Lexi desperta em um leito de hospital após um acidente de carro, pensando que está em 2004, que tem 25 anos, uma aparência desleixada e um namoro desastroso. Mas, para sua surpresa, ela descobre que está em 2007, tem 28 anos, é chefe de seu departamento e sua aparência está impecável. E ainda é casada com um lindo milionário! Ela não pode acreditar na sorte que teve. Mas conforme ela descobre mais sobre a nova Lexi, nota problemas graves em sua vida perfeita. E, para completar, uma revelação bombástica pode ser sua única esperança de recuperar a memória.
Editora: Record l 400 Páginas l Chick-Lit l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Uma das graças da vida é saber que temos a capacidade de nos reinventar. Hoje sou uma mulher diferente da que era ontem e ainda mais distante da que fui três anos atrás. Afinal, o tempo passa e o dia a dia nos ensina infinitas lições, mudando nossa forma de sentir e reagir ao ambiente em que estamos inseridos. Dito isso, imagine acordar de um acidente e perceber que você esqueceu dos seus últimos três anos. Assustador, não é mesmo? Pois essa é a realidade da protagonista de Lembra de Mim?. Depois de um acidente Lexi não lembra de nada dos seus últimos anos: o enterro do pai é uma incógnita, o visual novo é surpreendente, e a aliança de casamento no seu dedo é muito mais que apavorante. E o pior não é não se lembrar, e ter que voltar para uma vida que ela não lembra de ter construído. Assim, entre idas e vindas do destino, o livro nos faz mergulhar em uma história divertida, reflexiva e para lá de emocionante. Sem dúvida, uma das minhas histórias preferidas da Sophie Kinsella.
A Lexi de 2004 é conhecida pela falha que tem nos dentes, um espaço entre eles que ela sempre achou charmoso. Além disso, a jovem tem um emprego mediano, namora um cara conhecido por todos como um grande perdedor, e tem um corpo normal – do tipo que permite que ela coma tudo o que tiver vontade. Contudo, três anos depois e sem memória desse período, Lexi é uma mulher completamente diferente: sorriso branco e perfeito, corpo sarado, dieta livre de carboidratos, vida luxuosa e repleta de regalias, e esposa de um homem lindo, rico e perfeito. Ao acordar no hospital sem lembrar dos últimos anos, Lexi percebe que está levando uma vida incrível. Claro que ela também está confusa e apavorada, mas o futuro é bem melhor do que ela poderia ter imaginado então se sente feliz e realizada. Portanto, determinada a continuar protagonizando seu próprio conto de fadas, Lexi – mesmo desmemoriada – aceita retomar sua vida, momento em que ela percebe que as coisas não são tão perfeitas como aparentam: que a beleza externa tem um preço alto, que o sucesso no emprego cobrou muito dela, que suas amigas não são mais suas amigas, e que seu marido talvez não seja o homem com que ela sempre sonhou. Sem saber em quem acreditar e no que confiar, Lexi vive um dilema: aceitar a nova Lexi ou lutar pela garota que um dia ela foi. No lugar dela, o que você faria? O que faria se descobrisse que seus amigos não te suportam mais, que seu emprego é enlouquecedor, e que sua vida perfeita é perfeita demais?
“O problema de desistir é que você nunca saberá. Você nunca saberá se você poderia ter feito o trabalho. E eu já estou cheia de não saber sobre minha vida.”
O que mais gostei nessa obra, sem dúvida nenhuma, foi de acompanhar os dilemas enfrentados pela protagonista. É muito doloroso vê-la em conflito entre seu eu do passado, que ainda é fresco em sua memória, e o eu do presente que ela não lembra de ter construído. Algumas vezes irrita o fato dela não aceitar que sua vida mudou, mas ao contrário do esperado acabei gostando dessa característica, pois por mais que a vida da Lexi tenha mudado algumas coisas do seu passado eram importantes para ela, tanto que a jovem escolhe lutar para reconquistá-las. Sendo assim, é incrível ver como o tempo faz com que Lexi tenha força suficiente para criar um novo eu: uma nova Lexi que mescla o passado, o presente e o futuro que ela almeja ter. Uma das coisas que sempre me incomodam nos livros da Sophie são suas protagonistas. Entendo-as e não julgo suas ações, mas é muito difícil para mim ser solidária com essas mocinhas que mentem, enganam, agem de forma infantil quando o assunto é trabalho e namoro, são extremamente inseguras, e projetam em outras pessoas (geralmente no mocinho da história) a necessidade de mudar. Portanto o ponto central deste livro é que não me senti assim com a Lexi. Não apenas porque entendi suas inseguranças e sua vontade louca de entender as mudanças na sua vida, mas principalmente porque ela não vive mentindo por motivos superficiais e é corajosa o suficiente para aceitar seus sentimentos. Amei Lexi, amei como ela, mesmo confusa, escuta seu coração e trilha um novo caminho.
Além dos dilemas da protagonista, também gostei de suas trapalhadas. Claro que ela nos diverte com suas façanhas, principalmente quando começa a desvendar certos segredos do seu passado recente, aquele que ela não consegue lembrar. Fora que também temos uma bela história de crescimento profissional, fortes laços de amizade e um romance incrível – o mesmo que me deixou receosa em dar cinco estrelas ao livro. A obra é boa, divertida, envolvente, mas conta com um enlace amoroso que surge de uma forma “antimoral”. Sou contra a maneira que esse relacionamento começou e isso fez com que o amor narrado perdesse um pouco do brilho (óbvio que isso é no meu ponto de vida). Ainda assim, não nego que o desenvolvimento da história fez com que o mocinho e a mocinha ganhassem meu coração, principalmente com o final lindo que eles protagonizam.
No geral esse é um dos meus livros favoritos da Sophie Kinsella. Sei que a história pode gerar opiniões distintas da minha, mas não consigo deixar de adorar essa obra e essa personagem que, ao decidir lutar pela sua felicidade, me conquistou completamente. Indico o livro para os que gostam de tramas leves, divertidas e com uma pitada de crescimento pessoal.
Beijos!
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