Último ano do colégio: a formatura da estudiosa Alex se aproxima, assim como a promessa feita com seus dois melhores amigos, Bethany e Zach, de viajarem até o Colorado, local para onde sua mãe estava indo quando morreu em um acidente. O Dia da Viagem se torna cada vez mais próximo, e tudo corre conforme o planejado. Até Cole aparecer. Encantador, divertido, sensível, um astro dos esportes. Alex parece não acreditar que o garoto está ali, querendo se aproximar dela. Quando os dois iniciam um relacionamento, tudo parece caminhar às mil maravilhas, até que ela começa a conhecê-lo de verdade… Em um retrato realista de um relacionamento conturbado, a autora Jennifer Brown – do sucesso A Lista Negra – nos leva até o limite de nossos sentimentos.
Adulto Maduro | 272 Páginas
| Cortesia Editora Gutenberg |
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Classificação: 5/5 ♥
tipo de livro que demora para ser digerido. Faz uma semana que terminei a
leitura e ainda estou completamente devastada – e sem palavras para descrever a
complexidade dessa trama. Existe algo na escrita da Jennifer
Brown
que fala diretamente comigo; suas histórias me fazem refletir sobre nossa
sociedade e sobre temas que raramente são abordados com sinceridade e
veracidade. Tanto é que nesse livro o assunto principal é um relacionamento
abusivo que resulta em violência. Você com certeza conhece alguma vítima de
agressão; alguma mulher que apanhou do marido ou namorado e que, ainda assim,
permanece fiel ao agressor. Você também, sem dúvida, já julgou essas mulheres e
encheu a boca para dizer que nunca se sujeitaria a isso. Porém, alguma vez você
realmente parou para pensar no que essas mulheres sentem? No que é apanhar do
homem que jurou amá-las e protegê-las? Do que é amar alguém que quando quer é
carinhoso e atencioso e, quando não, parte para socos e ofensas? Ninguém sabe ao
certo o que passa na mente de uma mulher que sofre agressão, contudo a Jennifer
Brown
conseguiu escrever uma história que une amor, violência, medo e superação de
uma forma que nos leva a enxergar todos os pilares de um relacionamento
abusivo. Em outras palavras, vamos realmente entender o que é apanhar daquele
que apenas deveria nos amar.
melhores amigos, Bethany e Zach, estão desde pequenos planejando a viagem que
farão após a formatura. Claro que a ideia é celebrar e cair na estrada, mas por
trás disso existe um motivo mais forte: A mãe de Alex que, antes de abandonar a
família e morrer em um grave acidente de carro, estava indo para Colorado. Por
isso a jovem quer tanto essa viagem, para descobrir o que tinha de tão incrível
em Colorado para a mãe decidir deixar o marido e as três filhas. Alex é muito
apegada a dor do abandono da mãe e, exatamente por isso, não tem um
relacionamento bom com o pai, evita ao máximo as irmãs (que parecem não sentir
a falta da mãe como ela), e só tem como apoio seus dois amigos. Contudo, o
início do ano escolar promete uma mudança na vida de Alex e a presença de um
novo melhor amigo. Cole é tudo com que Alex sonhava: bonito, atencioso,
divertido, estudioso, carinhoso e, principalmente, compreensivo sobre perda
familiar. Ele também carrega o fardo de ter uma família ausente, por isso o
relacionamento dele e de Alex cresce e se fortalece muito rápido. Logo os dois
viram melhores amigos, começam a se apaixonar, e passam cada minuto do dia
juntos. O problema é que esse relacionamento, que parece tão perfeito, vai
mudar drasticamente a vida de Alex e mudar sua concepção de “e viveram felizes para sempre”.
doentio, amizades perdidas, sonhos abandonados… Existem tantos pilares de
reflexão que fazem dessa leitura única, contudo só lendo para realmente
entender sua grandiosidade. Uma das coisas que mais amei foi a possibilidade de
mergulhar na cabeça de uma vítima de agressão; e não uma vítima qualquer, mas
uma jovem que anseia por amor e que acredita – mesmo depois de ser agredida –
que aquele é o tipo de amor que merece, que o melhor é se manter calada, que o
correto é ter a esperança de que um dia os surtos de violência cessarão. Foi
doloroso ver Alex inventar desculpas por ter apanhado, se culpar pelos socos e
xingamentos, e fazer de tudo para manter seu relacionamento. Mas sabe o pior de
tudo isso? É que em determinados momentos conseguimos entender
os motivos por trás dessas inúmeras tentativas de perdão. Sei que não faz
sentindo, mas o ponto é que ao mesmo tempo em que uma parte nossa compreende
que estamos sendo vítimas de um sistema machista que subestima o papel da
mulher e nos vende uma imagem completamente deturpada do amor, a outra –
totalmente ilógica – apoia as
motivações de Alex. E é óbvio que não acredito nisso, mas percebi que
irracionalmente fui criada para acreditar. Sendo assim, ao ler Amor Amargo sentimos na pele a dualidade
de querer tanto perdoar quanto culpar o agressor. E isso dói, dói porque torna
ainda mais real o drama de Alex e de milhões de mulheres que, assim como ela,
apanham daqueles que deveriam ser o amor de suas vidas.
E eu chorava, mas era um choro baixo. Um
choro de desistência. Naquela altura, não tinha ideia do que fazer. Queria deixá-lo,
mas tinha medo. Queria amá-lo, mas não queria ser o tipo de pessoa que amava
alguém capaz de fazer isso com ela.
da abordagem de um tema tão complexo e real, o livro nos traz drama familiar e
amizades verdadeiras do tipo que são para a vida toda. Confesso que foi muito
difícil não se colocar no lugar de Alex e se sentir injustiçada e solitária –
muitas vezes a personagem repudia a ajuda dos outros, mas sinceramente, se você
fosse irmão dessa protagonista e soubesse pelo que ela estava passando, você
não se intrometeria mesmo que fosse a força? Mais uma vez, de forma maravilhosa
por sinal, a autora nos faz refletir sobre os dois lados de uma moeda, mudando
nossos pré-julgamentos e o velho discurso de “comigo seria diferente”. Amei do
fundo do meu coração todas as reflexões geradas por essa história, seus altos e
baixos, e principalmente todos os sentimentos conflituosos que ela gerou em
mim. Foi, a cada página, um soco no estômago e a queda de várias das minhas
certezas. Antes desse livro, como disso no início da resenha, eu achava que
sabia como era ser uma vítima de agressão. Agora eu tenho certeza de que não
sei mas que posso fazer mais do que dizer “seja forte e saia dessa”.
extremamente reflexivo. Indico, sem medo nenhum, para todos os leitores.
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