Elizabeth Hotchkiss precisa se casar com um homem rico, e bem rápido. Com três irmãos mais novos para sustentar, ela sabe que não lhe resta outra alternativa. Então, quando encontra o livro Como se casar com um marquês na biblioteca de lady Danbury, para quem trabalha como dama de companhia, ela não pensa duas vezes: coloca o exemplar na bolsa e leva para casa. Incentivada por uma das irmãs, Elizabeth decide encontrar um homem qualquer para praticar as técnicas ensinadas no pequeno manual. É quando surge James Siddons, marquês de Riverdale e sobrinho de lady Danbury, que o convocou para salvá-la de um chantagista. Para realizar a investigação, ele finge ser outra pessoa. E o primeiro nome na sua lista de suspeitos é justamente… Elizabeth Hotchkiss. Intrigado pela atraente jovem com o curioso livrinho de regras, James galantemente se oferece para ajudá-la a conseguir um marido, deixando-a praticar as técnicas com ele. Afinal, quanto mais tempo passar na companhia de Elizabeth, mais perto estará de descobrir se ela é culpada. Mas quando o treinamento se torna perfeito demais, James decide que só há uma regra que vale a pena seguir: que Elizabeth se case com seu marquês.
Editora Arqueiro l 304 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Segunda vez que leio esse livro (olha a primeira e bem antiga resenha dele aqui) e o desfecho é o mesmo: amo ainda mais a Julia Quinn e suas histórias apaixonantes. Mesmo esperando pela diversão, pelo romance e pelo carisma dos personagens principais, a releitura de Como se Casas com um Marquês me pegou de surpresa ao apresentar uma trama cheia de ironias e reflexões. Além do esperado, também encontramos nessa leitura preconceito, disparidade de classes e – o que mais gostei – empoderamento feminino. E tudo isso através de um romance que contagia do começo ao fim.
A trama gira em torno da jovem Elizabeth. Há cinco anos, desde a morte do pai, ela cuida completamente sozinha das despesas da casa e dos três irmãos mais novos. Sem herança e com uma renda parca (por causa do seu trabalho como acompanhante), Elizabeth decidiu que precisa se casar o mais rápido possível e, obviamente, com um homem rico. E é aí que sua vida vira uma confusão: a jovem encontra um pequeno livro intitulado Como se casar com um Marquês na biblioteca da sua empregadora, começa a entrar em parafuso com as regras absurdas do exemplar e, para o seu desespero, acaba envolvida com um homem que é inteligente, divertido, apaixonante, mas não tem dinheiro algum. Elizabeth pensa no futuro dos irmãos, enquanto seu coração diz para ela jogar tudo para o alto e abandonar o plano de se casar por dinheiro. Mas o que a moça nem imagina é que no fundo o senhor James, administrador da propriedade que faz seu coração palpitar, nada mais é do que um marquês disfarçado. Será que esses dois vão criar uma baita confusão?
Uma das coisas que mais gostei no livro é que ele apresenta uma realidade cruel do começo do século XIX: sem opções válidas de trabalho (ou seja, sem remuneração capaz de sustentar casa e crianças, como no caso de Elizabeth, por exemplo), na maioria das vezes cabia às mulheres as opções de casar ou passar fome. Claro que a Julia Quinn não aborda tal tema com propriedade histórica, mas os pequenos pontos de reflexão estão ali, clamando por nossa atenção: o preconceito entre as classes, a disparidade social, o abuso constante de poder, e as mulheres que são vistas sempre como um corpo e não uma pessoa. Gostei muito de Elizabeth. Apesar de me irritar com sua teimosia em alguns momentos, adorei como a personagem luta pelo bem estar de sua família, como usa e abusa de sua língua afiada, e como mantém a vontade de aprender mais e construir um futuro diferente – longe imposições sociais. Ela luta, à sua maneira e diante das convenções da época, pelo que acredita e ama. E de certa forma representa todas nós, mulheres que ousam correr atrás dos seus sonhos.
Outra coisa legal é que a trama foge do que normalmente encontramos nos livros do gênero: ao invés dos salões londrinos, estamos no interior e em uma casa de campo. Isso traz para a história uma rotina de trabalho com cavalos, chás da tarde em meio à natureza, convidados que vem e vão, e uma região que abriga vários nobres falidos. Um bônus também é a presença de Lady Danbury, personagem que encontramos em praticamente todos os livros da Julia Quinn. Mas dessa vez a senhora, determinada e destemida com sua bengala, não só participa como rouba a cena durante todo o livro. James, nosso marquês, é sobrinho da lady e Elizabeth trabalha para ela. Assim, Lady Danbury é um ponto importante na relação que esses dois constroem – e uma personagem que garante várias risadas.
O romance é fofo e contagiante, apesar de bem previsível. Foi uma leitura que me prendeu do começo ao fim, que me fez dar altas gargalhadas, e que me deixou com um sorriso bobo no rosto. Além disso, me surpreendi com a releitura e como ela trouxe várias cenas novas. Li a obra pela primeira vez em romance de banca e, infelizmente, percebi que a edição antiga cortou várias cenas e capítulos importantes. O lado bom é que pude amar ainda mais a leitura e o livro. Sério, acho que ele entra para um dos meus livros favoritos escritos pela Julia!
Se você não leu nada da autora, recomendo começar por esse e por seu parceiro: Como agarrar uma Herdeira. Tenho certeza que vão se surpreender.
Sobre a Série
Como se casar com um Marquês é o segundo volume da duologia Agentes da Coroa. A saga é composta por dois livros e cada um narra à história de um casal diferente. Contudo, os protagonistas masculinos são grandes amigos – ambos trabalham para a Coroa – e suas jornadas estão interligadas.
Beijos!
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