas também possuem direitos autorais. Todo o layout, as fontes e o design é responsabilidade do capista que a criou e não dos autores. Isso é o mais comum, acredite! Então, para que uma capa possa ser utilizada em outros países, é necessária a autorização do criador. E isso pode não ser tão fácil quanto imaginamos.

Sem contar que, alguns bancos de imagem, também exigem regras no momento da contratação da foto. Por exemplo, o escritor pode ter autorização apenas para ebook, apenas para uma determinada quantidade de impressão ou, em determinados casos, eles precisam contratar novamente o serviço para mais uma edição da história. “Eu beijei Shara Wheeler” foi um exemplo de capa que precisou ser alterada no momento em que veio para o Brasil. Porém, ela manteve a essência da proposta.

Existem países onde é muito comum ensaios fotográficos para a criação de capas literárias. Sendo assim, os autores e pessoas responsáveis pelo processo, precisam pré-estabelecer um contrato sobre a possibilidade de usos futuros, caso o livro seja traduzido para outro idioma.

Isso tudo seria o ideal, mas nem sempre acontece porque muitos escritores não possuem perspectiva ou nem mesmo acreditam que suas obras podem ser publicadas no exterior. Então, acaba tornando tudo ainda mais difícil.

Mas, se o livro já recebe um determinado hype lá fora, é mais fácil levar a capa original para outros lugares. Aqui no Brasil, as histórias de fantasia, normalmente, tem uma maior facilidade de vir com a mesma arte. “Ascensão das trevas” foi um exemplo recente disso. Mas, também temos as obras de Sarah J. Maas, “A guerra da papoula”, “De sangue e cinzas” e “Pássaro e serpente”.

 

CUSTO BENEFÍCIO

Esse é o segundo fator que mais impede as editoras de trazerem a capa do livro original para o Brasil. Quando os escritores são os responsáveis pelas próprias capas, é bem mais fácil estabelecer uma negociação e adaptar para o Brasil. Porém, quando isso não acontece, as editoras precisam entrar em contato com o capista e levar alguns tópicos em consideração na hora de fazer a negociação.

Na maioria dos casos, os profissionais estrangeiros só autorizam a utilização da mesma capa se as mudanças forem feitas por eles mesmos. Na hora de fazer as mudanças para outro idioma, o designer pode cobrar entre 50 e 300 doláres por isso. Caso ele identifique que será necessária uma reformulação para se adequar a cultura do país, esse valor pode subir para 1000 dólares.

E, falando sobre o Brasil, como temos um formato de livro diferente daqueles do exterior, porque temos orelha e um tamanho diferenciado, muitos consideram ser um novo layout e acabam cobrando o preço mais alto. Um exemplo de livro que veio para cá e teve o layout totalmente reformulado foi o “Fica entre nós”. E, não é por nada não, mas a capa brasileira é muito mais bonita! Até os próprios escritores já falaram o quanto são apaixonados por ela.

Se a capa tiver foto de banco de imagens, é pior ainda, porque a editora vai precisar contratar esse banco para ter acesso à imagem. O problema é que essas plataformas são caríssimas lá fora e podem custar em torno de 750 dólares apenas para recuperar a imagem original.

No final das contas, todo esse esforço e investimento podem não valer a pena para a editora daquele exemplar. Sem contar que, algumas capas, culturalmente falando, podem nem gerar uma identificação com os leitores brasileiros.

Autores que já são conhecidos, que possuem um público fiel ou que sua obras já são best-sellers pelo mundo inteiro, acaba tendo um retorno infinitamente maior do que aqueles que estão sendo lançados agora por aqui. Então, é mais fácil ter uma capa original nesses casos.

E, levando em consideração os outros gastos necessários para trazer uma obra para o Brasil, a capa acaba ficando para trás. Mas é importante falar que isso varia muito de editora para editora, do país e se equivale também a quando nossas obras vão para fora.

Um exemplo disso é Paula Pimenta que, em alguns países tem a capa do seu livro original, mas em outros não. A capa dos Estados Unidos se manteve igual a original, mas a de Portugal teve mudanças consideráveis.

E o próprio Vitor Martins que também teve suas obras levadas para fora e com capas diferentes. Em “Se a casa 8 falasse” mesmo, temos a foto de uma casa tipicamente brasileira, tanto nos aspectos, quanto no formato. Porém, a capa gringa é totalmente diferente! Vitor mesmo que falou em uma entrevista sobre essa mudança. A casa tem um papel fundamental na história, porque ela é a narradora de tudo, então, quanto mais ela tivesse a cultura do país, melhor. Por isso, ela foi modificada para um modelo comum nos Estados Unidos.

Como já foi citado, é uma série de fatores que podem levar ao uso original da capa ou não. O importante é que, no final das contas, seja algo legal, que a gente se identifique, que tenha conexão com a história e que não deixe com o coração quentinho que tanto amamos.

Beijos!

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